Ato com globo inflável coberto de petróleo marca protesto na ‘zona azul’ da COP30


Por: Fabyo Cruz

23 de julho de 2025
Ato com globo inflável coberto de petróleo marca protesto na ‘zona azul’ da COP30
Protesto em frente espaço que será a “zona azul” da COP30 (Foto: Sandro Barbosa/Imagem cedida à CENARIUM)

BELÉM (PA) – Um globo inflável representando a Terra coberta por uma mancha preta de petróleo foi o símbolo escolhido por movimentos sociais e organizações da Amazônia para protestar, nesta quarta-feira, 23, em frente ao Hangar Centro de Convenções, em Belém (PA). O espaço será sede da “zona azul” da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) – área reservada a delegações oficiais e negociadores credenciados pela ONU durante a conferência climática marcada para novembro.

O ato reuniu mais de dez organizações indígenas, quilombolas, extrativistas, pescadoras e ribeirinhas, incluindo a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS). Além do protesto visual com o globo inflável, os manifestantes denunciaram a exclusão de povos tradicionais dos espaços centrais de decisão da COP e criticaram a exploração de petróleo e gás na região.

A exploração do pretóleo na Amazônia foi lembrada pelos manifestantes (Sandro Barbosa/Imagem cedida à CENARIUM)

À CENARIUM, a coordenadora da Rede de Trabalho Amazônico (GTA), Sila Mesquita Apurinã, disse que o protesto marca o início de uma agenda de incidência política. “Esse globo representa o planeta e essa marcha preta é o petróleo que está sendo explorado na Amazônia. Queremos que essa COP seja a da maior participação social. Fora petróleo!”, afirmou. Ela destacou a presença de pescadores do Arquipélago do Marajó, no Pará, e de outras comunidades atingidas por projetos de exploração que vieram até a capital paraense para exigir voz nos debates climáticos.

O coordenador-geral da Coiab, Toya Manchineri, reforçou à reportagem a necessidade de reconhecimento dos territórios tradicionais como política climática. “Nós não queremos participar apenas como ouvintes, mas com poder real de decisão. A demarcação das terras indígenas deve estar no documento final da COP30”, declarou.

Reforma agrária, demarcação de territórios e transição energética justa foram temas do protesto (Sandro Barbosa/Imagem cedida à CENARIUM)

Durante o protesto, os movimentos lançaram a Declaração do Mutirão dos Povos da Amazônia para a COP30: A Resposta Somos Nós. O documento denuncia o avanço do que chamam de “neocolonialismo da economia da destruição” e exige que os povos da Amazônia tenham presença efetiva e poder real nas decisões da conferência. A carta também critica a financeirização da natureza e cobra o fim da exploração predatória na região.

Entre as exigências do documento estão: reforma agrária, demarcação de territórios, desintrusão de áreas invadidas, transição energética justa, financiamento direto às comunidades e proteção a defensores ambientais. “Sem os povos, a floresta morre”, afirma um trecho. A declaração também rejeita soluções baseadas no mercado e cobra a soberania alimentar e energética dos povos amazônicos.

A carta é assinada por diversas organizações, como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, a Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Pará, a Federação dos Povos Indígenas do Pará, o Movimento dos Atingidos por Barragens, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, o Movimento dos Pequenos Agricultores, o Movimento pela Soberania Popular na Mineração, a Rede Eclesial Pan-Amazônica – Brasil, o Grupo de Trabalho Amazônico e a Associação Kranh Meiti.

Leia mais: Povos tradicionais da Amazônia articulam exigências para a COP30 em Belém
Editado por Adrisa De Góes

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