‘Barbárie’, diz Lula ao decretar intervenção federal em Brasília para conter atos extremistas
08 de janeiro de 2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). (Evaristo Sa/ AFP)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou neste domingo, 8, intervenção federal em Brasília, no Distrito Federal (DF), para conter os atos extremistas que tomaram conta da capital federal. Durante a tarde, manifestantes golpistas invadiram o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto.
O decreto vale até 31 de janeiro e nomeia Ricardo Garcia Cappelli para o cargo de interventor. O objetivo da intervenção é “pôr ermo ao grave comprometimento da ordem pública no Distrito Federal, marcado por violência e invasão a órgãos públicos“.
“Eles [os extremistas] vão perceber que a democracia garante o direito de liberdade, o direito de livre comunicação, de livre expressão, mas ela também exige que as pessoas respeitem as instituições que foram criadas para fortalecer a democracia“, disse o presidente, em São Paulo, onde viajou para avaliar os danos causados pela chuva na cidade de Araraquara.
Lula lembrou ainda que os atos registrados, neste domingo, em Brasília: “não têm precedente na história do nosso País. Não existe precedente o que essa gente fez e merece ser punida“.
O presidente disse, ainda, que vai visitar os prédios destruídos, quer descobrir quem financiou os atos e garantiu punição, também, para as autoridades que se omitiram. Ele citou a falta de ação das forças de segurança pública do DF diante da invasão aos prédios e destruição.
“Houve incompetência, eu diria, má vontade ou má-fé das pessoas que cuidam da segurança pública do Distrito Federal. Eles guiaram as pessoas na Praça dos Três Poderes”, afirmou Lula.
Policiais militares do Distrito Federal são vistos à distância do Congresso Nacional sem reagirem diretamente. (Reprodução/ CNN Brasil)
Entenda o caso
Os extremistas entraram na Esplanada dos Ministérios na tarde deste domingo, 8, invadiram o Congresso, o Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), cometeram atos de vandalismo em Brasília e entraram em confronto com a Polícia Militar. A ação ocorre uma semana após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Imagens dos atos mostram os manifestantes circulando livremente pelo interior dos prédios públicos em diferentes andares, inclusive pela rampa interna do Palácio do Planalto – usada pelo presidente da República na posse e na recepção de autoridades estrangeiras.
Os vândalos também foram vistos próximos ao gabinete da Presidência da República, mesmo após terem quebrado janelas e outros itens; jogarem cadeiras para fora e usarem mangueiras de incêndio para inundar os locais.
Exoneração
Após o descontrole dos extremistas, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, exonerou o secretário de Segurança Pública do Estado, Anderson Torres, antes mesmo da nomeação.
Conforme fontes, Ibaneis quer desvencilhar sua imagem de Torres, após críticas e acusações de prevaricação por conta dos atos antidemocráticos na capital federal. Segundo Rocha, o ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro foi dispensado com a justificativa de “não ter previsto o tamanho da manifestação”.
Determinei a exoneração do Secretário de Segurança DF, ao mesmo tempo em que coloquei todo o efetivo das forças de segurança nas ruas, com determinação de prender e punir os responsáveis.
Também solicitei apoio do governo federal e coloco o GDF à disposição do mesmo.
O atentado que ocorre em Brasília estava sendo anunciado ao longo da semana em grupos bolsonaristas e nas redes sociais, com chamadas para ocupar a Esplanada dos Ministérios.
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