Bieconomia, agronegócio e o mito das florestas intocáveis do Amazonas, na visão do Greenpeace

Além da fusão entre os institutos, os respectivos impactos sobre a Amazônia serão abordados. (Reprodução/ Paulo Vitale)

Mencius Melo – Da Revista Cenarium

MANAUS – Poucos dias após as celebrações do ‘Dia da Amazônia’, a reportagem da REVISTA CENARIUM voltou a contactar o Greenpeace para conversar sobre as agendas para a região.

A conversa desta vez foi com Cristiane Mazzetti, porta-voz da ONG para a Amazônia. Entre observações cautelosas e críticas disparadas ao atual governo brasileiro, a líder ativista fez ponderações sobre assuntos que chamam a atenção da opinião pública.

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Para a ativista Cristiane Mazzetti, do Greenpeace, a bioeconomia amazônica só serve se for para, verdadeiramente, distribuir renda aos povos da floresta (Reprodução/ Divulgação)

Entre eles a decantada bioeconomia – que é apontada como futuro econômico da região norte do Brasil. Outro ponto foi o agronegócio como modelo de sucesso e mitos midiáticos que podem camuflar realidades sobre a conservação da camada florestal do Amazonas.

Para a ativista, a questão da bioeconomia precisa ser melhor entendida, discutida e planejada. “Extrair produtos com a floresta em pé é muito mais a vocação da Amazônia, mas até que ponto esse modelo será justo e inclusivo para as comunidades que vivem nesse ecossistema?”, questionou.  

Riqueza biológica a floresta amazônica possui de sobra, resta saber o quanto dessa riqueza chegará ao povo que nela vive, a partir dos fundamentos da bioeconomia (Reprodução/ Internet)

Para Cristiane Mazzetti, o discurso é bonito, mas, a realidade precisa ser diferente. “Não adianta você incentivar a instalação do grande capital, no que tange a montagem de grandes indústrias voltadas aos fitofármacos, por exemplo, e com isso passar a explorar a mão de obra das comunidades coletoras e a elas destinar uma margem mínima de lucro, isso não é justo”, criticou.

Mito da preservação

Outro ponto observado por Cristiane é a constante afirmação de que o Amazonas tem 98% da camada florestal preservada. Muito desse discurso oficial decorre da manutenção do parque industrial localizado em Manaus. “É preciso ter muito cuidado com esse tipo de afirmação, para não se converter em ‘mito’. O Amazonas possui uma ativa fronteira de desmatamento no sul do estado, na região de Apuí e Lábrea”, destacou.

“Logo, essa história de que tudo está preservado não pode chegar como algo absoluto, porque acaba se tornando um mito de algo que não é real”, avaliou.

De acordo com ela, o que acontece na região sul do Amazonas, decorre das politicas voltadas para um modelo injusto de economia. “O agronegócio não é um modelo justo, é só observar o que ele provoca no meio ambiente amazônico”, lamentou.

A região de Apuí, no sul do Amazonas, é uma das fronteiras do desmatamento no Estado: ‘ignorar isso é criar um mito’, diz Cristiane (Reprodução/ Internet)

Conhecido por campanhas agressivas na defesa do meio ambiente, a ONG não está atuando drasticamente, como no passado. Questionada sobre o ativismo mais brando em que o Greenpeace se encontra, ela respondeu. “Estamos com uma limitação enorme por conta da pandemia, por isso não estamos fazendo atos mais incisivos, mas, continuamos atentos, fazendo nossas atividades de campo”, explicou.   

“Desde que o atual governo assumiu, percebemos que a destruição na Amazônia aumentou significativamente, por isso seguimos atentos, vigilantes e atuantes”, finalizou Cristiane Mazzetti.  

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