Via Brasília – Da Revista Cenarium
Mercado satisfeito
O tempo passa, o tempo voa, e os lucros dos bancos continuam numa boa. Apesar das crises sanitárias e econômica, com a fome atingindo em cheio 19 milhões de brasileiros, as projeções dos ganhos das instituições financeiras seguem tendência de crescimento. Aberta a temporada de resultados do segundo trimestre de 2021, com a divulgação do balanço do Santander, as perspectivas são de uma alta média de 60% no lucro líquido do trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado. Nesta semana, devem sair no números do Itaú, Bradesco e Banco do Brasil, que juntos representam os quatro maiores bancos do país. Já os lucros das empresas com ações na Bolsa de Valores foram elevados em 245%.
Desemprego no setor
Engana-se quem pensa que os lucros estratosféricos das instituições financeiras se traduziram no investimento em contratações. Ao contrário, Santander e Bradesco, por exemplo, fecharam 10.933 postos de trabalho entre março de 2020 e março de 2021. O Itaú foi o único que aumentou o número de funcionários, com 1,8 mil postos de trabalho a mais. Mas o movimento de fechamento de vagas tem sido majoritário, o que contribui ainda mais para engrossar as estatísticas dos desempregados, que somam 14,7 milhões. Em plena migração para o formato digital, os bancos privados fecharam 1.343 agências durante a pandemia, aponta estudo de Vivian Machado, mestre em Economia Política e técnica do Dieese.
Sem compromisso
Vívian Machado lembra que bancos chegaram a firmar um compromisso com os sindicatos de não demitir durante a pandemia, mas quebraram o acordo. Outra demonstração de falta de compromisso social dos gigantes financeiros pode ser revelada nos números investidos para socorrer as empresas brasileiras durante a pandemia. Em que pese governo federal ter liberado RR 3,2 trilhões para os bancos apoiarem pequenos negócios e pessoas físicas, apenas 23,7% deste valor retornou à economia em financiamentos aos setores mais vulneráveis. Os grandes bancos preferiram focar na ajuda às grandes empresas. Afinal, os jogadores do mercado não aceitam perder nunca. O apoio aos pequenos ficou restrito aos bancos públicos. E ainda tem quem defenda a privatização do BB e da Caixa.