Ao eleger para a próxima legislatura (2023-2026) no Congresso Nacional metade de seus representantes “bolsonaristas”, o eleitorado da Amazônia seguiu a tendência brasileira, mas essencialmente “sulista”, de polarização política, tendo desafios que, de longe, assemelham-se aos dos habitantes do Sul e Sudeste do País, principalmente, nos campos da economia, meio ambiente e infraestrutura.
O consciente eleitoral de metade dos amazônidas desconsiderou a sua realidade geopolítica – relação entre os processos políticos e as características geográficas. Notou-se que 50% dos eleitores da Amazônia Legal decidiu por representantes, baseando-se em uma pretensa ideologia de base conservadora, cuja matriz é formada por dogmas religiosos em detrimento da realidade cultural e socioeconômica.
Exemplo é o resultado excêntrico de escolhas do Amazonas que, igual a São Paulo, decidiu por uma bancada na Câmara Federal formada, em sua grande parte, por deputados “bolsonaristas”, de diretrizes de mandato voltadas, veladamente, ao desmonte da Zona Franca de Manaus (ZFM), que mantém 70% da arrecadação do Estado amazonense.
A divergência de interesses econômicos acompanha o ambiental e existencial: São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, por exemplo, não têm a metade das florestas e povos indígenas que possuem Amazonas e Roraima juntos, mas se combinaram na composição de parlamentares no Congresso com linhas ideológicas favoráveis ao estilo “Ricardo Salles” de “passar a boiada”.
Considerando, ainda, as realidades discrepantes de desafios das demandas do Norte e do Sul temos o setor de infraestrutura, como o caso da finalização da obra da BR-319, que liga o Amazonas ao restante do Brasil e está interditada, há 34 anos. O “governo da Pátria” não conseguiu alterar essa história nos últimos quatro anos, mantendo o Estado em isolamento.
Enquanto a Amazônia pensar com a mente sulista, esquecendo-se de sua ancestralidade e do seu maior patrimônio – as florestas – continuará se apresentando ao Brasil como “uma colônia” do Sul e, igual como ocorre na moda, vestirá as roupas de inverno dos paulistas, mas sofrerá por dentro pela sua contumaz autonegação.
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