Atraso e ‘abstinência’: pane de aplicativos interfere no cotidiano dos usuários

Usuários relataram falhas no WhatsApp, Instagram e Facebook (AFP)

Priscilla Peixoto – Da Cenarium

MANAUS – O aplicativo de mensagem WhatsApp e as redes sociais Facebook e Instagram ficaram fora do ar por quase sete horas, nesta segunda-feira, 4. A pane mundial ocorreu por volta das 11h40 (horário de Manaus) e atingiu usuários do mundo inteiro. Os “dependentes” dos aplicativos sentiram o impacto da interrupção do funcionamento do aplicativo e das duas redes sociais.

Para o social media Elias Mariano, que utiliza as redes sociais como ferramentas de trabalho, o bug significou um atraso na produção e disseminação dos conteúdos da empresa onde trabalha. “Com as redes sociais fora do ar, meu trabalho ficou prejudicado, infelizmente, pois sem elas a divulgação dos conteúdos da empresa fica inviável. Isso resulta na queda de metas propostas e acumula conteúdos esperando para serem disseminados”, explicou Elias.

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Os aplicativos ficaram fora da ar por volta de sete horas (Reprodução/ Internet) (Reprodução/ Internet)

Vendas prejudicadas

Além daqueles que trabalham na área da comunicação, trabalhadores de outros setores também sentiram o “pane” no sistema. Para os empreendedores Luciana Melo e Luíz Melo, donos do perfil no Instagram (@cakedalu_manaus), que é voltado para vendas de bolos em Manaus, o dia atípico resultou em vendas prejudicadas.

“A situação ficou bem complicada. Sentimos o impacto, chegamos a cancelar alguns pedidos, teve clientes que recorreram à ligação, mas muitos ficaram chateados pensando que o pedido via aplicativo havia sido concluído, mas, na verdade, nem chegamos a ver. No geral, prejudicou nossas vendas. Em média, vendemos 40 bolos por dia, creio que hoje não será assim e, caso não normalize, fecharemos mais cedo”, conta Luiz.

Abstinência das redes

Com a pandemia do Covid-19 e o distanciamento físico entre as pessoas, o uso das redes sociais se tornou mais intenso. O que já era um hábito passou a ser um vício para muitos e o acesso ao WhatsApp, Facebook, Instagram, TikTok e Twitter se tornou indispensável, a ponto de gerar um sentimento parecido com a abstinência no usuário quando o acesso, por algum motivo, não pode ser realizado.

É o caso da dançarina e repórter Manuela Dias, assumidamente dependente das redes e aplicativos de mensagens. Com as mídias fora do ar de forma inesperada, Manuela conta que a ansiedade e a inquietação tomaram conta do espaço, geralmente preenchido pelos cliques e postagens.

“Sempre que as redes sociais bugam, eu percebo o quanto sou dependente delas, porque nesse momento estou sentindo falta até das centenas de notificações que recebo todo dia. Na questão profissional, como sou repórter, fica complicado falar com as fontes e ter informações que eu preciso de forma instantânea”, declarou Manuela.

Dependência

Segundo estudos do Instituto Superior de Estudos Psicológicos da Espanha, a dependência tecnológica é intitulada como “dependência sem droga” e abrange, na maioria das vezes, o público jovem, mais especificamente os adolescentes que, por conta do uso excessivo das redes sociais, ao serem privados dos aplicativos, experimentam síndrome de abstinência, mal-estar emocional, disforia, insônia, irritabilidade e inquietação.

O WhatsApp foi uma das plataformas que ficou fora do ar (Reprodução/ Internet)

De acordo a psicóloga sanitária especialista em terapia estratégica rápida Ana Belén Medialdea, em entrevista para o jornal El País, as redes sociais são desenvolvidas para “jogar” com vulnerabilidade humana e, por desenvolver uma das necessidades básicas do ser humano, o senso de pertencimento, acabam viciando.

“A pandemia nos virtualizou, pois, sem outro remédio, tivemos que aprender a nos relacionar, a nos adaptar ao teletrabalho, às aulas on-line, às consultas médicas à distância. WhatsApp, Instagram, TikTok e Twitter viraram um prolongamento da nossa vida real, o modo inevitável de nos relacionarmos… O feedback positivo faz que nosso cérebro libere endorfinas — essas substâncias químicas encarregadas de produzir nosso bem-estar —, então associamos o reforço positivo às sensações agradáveis que sentimos ao receber esse estímulo, que, por sua vez, se torna aditivo”, explicou Medialdea ao periódico.

Fora do ar

Após o bug mundial, a palavra WhatsApp foi a primeira nos Trending Topics – os assuntos mais comentados – do Twitter no Brasil. A plataforma foi, inclusive, onde os perfis oficiais do WhatsApp e Facebook falaram sobre a pane.

“Estamos cientes de que algumas pessoas estão enfrentando problemas com o WhatsApp no momento. Estamos trabalhando para que as coisas voltem ao normal e enviaremos uma atualização aqui assim que possível”, publicaram ambos os perfis.

O Instagram também se pronunciou por meio do perfil no Twitter. “O Instagram e amigos estão tendo um momento complicado agora e talvez você esteja com problemas para usá-los. Conte com a gente, estamos em cima disso”, postou.

O site Downdetector, responsável por monitorar reclamações sobre serviços da internet, chegou a registrar na tarde dessa segunda-feira, 4, cerca de 40 mil queixas sobre o WhatsApp, seguidas de 10 mil para o Instagram e 5 mil para o Facebook.

Volta lenta e sem explicações

Apesar de não ter sido confirmado oficialmente, o WhatsApp está retornando lentamente, assim como o Instagram. Além disso, alguns usuários já indicam, no Twitter, o retorno parcial do WhatsApp.

(Reprodução/ Twitter)

Até o momento, não foi explicado o real motivo do bug global. No último mês de junho, os três aplicativos também enfrentaram instabilidade, mas, na época, foram apenas duas horas e meia fora do ar. O Facebook afirmou que a falha foi motivada por um ajuste de configuração.

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