Ativistas LGBTQIA+ criticam escola no AM que pediu proteção dos jovens contra homossexualidade: ‘apologia preconceituosa’

Fachada do Instituto Batista Ida Nelson (Ibin) com a frase que causou polêmica. (Arte: Guilherme Oliveira/Revista Cenarium)
Karol Rocha – Da Revista Cenarium

MANAUS (AM) – Uma campanha intitulada “30 Dias de Oração pelo Brasil” e amplamente divulgada nessa quinta-feira, 25, pelo Instituto Batista Ida Nelson (Ibin), que sugeria que se fizesse uma oração de proteção para que jovens “não sejam presas fáceis do homossexualismo”, repercutiu entre ativistas que lutam pelos direitos do público LGBTQIA+.  Pela visão de representantes de associações amazonenses que atuam na promoção de direitos contra o preconceito e violência de grupos e variações de sexualidade e gênero, a instituição agiu com discriminação, ao inserir a questão como uma problemática.

“Isso é uma apologia preconceituosa que pesa muito em nossa sociedade. São pais que não sabem lidar com a questão sexual de seus filhos. Se dentro de um colégio tão respeitado se prega esse preconceito velado, imagine como nós vamos criar os nossos jovens, com que cabeça? Na qual eles optam por se esconder?”, questiona a membra da Comissão Especial Mista de Diversidade Sexual e de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Amazonas (OAB-AM), Raquel Natalina.

A campanha do Instituto Batista Ida Nelson (Ibin) contém 14 pontos e um deles é que os filhos “não sejam presas fáceis do homossexualismo devido à militância ideológica de nossos dias”. A campanha do colégio foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, na noite desta quinta-feira, 25. Após a repercussão, os 14 pontos destacados foram retirados do site oficial da escola.

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Para a membra da Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Estado do Amazonas (Assotram), Michele Pires Lima, a inclusão de oração discriminatória é grave e demonstra um senso de ignorância por parte de uma parcela da sociedade.

“A gente observa que há um processo de ignorância e um processo de obscurantismo sobre a homossexualidade, sobre a população LGBTQIA+, em geral, em ainda reduzir a identidade de gênero a patologias. Precisamos lembrar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, em maio de 1990”, relembra.

(Reprodução/Twitter)

Sexualidade X Religião

O pároco da Paróquia de São Sebastião de Manaus, frei Paulo Xavier Ribeiro, conta que a sexualidade deve ser amplamente discutida, seja em qual for a religião.

“Colocar situações específicas que não legitimam o livre-arbítrio das pessoas, isso não faz parte da proposta de Jesus que é da liberdade do conhecimento da verdade e do poder da pessoa mesmo discernir”, destacou.  “A educação cristã dentro desse itinerário da vida católica, nós temos respeitado isso. Claro que o assunto é polêmico, mas é irreversível, nós precisamos discutir”.

(Reprodução/Twitter)
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