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Biden promete ‘caçar’ responsáveis pela morte de militares dos EUA em Cabul
Presidente americano diz que a decisão foi movida por 'ideologia extrema' e põe o tema na campanha para as eleições legislativas de novembro (Reprodução)
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27 de agosto de 2021
Com informações da Folha de S. Paulo
WASHINGTON e CABUL — Em meio a uma retirada caótica das tropas americanas e de seus aliados da Otan do Afeganistão, o presidente dos EUA, Joe Biden, viu o pesadelo da operação aumentar ainda mais nessa quinta-feira por causa do atentado no aeroporto de Cabul durante a remoção de civis, que deixou dezenas de mortos, entre eles 13 soldados americanos. Sob críticas cada vez mais fortes diante do ataque, Biden lamentou a morte dos militares americanos, solidarizou-se com as famílias e com os afegãos mortos e prometeu vingança contra os perpetradores.
— Nós não vamos perdoar, não vamos esquecer. Vamos caçá-los até o fim e fazê-los pagar — afirmou o presidente em pronunciamento na Casa Branca.
Durante o discurso, Biden chamou os militares americanos de “heróis” e reafirmou que vai manter o prazo da retirada das tropas como estava previsto, em 31 de agosto. Ele também voltou a prometer a remoção de todos os americanos que estão no Afeganistão. Segundo a Casa Branca, 100 mil pessoas foram retiradas do país desde o dia 14 de agosto, véspera da invasão de Cabul pelo Talibã.
A promessa, no entanto, não é tão simples. Autoridades apontam que seria necessário cerca de um mês a mais para completar a retirada dos americanos e dos afegãos que trabalharam com as forças de ocupação nos últimos 20 anos. Por isso, durante uma reunião nesta semana, líderes do G-7 discutiram a possibilidade de utilizar um aeroporto sob controle civil após 31 de agosto para a saída, diferentemente do que ocorre agora, com militares americanas controlando o aeroporto internacional de Cabul e coordenando a operação de remoção de pessoas.
Emocionado e se solidarizando com as famílias das vítimas do atentado, Biden também relembrou que seu filho Beau Biden, que morreu em 2015 por causa de um tumor cerebral, serviu durante a guerra no Iraque em 2008. O presidente americano ainda dedicou um minuto de silêncio aos mortos durante seu pronunciamento.
— Também ordenei aos meus comandantes que desenvolvam planos operacionais para atacar os meios, liderança e instalações do Isis-K [sigla do braço afegão do Estado Islâmico, que assumiu a autoria do atentado]. Responderemos com força e precisão em nosso momento, no lugar que escolhermos e no momento de nossa escolha — disse Biden.
Após o atentado, presidente teve que reformular sua agenda do dia e cancelar um encontro com o primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, na Casa Branca para se encontrar com sua equipe de segurança e ser brifado sobre a situação em Cabul.
Durante a tarde, o governo afirmou que o encontro com Bennett, que seria o primeiro entre os dois, fora adiado para sexta-feira. Em meio a isso, membros da equipe de Biden entravam e saíam da Casa Branca num ritmo constante, enquanto recebiam notícias do número crescente de militares americanos mortos no atentado.
Segundo o Pentágono, além dos 13 soldados mortos, outros 18 ficaram feridos no ataque, reivindicado pelo braço afegão do Estado Islâmico. Ainda não está claro, porém, o total de mortos incluindo civis.
O total de mortos entre militares americanos tornou esse incidente o mais fatal para as forças dos EUA no Afeganistão em uma década e um dos mais violentos em todos os 20 anos de guerra. Em 2011, a queda de um helicóptero na província de Wardak deixou 38 mortos, incluindo 31 militares americanos, sete integrantes das forças de segurança afegãs e um intérprete. A última vez que os EUA registraram baixas entre suas forças de combate, que se aproxima de um total de 2.400 mortos, foi em fevereiro de 2020.
Reações do Ocidente
A explosão no aeroporto da capital afegã estimulou anúncios e novas medidas de outros governos ocidentais, a menos de uma semana do prazo para a retirada das tropas americanas e de seus aliados da Otan do Afeganistão.
O Reino Unido anunciou que vai manter a retirada do Afeganistão “até o último momento”, anunciou o premier Boris Johnson após uma reunião com seu gabinete. Ele admitiu, no entanto, que não conseguirá remover alguns colaboradores afegãos, mas que pressionaria o Talibã, que retomou o poder do País no último dia 15, a deixá-los sair após o prazo. Durante a noite de quarta-feira, o governo britânico havia emitido um alerta de “alto risco de um ataque terrorista”, solicitando que as pessoas não fossem ao aeroporto de Cabul.
O governo francês também admitiu, após a explosão, que não podia garantir que o país conseguirá remover todas as pessoas que pretendia. O presidente Emmanuel Macron afirmou também que estava em contato com o Talibã para autorizar a saída de centenas de afegãos, informando também que o embaixador francês no Afeganistão deixaria o País por motivos de segurança.
Antes mesmo das explosões, o primeiro-ministro da França afirmou que Paris não retiraria mais ninguém após a noite de sexta-feira.
O governo da Alemanha, por outro lado, afirmou que ajudaria afegãos a saírem do País após as explosões. Berlim também informou que já completou sua operação de retirada do aeroporto de Cabul.
Diversos governos ocidentais já haviam cancelado suas operações antes das explosões. Alertas de diferentes países apontavam uma ameaça de ataques de integrantes do braço afegão do Estado Islâmico.
A Bélgica suspendeu suas operações de remoção de pessoas do aeroporto de Cabul, assim como a Dinamarca e o Canadá. A Holanda, que também emitiu um alerta, disse que o último voo de resgate do País decolará de Cabul nessa quinta, admitindo que deixará para trás algumas pessoas elegíveis para a remoção.
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