‘Balaio de Oxum’ exalta povos amazônicos na sexta-feira, 8, em Manaus

Celebração à Oxum em Manaus (Kevin Tomé/Reprodução)
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – Contra a intolerância religiosa e a favor da conservação da biodiversidade e povos da floresta, o 8° Festival Cultural Balaio de Oxum acontece na sexta-feira, 8. O culto a orixá inicia a partir das 15h, na praia da Ponta Negra, Zona Oeste de Manaus.

A cada edição, o evento possui um tema que representa a luta das minorias. Neste ano, o pedido é pela preservação de vidas indígenas, bem como da população negra. A programação conta com a marcha e o xirê (festa aos orixás por cânticos), além de shows de artistas regionais.

À REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA, o integrante da equipe que fundou o evento, Diego Mourão, definiu a cerimônia como uma celebração que vai além da pauta religiosa e mostra a força da pluralidade de crenças e doutrinas, dentre elas, a umbanda, candomblé, jurema, tambor de mina, catimbó e terecó.

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“O Balaio de Oxum tem uma importância civil e religiosa, porque a gente traz essa questão e a pauta do ódio, do racismo religioso e do respeito entre ambas as religiões e dentro da nossa própria religião. Acredito que, com a união de várias religiões de matriz africana, nós podemos mostrar que a sociedade pode ser uma sociedade mais unida, independente de religiões, de credo, de estado civil ou mesmo de posição social”, destacou Mourão.

Balaio de Oxum, em 2022, em Manaus (Reprodução/Kevin Tomé)
O que é o balaio

O balaio é um adorno que vai ser preenchido com os elementos característicos da orixá, como Omolucum e o Ipeté, que são comidas preparadas à base de feijão-fradinho e inhame, rosas e flores, espelhinhos, manjá, doces e frutas finas, além de perfumes e ervas. Alguns celebrantes adicionam brinquedos e espumantes.

A celebração vai cultuar a divindade ancestral feminina que traz a simbologia das águas doces, domínio dos rios e cachoeiras, do ouro e também da fertilidade. Na data do evento, é celebrado o Dia de Oxum, representada pela cor amarela, que demonstra riqueza e abundância.

Organizado pela Mãe Flor de Nave, a concentração inicia às 15h, com saída para a marcha às 16h. Em seguida, os celebrantes vão abrir uma roda para evocar a orixá por meio de pontos (cânticos) e danças, um movimento de saudação.

Quem é Oxum

Oxum é um orixá. A rainha das águas doces, dona dos rios e cachoeiras, figura cultuada no candomblé e na umbanda, religiões de matriz africana. Ela é a segunda esposa de Xangô e representa a sabedoria e o poder feminino, além de carregar o nome de deusa do ouro e do jogo de búzios.

O arquétipo da orixá é de uma mulher graciosa e elegante, que gosta de pôr joias, perfumes e roupas luxuosas. A figura de Oxum carrega um espelho na mão. Algumas pessoas confundem Oxum e Oxumarê, mas segundo a Umbanda e o Candomblé são divindades distintas.

Culto aos orixás

As religiões de matrizes africanas, como a Umbanda e o Candomblé, trazem representações ancestrais antigas. São relações sagradas que se manifestam a partir das forças e elementos da natureza e valores humanos, como a justiça e o amor, por exemplo. Cada divindade possui um sentido, uma simbologia e características próprias.

Na tradição Iorubá, cultuada nas diversas casas de Candomblé, os orixás são esses ancestrais africanos, constituindo assim diversas práticas ritualísticas para cultuá-los.

Sincretismo religioso

No Brasil, os orixás estão associados a um santo da Igreja Católica, prática que ficou conhecida como sincretismo religioso. No catolicismo, Oxum está sincretizada como Nossa Senhora da Conceição, santidade padroeira de Manaus e do Amazonas.

De acordo com o site Politize, o termo também é conhecido em um sentido pejorativo, criticado como uma forma de diluir ou enfraquecer as tradições originais, ou de perpetuar relações de poder desiguais entre diferentes grupos culturais ou religiosos.

Leia mais: No ‘Julho das Pretas’, Caprichoso leva para arena Oxum representada pela sinhazinha
Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga
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