Artista indígena vende quadros e faz ‘vaquinha’ para ajudar aldeia na pandemia: ‘Não queria mais perder ninguém’
05 de dezembro de 2020

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium
MANAUS – O artesão e pintor de quadros indígenas, Kayamuari Kamaiura, de 39 anos, é conhecido popularmente como Wally Amarü e busca, por meio da arte, o sustento da família e dos moradores da aldeia Amarü, que ficou isolada e sofreu os impactados causados pela pandemia da Covid-19.
A comunidade Amarü, cujo nome significa “lagoa sagrada”, está localizada no Parque Nacional Xingu, no Estado de Mato Grosso. Atualmente, cerca de 53 pessoas vivem na região, tendo como principal renda econômica a venda do artesanato dos moradores.
Em entrevista à REVISTA CENARIUM, o artista contou que, além de pintar quadros para vender, também está buscando outras fontes de renda para ajudar a comunidade. Para isso, com a ajuda de amigos, criou uma vaquinha online para conseguir recursos.

O indígena, que também é artesão de colares, pulseiras, cordões, começou a pintar em 2018 para mostrar a arte da aldeia com pinturas tradicionais. Mas por um período, ficou sem desenhar para construir ocas em São Paulo e em Brasília.
Mudança de planos
Em 2020, o novo Coronavírus mudou os planos da comunidade e viu a necessidade de pedir ajuda por conta da falta de medicamentos. A dificuldade enfrentada pela aldeia foi motivo de inspiração para o artista indígena, que perdeu a mãe e o cunhado para a Covid-19.
“Perdi meu cunhado primeiro e depois perdi minha mãe. Isso me fez pensar muito o que eu poderia fazer para ajudar, porque não queria mais perder ninguém”, revelou.

“Na aldeia, estava muito difícil sem medicamentos para tratamento da Covid-19 e pensei: ‘por que não pinto mais e vendo para ajudar minha família e minha comunidade?’. Aí comecei a pintar muitas telas e divulgar no meu Instagram e no Facebook também”, continuou.
Superação
Kayamuari Kamaiura disse ainda que também foi infectado pela Covid-19, mas venceu. No entanto, enquanto esteve doente, a situação da comunidade onde vive, começou a ficar ainda mais difícil. Ele afirma que mesmo diagnosticado com o vírus, continuou pintando para vender após recuperação.

“Não podia parar de pintar, porque a situação estava muito difícil. Tudo o que aconteceu com comigo e com a minha família me inspirou totalmente, e até hoje continuo pintando muitas telas. Espero vender mais para conseguir ainda mais ajuda”, finalizou.
Apoio
Os interessados em adquirir quadros do artista Kayamuari Kamaiura podem entrar em contato com o pintor, por meio dos números (61) 98257-4719 ou (66) 98114-9122. Para acessar a vaquinha e ajudar a comunidade indígena, clique aqui.