Atividade econômica sofre queda em outubro; produção industrial cresce, mas não compensa recuo anterior
14 de dezembro de 2022
Fabricação de semi-reboque tanque de combustível. (Foto: Miguel Angelo)
Da Revista Cenarium*
SÃO PAULO – A economia do Brasil iniciou o quarto trimestre com fraqueza em outubro, indicam dados do Banco Central, divulgados hoje (14), sinalizando acomodação da atividade neste fim de ano.
O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) registrou recuo de 0,05% em outubro na comparação com setembro, mostrou o dado dessazonalizado do indicador, que é um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB – a soma de todas as riquezas produzidas no país).
O resultado ficou bem aquém da expectativa em pesquisa da agência de notícias Reuters de alta de 0,50% e mostra que o índice não registra uma taxa positiva mensal desde julho.
Calculadora (Marcelo Casal Jr/Agência BRasil)
O quarto trimestre deve ser marcado pelos impactos defasados do forte aperto monetário promovido pelo Banco Central para combater a inflação elevada e pela iminência de uma recessão global.
Assim, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, assumirá como presidente em janeiro diante de um pano de fundo de esperada desaceleração da economia, com o qual o seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, terá de lidar, informa a Reuters.
Estagnação
O BC ainda piorou o resultado do IBC-Br de setembro para uma estagnação, de um avanço informado antes de 0,05%. Em agosto, o índice teve queda de 1,13%
Na comparação com outubro do ano anterior, o IBC-Br teve alta de 3,68%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um avanço de 3,13%, de acordo com números anunciados.
O Produto Interno Bruto do Brasil perdeu mais força do que o esperado no terceiro trimestre do ano e cresceu 0,4%, segundo dados divulgados pelo IBGE no início do mês.
Mas, ainda assim, marcou o maior patamar da série histórica, com início em 1996, impulsionado mais uma vez pelo setor de serviços em meio a uma demanda ainda robusta por parte das famílias.
Em outubro, o destaque foi a queda de 0,6% no volume de serviços, interrompendo série de cinco meses de alta e acendendo sinal de alerta.
A produção industrial brasileira cresceu 0,3% no mês, mas o resultado não compensou o recuo dos dois meses anteriores. O destaque positivo foi o varejo, com aumento das vendas pelo terceiro mês seguido, de 0,4% em outubro.
“Na nossa avaliação, a perda de dinamismo de todos os grandes segmentos reflete os efeitos da política monetária contracionista sobre a economia brasileira. Acreditamos que esta tendência deve continuar sendo observada nos próximos meses, haja vista o encarecimento do custo de acesso ao crédito e da elevação do nível de inadimplência em um contexto de elevação das incertezas em torno da condução da pauta econômica durante o próximo governo” disse a empresa Genial Investimentos, em nota.
Medidas de auxílio
Neste final de ano, favorecem a economia a melhora do mercado de trabalho e medidas de auxílio do governo adotadas mais cedo. Mas, enquanto a política fiscal foi mais expansionista, a monetária busca arrefecer a economia com juros elevados, atualmente em 13,75% ao ano.
“Por um lado, os estímulos fiscais e a sazonalidade de final do ano devem prover fôlego para a atividade econômica no curto prazo. Por outro lado, a manutenção da taxa de juros em patamar elevado e o aumento das incertezas em torno do novo governo eleito devem pressionar a economia”, disse Felipe Sichel, sócio e economista-chefe do Banco Modal.
Ele manteve projeção de crescimento do PIB de 3,2% para 2022, mas acrescentou agora viés baixista.
O Banco Central ainda vem dando recados ao governo eleito, dizendo que há elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país.
O Ministério da Economia prevê crescimento da atividade econômica neste ano de 2,7%, indo a 2,1% em 2023, enquanto o mercado calcula expansão de 3,05 e 0,75%.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.