Bancas de jornais e revistas são essenciais para cultura e comunicação

Joaquim Rosas trabalha há 15 anos em uma banca no Centro de Manaus. (Gabriel Abreu/ Cenarium)

Marcos Lima – Da Cenarium

MANAUS – As bancas de revista são lugares para quem quer buscar cultura, informação e conhecimento. Com a chegada da internet, o local deixou um pouco de ser procurado pelo público por conta da facilidade de ter acesso à informação até mesmo na palma da mão pelo celular. Ao todo, segundo estimativa de representantes do setor, ainda existem em torno de 400 mil estabelecimentos registrados como bancas de revistas no País. E esses locais ainda têm um fluxo grande de pessoas que busca outros serviços que antes não eram oferecidos.

Para se adaptar e aumentar o faturamento, nas bancas é possível comprar águas, refrigerantes, cigarros, doces, cartões de telefone celular e em tempos de pandemia, até máscaras de proteção facial. Quem passa pelo local tem a opção de realizar essas pequenas compras e, claro, comprar uma revista ou um jornal, como antigamente.

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“Eu me considero resistente. Eu ainda vendo muitas revistas. A tecnologia chegou, mas se você pegar um menino de dez anos de idade e mandar escrever uma frase, ele não sabe escrever, porque ele não costuma ler ou escrever da forma tradicional, apenas pelo computador ou celular. Os pais estão vendo isso. Está acontecendo uma revolução. Por isso, além de jornais e revistas, vendemos muitos livros de caligrafia, estudos, concursos”, disse Joaquim Rosas, que trabalha há 15 anos em uma banca localizada na Avenida Eduardo Ribeiro, no Centro de Manaus.

Um dos fatos que pode explicar uma possível redução nas vendas das publicações impressas nas bancas de revistas é o avanço da tecnologia e a praticidade de ter acesso à informação de forma simples. Essa variação acelera cada vez mais a digitalização das publicações. “A crise acelerou, praticamente, sem margem para dúvidas, a transição para um futuro 100% digital”, afirma um relatório de 2020 do Instituto Reuters, agência de notícias britânica considerada a maior agência internacional de notícias do mundo, com sede em Londres.

“Jornal sempre foi tecnologia”

“Quando surge um novo meio de comunicação, uma tecnologia mais avançada. A gente primeiro tem que entender que os meios de comunicação sempre foram tecnologias, ferramentas para que a sociedade se organizasse e pudesse socializar e interagir. Os estudiosos de culturas comunicacionais separam em algumas eras. Primeiro veio a oralidade, depois a escrita e a cultura impressa. Aí veio a cultura da comunicação em massa com o rádio, telégrafo, televisão, impulsionadas com o ‘boom’ da revolução industrial, que mudou toda a forma de organização social, quando teve uma imigração muito grande da população do meio rural para as grandes cidades, com o surgimento das grandes indústrias e novas formas de comunicação”, disse a pesquisadora e doutora em sociedade e cultura na Amazônia, Edilene Mafra.

Ela continua: “A cultura das mídias, quando as pessoas passaram a terem aceso a videocassete e filmadoras, começou a registrar a sua vida, interferir nos conteúdos dos meios analógicos. E, com a invenção do computador e o impulso da internet, surge a era digital e a cultura digital”, exemplifica Edilene.

Um pouco de história…

No contexto histórico, a invenção da imprensa ocorreu no século XV por obra do alemão Johannes Gutenberg. Desde então surgiram as publicações impressas que dominavam a forma de noticiar os fatos e transmiti-los em massa para a população, antes, as informações escritas a mão eram restritas a uma parte pequena da população.

“Alguns marcos tecnológicos revolucionaram as mídias, não só a tecnologia que muda, as pessoas estão em movimento. Elas se organizam socialmente, economicamente, culturalmente e novas formas. Elas estão e adaptando as essas tecnologias que vão surgindo. Com isso, surgem novas formas de comunicação e novos meios de comunicação e quase sempre híbridos, porque tem todo apoio tecnológico baseados nas experiências analógicas”, ressaltou Edilene.

Com a invenção do rádio, no século XX, surgiu a dúvida se as publicações impressas iriam sobreviver à modernidade da época. Na década de 20 do século passado, surgiu a televisão e o pensamento era que rádio e os impressos acabariam. Foi o mesmo que aconteceu quando a internet chegou a casa das pessoas.

“Muita gente se pergunta, se com o surgimento da internet os outros meios vão morrer, mas não vão morrer. Se você prestar a atenção, mesmo dentro desse ciberespaço, o grande ambiente virtual, que hoje a gente vive, que a sociedade se comunica, por sinal, constantemente, todas as culturas se interagem. Tem a fala, escrita, impressa, cultura de massas, das mídias que cada um produz seu conteúdo. Tem a cultura digital, porque tudo isso se transforma em um arquivo digital. Para que uma nova forma de se comunicar e uma nova tecnologia surja, não é necessário que as demais morram. Ela pode sim dar vida as novas formas de comunicação, novas ferramentas de comunicação e novas tecnologias”, completou a pesquisadora.

Dados

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em levantamento divulgado em outubro deste ano, o setor de Livros, Jornais, Revistas e Papelaria teve queda de 25,2%. No ano de 2021, a redução é de 20,7%. O setor chegou a ter números positivos em junho com o crescimento e 17,1%, porém, no mês seguinte a queda foi de 23,2%. Já em agosto, foi registrada alta de 1,3% frente a mesmo período de 2020, invertendo sinal negativo, para este indicador, contabilizado no mês de julho (-23,2%). O indicador acumulado no ano, ao passar de -22,9% até julho para -20,9% até agosto, indica diminuição da perda de ritmo, mesmo movimento do indicador anualizado, acumulado nos últimos 12 meses, que passa de -28,2% até julho para -25,2% até agosto.

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