Baiano inicia campanha para ser o primeiro governador brasileiro nos Estados Unidos

Orlando Silva mora nos Estados Unidos desde os 15 anos (Reprodução/Partido Democrata)

Com informações do O Globo

SÃO PAULO – Orlando Silva vive a sua versão do sonho americano: em 1993, aos 15 anos, deixou para trás Vitória da Conquista, na Bahia, e foi morar nos Estados Unidos com a irmã mais velha. Estudou, trabalhou, abriu sua própria empresa e hoje, aos 44, resolveu concorrer ao governo de Massachusetts. Se vencer a eleição marcada para novembro de 2022, será a primeira pessoa nascida no Brasil a ser governadora nos EUA. Para chegar até lá, no entanto, ele tem um longo caminho.

Morador de Shrewsbury, casado com uma brasileira e pai de duas filhas, Silva é veterano na manutenção de tubulações de aquecedores e aparelhos de ar-condicionado, mas um calouro na política. Virou cidadão americano no ano passado, quando votou pela primeira vez e se filiou ao Partido Democrata.

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Em março, registrou sua campanha para participar da primária do partido, programada para julho de 2021, e conseguiu um pouco da atenção que precisará para ter a pré-candidatura aceita pelos democratas, atrás de um nome capaz de interromper a sequência de dois mandatos republicanos no Estado, encabeçados pelo governador Charlie Baker.

Ele precisa recolher 10 mil assinaturas de apoio ao seu nome e gerar um burburinho a ponto de ser levado a sério pelo diretório democrata. O desafio é imenso, e Silva não tem nem redes sociais oficiais. O empresário diz que tentará fazer duas campanhas paralelas: uma voltada para os brasileiros, outra para seus eleitores de fato, os americanos e imigrantes que já ganharam a cidadania e podem votar.

Cabos eleitorais

Em relação aos conterrâneos, Silva espera que atuem como cabos eleitorais. Estima-se que 65 mil brasileiros vivam em Massachusetts, segundo estado americano em número de imigrantes do Brasil, atrás apenas da Flórida. A maioria ainda está em situação irregular e os que têm o green card, sem cidadania, não podem votar.

“Percebo que não existe uma pessoa que represente o nosso povo aqui e diga que merecemos respeito. Nós, brasileiros, fizemos muito pelo estado, com a nossa força de trabalho”, afirma Silva.

“Eu me aproximei de certos indivíduos que estão na política, que acharam interessante minha proposta de ser candidato, mesmo não sendo conhecido. As pessoas já estão cansadas dos políticos normais, estão procurando algo diferente. E a comunidade brasileira vai ser uma grande ajuda. O brasileiro estará limpando uma casa e dizendo: “Olha, dê uma olhada no que esse rapaz tem a oferecer”. Acreditamos que a comunidade brasileira pode divulgar nossa campanha entre os americanos”, contou ele.

Em troca, Orlando Silva tenta oferecer aos brasileiros a possibilidade de terem mais direitos, mesmo na condição de imigrantes sem papéis. Ele pretende propor uma carteira de habilitação temporária, de dois anos, que permitiria aos brasileiros exercerem uma série de trabalhos a que hoje não têm acesso no Estado.

Eleitores americanos

Ao eleitor americano, Orlando Silva acena com o desejo de descentralizar os postos de trabalho no estado — segundo ele, Boston concentra demais a riqueza. Fala também em melhorar a educação e oferecer ajuda às mães solteiras, prejudicadas na pandemia. Propõe uma reforma do sistema ferroviário de Massachusetts, melhorando o deslocamento dos trabalhadores e incentivando a migração para cidades mais afastadas dos centros financeiros, onde os preços altos jogam para cima o custo de vida.

Silva diz se inspirar em Bill Clinton e Barack Obama, dois democratas. Afirma ser contra o aborto, mas diz que respeita o direito às escolhas individuais. Segundo o brasileiro, há nove pessoas voluntárias trabalhando com ele na arrecadação de doações para a campanha. Questionado se sua real intenção é ganhar notoriedade para depois se candidatar com alguma chance de vitória para um cargo menor, como prefeito ou vereador, Silva fecha a porta, mas sem chave.

“Estou entrando 100% nisso. Tenho uma pessoa que vai administrar a empresa no meu lugar. Vou entrar 100% para ganhar, tanto que vou dar um passo para trás na minha vida profissional. Eu sei que tem muito mais chance de dar errado do que de eu ganhar, mas vou tentar. Não dá para prever o futuro, mas hoje, se você me perguntar, eu te digo que, se eu não ganhar, estou fora da política”, ressaltou.

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