‘Batidão Tropical’: CD de Pabllo Vittar faz resgate cultural do ritmo brega

Pabllo Vitar investiu no resgate de algumas canções do brega para o novo álbum (Reprodução/ Internet)
Priscilla Peixoto – Da Cenarium

MANAUS – Com dois meses do lançamento do CD “Batidão Tropical”, da Drag Queen Pabllo Vittar, o ritmo brega, predominantemente paraense, foi resgatado e voltou ao topo das paradas musicais. O hit do álbum “Zap Zum”, aparece entre as mais ouvidas no Brasil e até julho deste ano, atingiu o número de 89,974 mil reproduções, alcançando a 185ª posição da parada musical do Spotify.

O brega é um dos ritmos que compõe a lista de diversos gêneros musicais encontrados no Brasil. Em 2015, a Lei Ordinária Municipal de Belém nº 9.095 instituiu o brega, calypso, tecnobrega, bem como o melody, tecnomelody e a guitarrada como patrimônios culturais de natureza imaterial da cidade. Mas, o ritmo ultrapassou as fronteiras do Pará e atualmente tem embalado grandes sucessos repaginados por alguns artistas nacionais, como Pabllo Vittar.

Além da canção Zapzum, Bang Bang e Ânsia – todas interpretadas pela ex-cantora da Companhia do Calypso, Mylla Karvalho – e Apaixonada, da Banda Batidão; bem como Ultrasom da Banda Ravelly também foram regravadas pela artista. Na avaliação do músico, jornalista e produtor audiovisual nortista Mencius Melo, a volta desse boom quanto ao ritmo e canções do gênero pode ser analisada de dois pontos vista.

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“O lado positivo que se refere ao resgate da originalidade desse tipo de manifestação musical que fala do amor, traição, das ‘dores de cotovelo’, da sarjeta mesmo. Que possui uma linguagem muito própria, popular. Um patrimônio da música brasileira, por isso esse resgate é muito bonito de se observar, algo para manter o patrimônio musical do Brasil, só é preciso atentar para os que querem se aproveitar do momento, certamente não é o caso de Pabllo”, avalia o músico.

Pabllo Vittar em sessão fotográfica do Clipe “Triste com Tesão” (Reprodução/Divulgação)

“Apogeu do Norte e Nordeste”

Em entrevista para o jornal EL PAÍS, sobre o novo trabalho, Pabllo que nasceu no Estado do Maranhão e passou boa parte da infância e juventude no Pará, afirmou que a intenção era justamente exaltar as regiões Norte e Nordeste e incentivar o consumo e valorização da cultura regional. A artista também chama atenção para “hipervalorizarão” que é dada aos produtos culturais de fora.

“Esse álbum é um apogeu do Norte e Nordeste. Quero exaltar essas regiões, bater no meu peito e dizer que não é só cultura regional, é um patrimônio brasileiro. É muito louco a desvalorização do que é nosso enquanto importamos cultura. É muito legal escutar coisas de fora, eu adoro uma Beyoncé, uma Madonna, adoro um K-pop, mas o que estamos ouvindo de música nacional? A gente tem que quebrar a hegemonia das músicas que tocam nas rádios e trazer novidade, principalmente daqui, do Brasil”, declarou.

Em coletiva de imprensa Pabllo lembrou que algumas das canções regravadas serviu como ferramenta de autodescoberta e emponderamento. “Acho muito bom voltar às origens. Eu lembro que na maioria dessas músicas, eu estava me descobrindo, me conhecendo, e como criança viada me sentia muito empoderada com o tecnobrega, a potência da música, o empoderamento”, disse Pablo.

Veja também: Cantora nortista lança ‘Your Crime’ com influências clássicas do Pop e ‘pitada’ amazônica

“Zap Zum” da banda Companhia do Calypso, regrada por Pabllo para o álbum “Batidão Tropical” (Reprodução/Youtube)

Nova versão aprovada

Em relação à regravação das canções, em especial a música Ânsia, o compositor responsável pelo hit, Esdras Azevedo, em entrevista recente ao Jornal Diário do Pernambuco aprovou o resgate das composições e nova projeção em nível nacional. “Eu fiquei feliz com a versão da Pabllo, pois é muito bom quando a música volta a circular a nível nacional. Foi massa, principalmente sendo uma artista do meio LGBT, o que é super importante”, declarou o compositor.

Antes de ser interpretada por Mylla Karvalho, ex-vocalista da Banda Companhia do Calypso, a canção que nasceu no começo dos anos 2000, ganhou vida na voz de Eliza Mell e estourou no Recife e pouco tempo depois em todo Brasil, já com os direitos cedidos para a companhia.

“Passou um filme na minha cabeça, fechei os olhos e todas as lembranças que vivi do dia em que gravei Ânsia vieram à tona. Lembrei do cheiro do estúdio, da reação, felicidade e emoção de todos que estavam presentes, dos shows. Pabllo sempre mostrou sua admiração pela canção e sempre me deixou fascinada”, disse Eliza Mell também em entrevista ao Jornal Diário de Pernambuco.

Veja algumas das versões de Ânsia:

Versão banda Brega.com gravada no ano 2000 (Reprodução/Youtube)
Versão de Ânsia gravada em 2003 pela banda Companhia do Calypso (Reprodução/ Youtube)
Versão Ânsia 2021 gravada pela artista Pabllo Vitar (Reprodução/ Youtube)

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