Barbalho assina documento para a revogação da lei de educação indígena


Por: Mayra Leal

05 de fevereiro de 2025
Governador do Pará assina Termo de Compromisso para revogar lei de educação indígena. (Créditos da Agência Pará)
Governador do Pará assina Termo de Compromisso para revogar lei de educação indígena. (Créditos da Agência Pará)

Após a pressão de movimentos sociais indígenas, por meio de protestos, ocupações e pedidos de esclarecimento da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), assinou o Termo de Compromisso para a revogação da Lei 10.820/2024, considerada prejudicial aos povos originários.

O documento foi assinado na tarde desta quarta-feira, 5, no Palácio do Governo do Pará. Antes de Barbalho assinar o Termo, indígenas realizaram uma série de manifestações ao longo de 23 dias no Estado.

O documento também foi assinado pela vice-governadora, Hana Ghassan, pelo presidente da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), deputado Chicão (MDB), e por outros parlamentares. Mas para que a lei seja revogada, é necessário nova votação na Alepa e publicação no Diário Oficial do Estado.

Foto: Reprodução Redes Sociais

O Termo de Compromisso assinado por Helder foi discutido e construído durante reunião que ocorreu entre membros do governo estadual, lideranças indígenas e apoiadores do movimento. Veja o Termo de Compromisso na íntegra:

A primeira cláusula do Termo afirma que o Poder Executivo encaminhará para a Alepa, um Projeto de Lei visando revogar a legislação que motivou os protestos e trazer de volta as que haviam sido extintas com a lei aprovada no final do ano. Ainda não há data para votação do novo projeto na Assembleia Legislativa, mas a previsão é de que ele seja encaminhado para a casa na próxima semana.

O documento também prevê a criação de um Grupo de Trabalho, composto por representantes do Governo do Pará, do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Educação Pública do Pará (Sintepp), de povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos e populações Tradicionais. O grupo deve discutir a elaboração de um novo projeto de lei para instituição do Estatuto do Magistério e Plano de Cargos, Carreiras e Salário dos profissionais públicos da educação básica do Estado do Pará.  

O documento também afirma o compromisso do novo projeto em assegurar a política geral de educação indígena e dos profissionais de educação vinculados. O Grupo de Trabalho deverá ser instituído por meio de Decreto dentro dos próximos dias. 

Foto: Marco Santos/Ag. Pará

No Termo, o governo também se compromete em não penalizar servidores que paralisaram os trabalhos durante a ocupação e a abonar as faltas decorrentes da greve, desde que ocorra a reposição das aulas. Outro ponto importante do acordo foi a desistência de processos judiciais relacionados à greve dos professores em 2015 e à paralisação atual.

O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Educação Pública do Pará (Sintepp) informou que ainda não definiu se assinará o Termo de Compromisso. Os professores se reunirão nesta quinta-feira, 6, em assembleia para discutir as propostas previstas no documento para os professores, que são: a suspensão imediata da greve, a garantia da continuidade do ano letivo, a reposição das aulas não realizadas, a indicação de representantes para compor o Grupo de Trabalho e atuação colaborativa nas discussões.

Ministra do STF cobrou esclarecimentos

O documento é, também, uma manifestação após uma determinação da ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), assinada nesta terça-feira, 4. A decisão da ministra cobrou que o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), se manifestasse no prazo de cinco dias sobre a sanção da Lei Estadual nº 10.820/2024.

O pedido de esclarecimentos de Cármen Lúcia atende a um pedido da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que argumenta que a nova legislação retirou referências ao ensino indígena, deixando essas comunidades sem garantias educacionais específicas. Além do governador, a ministra cobrou esclarecimentos da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Advocacia-Geral da União (AGU), que terão três dias cada para se manifestar.

Ocupação continua

O movimento que ocupa o prédio da Secretaria de Educação (Seduc-PA), também deve se reunir nesta quinta-feira, 6, para definir o futuro da manifestação, mas informou que a desocupação só será realizada quando o projeto for votado no Legislativo.

O movimento contra a Lei 10.820/2024 também pede a exoneração do secretário Rossieli Silva, demanda que não está prevista no Termo de Compromisso definido na reunião desta quarta.

Leia mais: Ministra cobra explicação de Barbalho sobre lei de ensino indígena
Editado por Izaías Godinho

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