Artesãos do Amazonas ganham registro industrial para produtos oriundos da floresta amazônica

Produtos do Jirau da Amazônia são um exemplo do potencial bioeconômico da floresta amazônica e demostram que ela vale muito mais em pé, do que deitada (Reprodução /FAS)

Mencius Melo – da Revista Cenarium

MANAUS – O projeto Jirau da Amazônia, lançado em 2019 pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e que reúne a produção artesanal de mais de 230 artesãos amazônidas, entra em uma nova fase. O Jirau agora possui registro no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), o que garante proteção jurídica e comercial contra a pirataria, por exemplo, ou exploração não autorizada por terceiros.

A marca Jirau da Amazônia possui mais de 400 itens à venda na plataforma de e-commerce da Americanas.com (Reprodução/FAS)

A medida, que é um ganho para os profissionais, abre caminho para a conquista de um futuro ‘selo verde’ de produto ambientalmente correto com origem na sustentabilidade amazônica.

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“É uma grande conquista que vai garantir a utilização com exclusividade da marca, tendo todas as proteções cabíveis de mercado. É um passo importantíssimo na inovação e sedimentação da marca Jirau da Amazônia”, comemorou Wildney Mourão, coordenador de Empreendedorismo e Negócios Sustentáveis da FAS.

Segundo ele, o projeto Jirau da Amazônia é uma iniciativa cujo conceito está voltado para o e-commerce (comércio digital), por isso a parceria da americanas.com é fundamental para o crescimento da ideia. “O Jirau é uma franquia social, ou seja, é um espaço comercial democrático estruturado para conectar os artesãos da Amazônia e levar seus produtos para todo o Brasil”, explicou.

Ativos da floresta

O coordenador considera o Jirau mais que uma questão puramente econômica. “O Jirau é uma conexão com a floresta, ele tem a finalidade de valorizar os ativos da Amazônia, suas histórias, seus produtos, as pessoas e tudo o que podemos agregar em matéria de conceito e valor. É algo muito mais importante do que apenas o preço”, valorizou.

Cestarias e outros itens artesanais, demostram o talento dos artistas e o valor agregado das peças do Jirau da Amazônia (Reproduçã/FAS)

Wildney adiantou ainda, que apesar da origem artesanal, o projeto já se volta para a ampliação no leque de ofertas. “Estamos preparando o ‘Jirau 2.0’ com a inclusão de produtos orgânicos como bebidas regionais e alimentos com saudabilidade obedecendo, claro, os padrões exigidos pelo mercado consumidor e pretendemos lançar novos produtos ainda no dia 5 de setembro, que é o Dia Nacional da Amazônia”, adiantou.

Ainda segundo Wildney Mourão, a pandemia veio para testar o aprendizado dentro do e-commerce. “Quando a pandemia chegou, estávamos em uma curva de aprendizado sobre como lidar dentro do mercado digital e isso facilitou de certa forma, a desenvoltura comercial, o que nos leva a pensar na ampliação para o ‘2.0’”, avaliou.

Rede de conexão de produtos

Com o propósito de criar uma rede de conexão de produtos da floresta, o Jirau pode se tornar um ‘grande celeiro’ chancelado por um selo, que viria para valorar ainda mais a marca. “Estamos pensando em modelar um selo onde possamos abarcar outros produtos e transformar o Jirau em uma grande rede de produtos da sócio-biodiversidade amazônica, revelou.

A rica fauna amazônica é uma das fontes de inspiração dos artesãos que fazem parte do projeto Jirau da Amazônia (Reprodução/FAS)

À REVISTA CENARIUM, o coordenador informou alguns números extraídos da experiência de um ano do Jirau da Amazônia. “Vendemos R$ 50 mil em produtos para 20 Estados brasileiros, o que é muito bom dentro do mercado sustentável”, avaliou.

Wildney ainda apontou outros números. “Nosso consumidor é 85% do sul e sudeste e compra em média R$ 200 em produtos do nosso portfólio de 450 itens”, informou.

Questionando sobre qual a posição da FAS diante do debate sobre a reforma tributária e o Polo Industrial de Manaus (PIM), Wildney Mourão foi enfático. “Claro que o PIM é fundamental na região, mas, podemos aumentar esse PIB com ativos da floresta e nesse ponto a FAS se posiciona a favor da bioeconomia. Temos que olhar melhor para o nosso quintal que é extremamente rico”, finalizou.

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