Atriz viraliza com frases machistas: ‘Mundo invertido pra eles entenderem’

Além de "Mundo Invertido", Claudia assina mais três webnovelas (Reprodução/Arquivo pessoal)

Com informações UOL

Basta duas mulheres sentarem, alguns minutos, para lembrar o tanto de machismo que escutam diariamente, que a conversa renderia uma série de episódios infinitos. E foi exatamente o que a atriz Claudia Campolina, 40, fez. No ar em “A Pedra da Serpente” (Amazon Prime), ela criou, no TikTok, o “Mundo Invertido”, projeto em que as mulheres reproduzem frases desnecessárias ditas pelos homens com frequência.

“Vejo muitos homens comentando que não nos entendem quando falamos de feminismo, e pensei em fazer vídeos invertendo o que eles dizem, porque quando a gente faz isso a coisa fica mais clara, e quando você diz para um homem causa estranheza”, explica a artista de Belo Horizonte (MG), que só na plataforma chinesa tem 134,4 mil seguidores.

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No primeiro, de 32 vídeos da série, que ainda não tinha ganho o nome “Mundo Invertido”, Claudia reproduz uma cena muito comum de homens assistindo a uma partida de futebol: ela xinga com nomes pejorativos, grita para a mulher trazer a cerveja e por aí vai. Com a viralização — o vídeo tem, hoje, 60 mil visualizações — Claudia se empolgou e passou a publicar, semanalmente, situações diversas.

Os temas são tantos que em 30 minutos de entrevista com Universa surgiram, pelo menos, três novas ideias de vídeo. Entram, também, recortes de casos que saem na imprensa como o da mãe atacada nas redes sociais, após ser filmada usando um macaquinho fitness de lycra, enquanto levava seu filho à escola, em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. “São assuntos infinitos”, ela observa.

“Tem homem que não entende a ironia”. Nenhum dos episódios gravados, até agora, aconteceu particularmente com Claudia, mas não significa que ela não tenha passado por alguma situação de machismo. “A situação mais constrangedora que eu já vivi foi quando cheguei em São Paulo, há 15 anos, e o dono de uma agência me perguntou se eu queria ser rica e famosa, e pôs a mão na minha perna. Disse que eu tinha ido para lá estudar teatro, porque tenho muita paixão por isso, e ele nunca mais falou comigo”.

Apesar de ser um tema delicado, foi no humor que Claudia encontrou uma maneira de explicar todo esse constrangimento que o homem provoca. Mesmo assim, recebe — poucas — críticas deles. “Acontece bem pouco de pessoas não entenderem a jogada irônica. Dia desses, um homem apareceu reclamando que pedimos direitos iguais, mas falava aquilo que aparece no vídeo. Aí eu tenho que explicar ser ficção. A pessoa não consegue ler a ironia”.

E quem entende, copia. No último 3 de abril, Claudia postou em seu Facebook comentário sobre críticas machistas à cantora Anitta. Num trecho, de um longo texto, ela observa que as mesmas pessoas que falam que a cantora de Honório Gurgel ajuda na sexualização das meninas, observaram calados personagens hipersexualizados como Feiticeira e Tiazinha, interpretadas por Joana Prado e Suzana Alves.

Um dia após o post, o texto foi republicado pela conta de uma pessoa que se identifica como Frederico, sem créditos. Claudia fez um vídeo falando sobre o ocorrido: “Esse é mais um dos mecanismos do machismo. Se chama bropriating, termo usado quando o homem se apropria da ideia de uma mulher sendo valorizado por isso”, ela explica na imagem.

À Universa, Claudia comenta que não necessariamente foi machismo, já que o internauta poderia ter copiado o texto se fosse de um homem

“Mas achei que fazia muito sentido falar sob esse ponto de vista porque o texto aponta justamente uma mulher falando de outra mulher e sobre o machismo! Um homem copia e, justamente, esse texto viraliza com ele. O cara podia ter pego a ideia, já que concordou, e escrito algo da maneira dele. Mas não: ele copiou e tirou meu nome”.

Porém, episódios como esse não tiram o sono de Claudia. Formada há dez anos, diz que os pais ensinaram-na a confiar em si, principalmente, por seguir uma profissão em que, nas suas palavras, o tempo inteiro se é julgada e se ouve muitos “nãos”:

“Se você não consegue trabalhar esse lugar de rejeição, não consegue continuar na carreira. E acho que a melhor maneira de lidar com a rejeição é tirando sarro da gente mesmo”.

Além de “Mundo Invertido”, Claudia assina mais três webnovelas: “Exausta”, sobre uma blogueira fútil que maltrata funcionários e tem seus podres expostos na internet; “Adolescentes dos anos 90” e “Dessa vez vai ser diferente”, sobre encontros desastrosos. Ela é também é protagonista de “A pedra da serpente”, disponível na Amazon, e de um curta em exibição no Sesc ConVIDA! chamado “Won’t you come out to play!”, de Júlia Katharine.

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