Ativista ameaçado de morte em Belém envia áudio e pede proteção no AM
Por: Ana Pastana
18 de maio de 2025
MANAUS (AM) – Após mais de 10 dias desaparecido, o ativista ambiental Pedro Paulo de Moraes Lima, 61 anos, enviou um áudio ao Portal Info Revolução, nesse sábado, 17. Pedro é diretor da ONG Guardiões e Amigos do Parque Ecológico (Gape) e não era visto desde o dia 6 de maio. Na gravação, ele disse estar sofrendo ameaças no Pará e buscou refúgio no Amazonas.
No áudio, Pedro confirma sua identidade e diz estar refugiado no Amazonas. Ele pede proteção ao governo do Estado e à Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Amazonas (OAB-AM). O ativista ainda acusa o advogado Thiago José Souza dos Santos, chamado de “Carcaça”, um homem chamado Renato e outros indivíduos, por agressão física e ameaças.
“Meu nome é Pedro Paulo de Moras Lima, sou ativista e defensor do GAP, Guardiões Amigos de Parques Ecológico. Estou hoje refugiado político ambiental no Estado do Amazonas, no qual, estou aqui para pedir garantia de vida própria ao governo local e à Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, OAB Amazonas, em virtude de ter sido agredido fisicamente e ameaçado de morte pelo advogado Tiago, vulgo Carcaça e outros, Renato e um desconhecido aparentando miliciano armado e por uma viatura do 27º Batalhão da Polícia Militar do Estado do Pará”, diz ele.
Pedro Paulo diz ainda, na gravação, que ficará escondido até que seja garantida sua integridade física. “Me manterei em endereço oculto até que eu possa realmente ter a certeza de minha integridade física e moral, e o meu breve retorno seguro ao meu Estado de nascimento“, consta no áudio enviado ao portal de notícias Info Revolução.
Ouça o áudio:
A CENARIUM entrou em contato com a OAB-AM e com o governo do Estado para solicitar posicionamento referente aos pedidos de proteção feito por Pedro Paulo, e aguarda o retorno.
Versão do advogado
Procurado pela CENARIUM, o advogado Thiago José Souza dos Santos negou qualquer envolvimento com o desaparecimento de Pedro Paulo e também rejeitou as acusações feitas contra ele. Em nota, declarou:
“Primeiramente, afirmo que não tenho qualquer problema pessoal ou profissional com o Sr. Pedro Paulo e que jamais fui envolvido com venda irregular de terras públicas, tampouco levanto essa bandeira.
A bem da verdade, trata-se de um revanchismo e ‘dor de cotovelo’ de uma organização denominada de GAPE, principalmente porque, na qualidade de advogado, já atuei em diversos processos, os quais inclusive foram condenados, tanto pela justiça criminal, quanto pela justiça cível.
E, mais recentemente, levei ao conhecimento das autoridades competentes irregularidades ocorridas por pessoas ligadas a essa organização, tal como o recebimento de dinheiro diretamente em suas contas bancárias pelos aluguéis de bens imóveis pertencentes à Associação Sócio Cultural Bela Vista.
Portanto, tais ‘acusações’ não passam de um ataque desse grupo de odiosos à minha pessoa e às minhas prerrogativas de advogado, que, quando insatisfeitos com decisões desfavoráveis, socorrem-se covardemente das redes sociais para atacar parlamentares, delegados, juízes, promotores, policiais militares e advogados.
No mais, sigo tranquilo e em paz, exercendo a advocacia com a coragem de sempre”.
Desaparecimento
Paulo estava desaparecido após uma sequência de episódios envolvendo agressões físicas, denúncias contra venda irregular de terras e relatos de intimidações. As informações foram registradas em um Boletim de Ocorrência (BO) feito por Rosemary Pereira de Oliveira, da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Pará (OAB-PA).
Segundo o relato, Pedro Paulo foi agredido no dia 3 de maio por três moradores do Conjunto Bela Vista, onde atuava como diretor de uma associação socioambiental. Um dos agressores foi identificado como Thiago José Souza dos Santos, advogado. Segundo informou à reportagem o coordenador do Gape, Flávio Trindade, Thiago fez parte de uma diretoria envolvida na possível venda clandestina de áreas de preservação ambiental.

Na tarde da agressão, Paulo passou mal e, após atendimento médico, foi levado para casa por colegas da ONG. No dia seguinte, ele voltou a se sentir mal, desta vez em um ônibus, e foi encaminhado ao Hospital Metropolitano pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). À noite, participou de uma reunião com militantes do Gape, mas não quis participar da tradicional live (transmissão ao vivo por meio de alguma plataforma digital) semanal do grupo.
Na manhã de 6 de maio, um motorista de aplicativo e amigo próximo de Paulo foi até a casa do ativista para levá-lo a uma consulta médica, mas não o encontrou. Ao usar uma chave reserva e entrar na residência, encontrou um bilhete com os dizeres: “Estou sendo ameaçado de morte”, assinado por “Paulo Lima”. Essa foi a última vez que tiveram informações do paradeiro do ativista ambiental até a tarde desse sábado, 17.
