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Atuação policial de Alberto Neto, candidato a prefeito de Manaus, lembra ‘Irmãos Souza’ e internet reage
Apontado nas redes sociais por internautas sobre ter "encenado" a prisão do suspeito, Alberto Neto ponderou que apenas "agiu por instinto". (Divulgação)
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07 de outubro de 2020
Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium*
MANAUS – A exemplo dos “Irmãos Coragem” – pseudônimo dado aos ex-parlamentares do Amazonas que ficaram famosos com um programa policial em Manaus, “Canal Livre” -, o deputado federal Alberto Neto (Republicanos) e candidato à prefeitura da capital amazonense prendeu um suspeito de assalto a ônibus na manhã desta quarta-feira, 7, enquanto fazia campanha eleitoral no bairro Coroado, na Zona Leste da cidade, gerando polêmica entre os internautas e nos bastidores da política.
O Canal Livre foi um programa de grande audiência na década de 1990, comandado pelos irmãos Wallace Souza, Carlos Souza e Fausto Souza, levando o trio a ficar entre os parlamentares mais votados do Amazonas. Na época, os irmãos atuavam em prisões de criminosos e chegaram a “evitar” diretamente um sequestro. O programa e a história dos irmãos foram retratados no documentário “Bandidos na TV” da Netflix.
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No episódio envolvendo Alberto Neto na manhã de hoje, a grande polêmica se deu em torno da “coincidência” da atuação do suspeito de roubo no mesmo local em que ele seguia a agenda de campanha.
O deputado é major reformado da Polícia Militar (PM/AM) e foi o terceiro mais votado da bancada amazonense nas eleições de 2018, graças à fama obtida nas redes sociais com a gravação de operações policiais comandadas por ele.
Na ocasião, o deputado fazia um “bandeiraço” e “adesivaço” com correligionários. Após policiais da 14ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom) prenderem o homem suspeito, o candidato foi à delegacia fazer Boletim de Ocorrência (BO).
Assista ao vídeo do momento da ação:
Sobre a apreensão, Alberto Neto “aproveitou” o momento para falar sobre a falta de segurança nos coletivos e disse que, em seu governo, irá lançar um programa para monitorar a frota de ônibus, com um “botão do pânico”, para acionar a viatura mais próxima em caso de assalto.
Ao ser apontado nas redes sociais por internautas sobre ter “encenado” a prisão do suspeito, o candidato foi procurado pela REVISTA CENARIUM. Ele negou que tenha sido avisado sobre a ocorrência e que chegou ao local no mesmo momento em que a polícia e também participou da ação.
“Meu instinto policial falou mais alto e tenho porte de arma. Se for para colocar um criminoso na cadeia, pode ter certeza que eu o farei. O que aconteceu, hoje, acontece todos os dias em Manaus. O bandido estava lá e como eu estava ao lado do ônibus, agimos de forma imediata. A polícia chegou praticamente junto e fizemos o nosso trabalho”, disse.
Questionado se o caso poderia manchar sua campanha com parte da internet acusando-o de se aproveitar do caso, Alberto Neto respondeu: “A última coisa que passou pela minha cabeça foi manchar minha campanha. Estava apenas fazendo o meu papel. Manaus vive uma quantidade absurda de assalto, passei a minha carreira desarticulando quadrilhas, tenho respeito com a minha tropa. Não é uma armação política”, concluiu.
Reações na internet
Após o envolvimento de Alberto Neto na prisão de um suspeito de roubo em Manaus, internautas comentavam o caso curioso no twitter. Um dos usuários do microblog atribuiu a atitude do candidato à boa interpretação da atriz global Marjorie Estiano, no seriado “Sob Pressão”.
Parte de alguns “tuiteros” também elogiaram a “performance” de Alberto Neto, alegando que ele poderia dar continuidade ao “bom trabalho” como Policial Militar (PM).
Os memes não perdoaram o candidato, que chegou a “receber” uma estatueta do Oscar, prêmio máximo do cinema internacional.
Uma internauta chegou a mencionar a relação entre os irmãos Souza com o Capitão Alberto Neto.
Também comentando o caso, simpatizantes direitistas e da Polícia Militar reforçaram apoio a Alberto Neto.
Até o presidente da Associação de Praças da Polícia Militar do Amazonas (Apeam), Gerson Feitosa, disparou contra o candidato.
De policial à política
Os ex-deputados Wallace Souza e Carlos Souza, e o irmão deles, o ex-vereador e ex-deputado estadual Fausto Souza, popularmente conhecidos como os “Irmãos Coragem”, estiveram à frente do programa Canal Livre, da antiga TV Rio Negro, entre a década de 1990 e início dos anos 2000, onde ficaram famosos pelo formato da programação e pela exclusividade dos casos, cujos crimes, em algumas vezes, eram exibidos ao vivo.
Antes de ser o principal apresentador do programa, Wallace Souza foi policial civil. Com o sucesso da atração, os irmãos passaram a serem vistos pela população como heróis e fizeram com que Wallace Souza fosse eleito deputado estadual por três vezes (1998, 2002 e 2006).
Apesar disso, o programa entrou na mira das autoridades políticas e policiais sob suspeita de que os crimes teriam sido encomendados pelo grupo de Wallace Souza, que estava no auge da carreira.
À época, o apresentador foi denunciado por suspeita de chefiar um grupo de extermínio e associação para o tráfico, que cometiam execuções para aumentar seu domínio e exibir no programa de TV.
As investigações do caso levaram à cassação e a prisão do parlamentar em 2009, que mesmo preso, negou os crimes cometidos alegando perseguição política. Em 2010, Wallace morreu após sofrer uma parada cardíaca.
Com a repercussão internacional do caso, a Netflix decidiu reproduzir a história no documentário Bandidos na TV (Killer Ratings), cuja produção foi dividida em sete episódios e distribuída para 190 países, em 27 línguas.
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