Atos golpistas foram o ápice da descrença na política, afirma Lula em discurso no STF
01 de fevereiro de 2023

Da Revista Cenarium*
BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quarta-feira, 1º, que a escalada golpista no País, que culminou com os ataques à sede dos Três Poderes, em 8 de janeiro, é resultado da descrença na política.
A declaração foi dada durante a cerimônia de abertura do ano Judiciário no STF (Supremo Tribunal Federal). Em seu discurso, o petista também elogiou os ministros da corte, falou em decisões corajosas e no restabelecimento da harmonia entre os Poderes, em uma referência velada ao seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).
“Nunca mais alguém deve ousar duvidar da política desse país ou desacreditar na política. O que aconteceu nesse país foi resultado da descrença da política pelo povo brasileiro“, disse Lula, no trecho final de seu discurso. “Em todos os lugares, o que temos que ter consciência é que pode-se não gostar do Congresso Nacional, mas ele é resultado da quantidade de informações e do humor no dia da votação.“
“Portanto temos que respeitar e só mudar quatro anos depois, quando tiver uma próxima eleição, assim que a gente vai sustentar definitivamente a democracia mais longíqua que conseguimos conquistar na republica federativa do Brasil“, completou.
Democracia inabalável
A corte retoma suas atividades após a destruição do seu prédio principal por golpistas que apoiam o ex-presidente Bolsonaro. Em 8 de janeiro, as sedes dos três Poderes foram invadidas e depredadas, o que gerou uma forte reação das instituições em defesa da democracia.

Pouco antes de seu discurso, a presidente da corte, ministra Rosa Weber, fez uma fala com críticas aos ataques golpistas, disse que os responsáveis pela violência serão responsabilizados e reforçou que a democracia contina inabalável.
“Os que a conceberam [a violência do dia 8 de janeiro], praticaram, a insuflaram e os que as financiaram serão responsabilizados com o rigor da lei“, disse a ministra. O gesto de Lula ao Judiciário também ocorre após quatro anos de relações estremecidas entre os Poderes, em especial o Executivo e o STF. Durante sua gestão, Bolsonaro incentivou golpismo, xingou ministros e ameaçou descumprir decisões judiciais.