Atleta indígena pode perder competição no Havaí após ter visto americano negado

A atleta de canoagem Nanda Baniwa (Reprodução/Redes Sociais)
Raisa Araújo – Da Revista Cenarium

BELÉM (PA) – A atleta indígena de canoagem Nanda Baniwa, de 20 anos, pode deixar de participar do Campeonato Mundial de Canoa Havaiana, no Havaí, em agosto de 2024, após ter o visto negado pelo consulado americano. Ela é atleta de canoa Polinésia Va’a, nome genérico dado à embarcação de origem polinésia que possui um segundo casco, o qual serve de estabilizador.

Os atletas que desejam participar de eventos esportivos internacionais nos Estados Unidos precisam obter o visto P1, uma modalidade de visto temporário especializado, concedido a atletas e artistas de destaque internacional, e que permite que esses competidores visitem os Estados Unidos para participar de competições atléticas de alto nível ou eventos artísticos reconhecidos internacionalmente.

Nanda solicitou o visto B1/B2, destinado a negócios, o que pode ter afetado a aprovação. À REVISTA CENARIUM, a atleta disse que não teve orientação necessária da Confederação Brasileira de Va’a.

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Foto: Reprodução/Redes Sociais
Nanda Baniwa é atleta da canoagem Va’a e treina no Pará (Reprodução/Redes Sociais)

“Com apoio de alguns padrinhos do projeto, pagamos uma despachante que nos auxiliou em tudo. A Confederação apenas nos enviou uma carta de convocação para levarmos e apresentarmos na hora da entrevista”, afirmou a indígena Baniwa.

Suporte à atleta

A Confederação Brasileira de Va’a (CBVAA), em nota, explicou que orienta e presta toda a assistência aos atletas classificados para o Campeonato Mundial de Sprint 2024, em Hilo, no Havaí, desde a realização da prova classificatória, em outubro de 2023.

“Até o momento, emitimos para 101 atletas o documento oficial que informa que o atleta convocado está classificado e regular com a CBVA’A para participar do campeonato. No caso da atleta Fernanda Fidelis, o mesmo documento foi emitido em menos de 24h após a solicitação. Reforçamos que os documentos para viagem e entrada no País, como o visto, não são de responsabilidade da confederação e não temos gerência sob o aceite de visto americano”, diz trecho da nota.

A Embaixada dos EUA foi procurada pela reportagem da CENARIUM e informou que a Lei de Privacidade dos Estados Unidos os impede de revelar informações sobre casos específicos de visto.

Canoa Polinésia

Nanda é de origem Baniwa, de uma comunidade indígena que faz fronteira entre o Amazonas e a Colômbia. Ela compõe o time de atletas Marear Canoagem, no espaço Náutico Marine Club, em Belém do Pará, onde vive atualmente e pratica os seus treinos Rio Guamá, importante rio da Amazônia.

A atleta faz parte da equipe de canoagem do Rio de Janeiro, chamada Esquilo Esporte, mas treina no Pará com o apoio da equipe Marear, que trabalha com o projeto Koru voltado para jovens talentos do esporte. 

“O meu treinador [do Rio de Janeiro] me passa os treinos periodicamente para eu aplicar aqui no rio [Guamá], onde treino. Os treinos são de segunda a sábado e o Ricardo Boto é o dono da empresa, que me acompanha nos treinos e me dá apoio”, explicou Nanda. 

Ganhando cada vez mais popularidade no Pará, esse esporte utiliza uma canoa de estilo polinésio, especialmente popular no Taiti, onde ocorrem diversos campeonatos anualmente. Nanda, que competiu lá em 2023, já acumula mais de dez títulos na modalidade. Ela deve participar do Mundial em agosto deste ano, no Havaí, na categoria coletiva Open Feminina 1500 metros, onde seis pessoas conduzem a canoa.

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Editado por Adrisa De Góes
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