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Atentado racista gera protestos nos EUA; governadora de Buffalo fala em controle de armas
Byron Brown, prefeito de Buffalo, disse que o atirador está sob custódia, sem direito à fiança (Foto: Brendan McDermid/REUTERS)
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15 de maio de 2022
Com informações do Estadão
ESTADOS UNIDOS – Um dia depois de um atirador matar 10 pessoas em um supermercado em Buffalo, nos Estados Unidos, cerca de 200 pessoas foram às ruas da cidade para pressionar as autoridades a tomar providências contra os crimes racistas no País. Em paralelo, a governadora do Estado de Nova York, onde Buffalo é localizada, pediu que haja uma discussão sobre a “combinação letal” do discurso de ódio com a abundância de armas.
A governadora, Kathy Hochul, alertou que a arma utilizada no ataque foi comprada, legalmente, em Nova York, ao contrário da munição, e chamou atenção para a facilidade do acesso e transporte de armas entre Estados. O atirador, Payton S. Gendron, tem apenas 18 anos. “Temos um acesso selvagem e sem restrições a armas. Precisamos de leis nacionais para lidar com isso”, disse.
Hochul acrescentou que a facilidade do acesso se une em uma “combinação letal” com o discurso de ódio e supremacista branca que circula nas redes sociais. Ela pediu que as empresas de tecnologia reavaliem suas plataformas para restringir esse tipo de conteúdo. “Essas ideias que resultam na radicalização de um jovem sentado em casa são profundamente assustadoras”, declarou. “E é algo que precisa ser discutido”.
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O ataque foi transmitido online pela Twitch, plataforma de transmissão de videogames. A empresa afirmou que retirou o canal dele do ar dois minutos depois do início das cenas de violência na transmissão e, em seguida, o bloqueou.
Nas ruas, protestantes pediram medidas contra os crimes de ódio e membros da igreja realizaram uma vigília na frente do supermercado onde o ataque ocorreu. Hochul foi até o local e prometeu pressionar por mudanças para evitar novos massacres em Nova York. “Devemos fazer algo sobre isso, não vamos apenas chamar atenção”, declarou.
“Nossos irmãos e irmãs brancos também precisam estar de pé, nas igrejas, em todo este Estado, em toda esta nação. Porque um ataque a um de nós é um ataque a todos nós”, acrescentou.
O prefeito de Buffalo, Byron Brown, também pediu que os controles sobre armas e discursos de ódio sejam mais rigorosos. “Temos que pressionar mais os legisladores, em Washington, que foram contra o controle sensato de armas, para reformar a maneira como elas podem proliferar e cair em mãos erradas”, disse.
Investigadores afirmam que racismo motivou ataque
As autoridades acreditam que o crime deste sábado teve motivação racial. Entre as 13 vítimas, 11 eram negras e duas eram brancas, informou a polícia.
O supermercado fica em um bairro, predominantemente, negro, cerca de 5km ao norte do Centro de Buffalo, que tem 255 mil habitantes e é a segunda cidade mais populosa do Estado de Nova York. Além disso, autoridades policiais investigam a publicação de um manifesto racista, na internet, por parte do atirador, um jovem branco de 18 anos que é de fora da cidade.
A área ao redor é, principalmente, residencial. “Este foi um crime de ódio com motivação racial direta”, disse John Garcia, xerife do condado de Eerie, onde fica Buffalo. “Isso foi pura maldade”.
Histórico de ataques a tiros nos EUA
De acordo com a organização Gun Violence Archive, este foi o 159° ataque a tiros nos Estados Unidos, em 2022, e o atentado com o maior número de vítimas, este ano, no País. No dia anterior ao ataque, a polícia de Dallas afirmou que estava investigando uma série de tiroteios, em Koreatown, como crimes de ódio.
O massacre deste sábado causou ondas de choque em uma nação instável dominada por tensões raciais, violência armada e uma série de crimes de ódio.
Segundo o que um dos investigadores informou à Associated Press, a polícia investiga se o atirador de Buffalo havia postado um manifesto online em que são descritas crenças racistas, anti-imigrantes e antissemitas, incluindo o desejo de expulsar, dos Estados Unidos, todas as pessoas não descendentes de europeus. Ele teria se inspirado no atirador que matou 51 pessoas em duas mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, em 2019.
Os Estados Unidos registraram outros massacres recentes com motivações racistas. Em 2019, mais de 20 pessoas foram mortas em Walmart, El Paso, no qual o atirador expressou ódio aos latinos; no ano anterior, um ataque antissemita foi feito em uma sinagoga de Pittsburg, em 2018, e deixou 11 mortos. Em 2015, nove paroquianos negros morreram assassinados em Charleston.
O ataque
Payton S. Gendron chegou fortemente armado e usando equipamento tático e colete à prova de balas em uma loja da rede de supermercado Tops Friendly Markets. Segundo as autoridades, ele saiu de seu carro e atirou em quatro pessoas, no estacionamento, matando três delas. Em seguida, entrou na loja e continuou atirando.
Um segurança do supermercado, identificado como Aaron Salter Jr., disparou várias vezes contra Gendron para tentar impedir o ataque, mas os tiros atingiram o colete de balas. Gendron revidou e o matou. Salter, ex-policial aposentado de Buffalo, é uma das vítimas.
O comissário de polícia de Buffalo, Joseph Gramaglia, disse que a atitude do segurança salvou algumas vidas. A polícia chegou logo depois, ao supermercado, e rendeu Gendron. Ele chegou a colocar a arma no pescoço, ameaçando se matar, mas foi convencido pelos policiais a se entregar.
Byron Brown, prefeito de Buffalo, disse que o atirador está sob custódia, sem direito à fiança. “O atirador não era desta comunidade, e viajou por horas, até aqui, para cometer este crime contra nosso povo”.
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