Artigo: O legado de Chadwick Boseman

O ator e ativista marcou a luta antirracista com o gesto do herói de braços cruzados e punhos cerrados. (Reprodução/Internet)

Náferson Cruz – Da Revista Cenarium*

Wakanda – nome dado ao fictício reino africano no filme Pantera Negra, amanheceu em luto pela morte de seu príncipe. Chadwick Boseman, o astro do filme, morreu na noite de sexta-feira, 28, aos 43 anos, após uma batalha de quatro anos contra o câncer de cólon.

O ator, diretor e roteirista, cujo trabalho celebrou negros norte-americanos pioneiros em suas áreas e sua cultura, deixou um admirável legado aos amantes da arte cinematográfica e na luta pela igualdade racial.

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Antes de adentrar glorioso no Universo Marvel, criando o super-herói negro, destacou-se por seus retratos de personagens reais. Foi Jackie Robinson em 42, James Brown em Get on Up e Thurgood Marshall em Marshall. Também interpretou heróis do cotidiano como o astro do beisebol Robinson e o cantor, compositor e produtor musical James Brown, além da sua aventura solo como Pantera Negra, que marcou a luta antirracista com o gesto dos braços cruzados e punhos cerrados.

Boseman nos deixou num momento crítico. A morte brutal de George Floyde desencadeou uma avalanche de protestos que reverberou pelos EUA e o mundo. Esta semana, em Kenosha, no Wisconsin, Centro-Oeste americano, outro negro, Jacobe Blake, foi alvejado com sete tiros de um policial pelas costas. Sobreviveu, mas corre o risco de ficar tetraplégico.

Atualmente, os EUA estão mergulhados em ascendentes protestos raciais semelhantes aos movimentos por direitos civis, nos anos 1960. I can’t breathe, Black lives matter (Eu não posso respirar, vidas negras importam).
Boseman morreu em casa, no momento em que as ruas são tomadas pela comoção e marcadas por intensa discriminação racial.

Nesse viés, Boseman foi um exemplo de trabalho dedicado, com uma garra impressionante como ser humano, muito mais luminoso do que o personagem de blockbuster que o tornou famoso. Tipo aquela pessoa que valoriza até o que nem tinha tanto valor assim. É de fato uma tremenda lástima que ele tenha sido colhido por uma doença tão impiedosa.
“Vidas negras importam”. A de Chadwick Boseman, infelizmente, se foi cedo demais.

(*) Náferson Cruz é jornalista e escritor, membro da Academia de Letras e Culturas da Amazônia

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