Bares já sentem impacto de afastamento de funcionários por Covid-19 e influenza

Restaurante vazio em referência à falta de funcionários (Reprodução/ Internet)

Com informações do Infoglobo

RIO DE JANEIRO – O aumento dos casos de Covid-19, com a nova variante Ômicron, e de influenza elevou o número de trabalhadores afastados para tratamento ou testagem e mudou a rotina das empresas. A sobrecarga tem sido percebida especialmente por atividades voltadas para o turismo, como bares e restaurantes, que têm expectativa de ganho maior no verão com o aumento do fluxo de clientes.

Nos bares e restaurantes, que andam lotados até mesmo em cidades como Rio, que registrou aumento de casos de Covid-19 neste início de ano, as equipes ficaram de 20% a 30% menores em razão do afastamento médico, por precaução ou confirmação da doença.

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“A incerteza em relação aos sintomas está gerando um enorme problema, porque eles são muito parecidos para todas estas doenças. Se o funcionário tem algum sintoma, ele é afastado por pelo menos três dias, até testar. Nos bares e restaurantes, as equipes são pequenas, em média, de seis pessoas. Nos maiores, que têm cerca de 15 a 20 funcionários, às vezes um terço tem suspeita. Isso afeta muito o negócio”, diz Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, associação brasileira que representa bares e restaurantes.

Por outro lado, ele diz que, no segundo semestre, as empresas fizeram vários processos seletivos, então há profissionais no radar quando o movimento exige reforço:

“O problema é o custo, que sobe. Mas pior é fechar”, destacou.

Ao longo do mês de dezembro, 80% dos funcionários do DarkCoffee, cafeteria no Centro do Rio, foram afastados em razão da epidemia de gripe. Durante as festas de fim de ano, sete dos 23 trabalhadores tiveram casos moderados, e o gerente Berg Leal teve de se desdobrar para contratar extras e convocar a equipe em dias de folga para dar conta da demanda.

“Tivemos um fim de ano com muita procura, com divulgação, mas tive dificuldade de ter funcionários para atender por causa do surto. No Instagram, vi muitas reclamações de demora para entrega dos pedidos e tinha de explicar a falta de mão de obra”, conta Leal.

Para o presidente do SindRio, sindicato do setor de bares e restaurantes, Fernando Blower, o aumento de casos pode diminuir a frequência em bares e restaurantes. No Bistrô da Casa, em Santa Teresa, no Rio, três dos 25 funcionários foram afastados por Covid-19.

Quando se inclui na conta os casos de gripe, mais de um terço da equipe teve de ser reposta em algum período desde as festas de fim de ano.

“Temos que onerar a empresa e contratar funcionários extras. O serviço não fica tão elegante, a equipe fica mais corrida, porque nem tudo o extra sabe fazer e acaba sobrecarregando os demais”, afirma o maître Leanderson Venâncio.

Menos movimento

A chef Malu Mello, do serviço de catering que leva seu nome, teve muitas encomendas para eventos no fim do ano, mas na semana passada ficou desfalcada quando um dos seis funcionários ficou doente:

“Isso gerou atraso em algumas entregas, tive que chamar gente de fora, e o cliente achou que o tempero estava diferente. O pequeno empreendedor, muitas vezes, não trabalha com caixa alto, então precisa ter a equipe toda. Contratar alguém de fora custa caro”, relatou.

Nesta semana Malu já teve três eventos reduzidos. Neste momento, três funcionários estão afastados.

No restaurante Margutta, com unidades na Barra e em Ipanema, o movimento caiu 40%. O público, predominantemente mais velho, preferiu o delivery. O proprietário Giorgio Neroni diz que tem conseguido contornar a questão da mão de obra, mas prevê queda no faturamento nas próximas semanas:

“Tivemos um ou outro gripado, mas não afetou o funcionamento. O movimento e as entregas devem reduzir, pois nosso público fica receoso e corre para casas de praia ou interior para se manter em isolamento em áreas livres”, contou.

Clínicas também viram o movimento aumentar. A MedLevensohn teve crescimento de 10% na procura para fornecimento de testes de Covid-19 e 11,5% para testes de influenza para farmácias, hospitais, laboratórios e clínicas. E a Iron telemedicina dobrou o índice de pronto atendimento em três dias.

Segundo o CEO Jorge Ferro, os atendimentos saltaram de dois mil para quatro mil por dia nesta semana. A empresa vai ampliar o quadro de funcionários em 50% nos próximos dias. 

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