Biólogo descarta lesão grave em olho de onça-pintada resgatada no Rio Negro, em Manaus

MANAUS (AM) – A onça-pintada resgatada no Rio Negro, em Manaus (AM), no dia 1º deste mês, não sofreu uma lesão grave no olho esquerdo, segundo avaliação do biólogo especialista em animais silvestres Nonato Amaral, responsável pelo acompanhamento do felino. O animal responde normalmente a estímulos visuais, o que indica que a visão foi preservada e o quadro evolui de forma positiva.

Ainda em isolamento em um zoológico particular na Zona Oeste da capital amazonense, o espécime macho também apresenta sinais de recuperação comportamental. De acordo com a equipe veterinária, a onça demonstra atitudes típicas da espécie, como desgaste das unhas em madeira, mordidas em pranchas e comportamento agressivo, sinais de que o instinto selvagem permanece intacto. (Veja imagens no final da matéria.)

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Em vídeos registrados pelo biólogo para acompanhar a evolução da recuperação da onça-pintada, é possível observar que, ao notar a presença do especialista, o animal emite um esturro (som característico de defesa da espécie), demonstrando que mantém os instintos selvagens e o comportamento típico de um felino em ambiente natural.

“O animal segue apresentando ótimos sinais de recuperação, demostrando alguns instintos de interação com ambiente como: desgastes de unhas em madeiras, mordeduras em pranchas de madeira, tem demostrado agressividade extrema, o que é total características de animal selvagem. A onça segue em isolamento e sem contato visual com humano, e através das imagens de monitoramento, observa-se que o olho que tinha sido lesionado, apresentou melhora significativa. O animal responde a todos os estímulos visuais, o que é uma boa notícia, descartando uma lesão mais profunda no globo ocular“, explicou o biólogo Nonato.

Veja como está a onça-pintada resgatada no Rio Negro:

“Muito bem, é isso que a gente espera. Bora, garoto, se recupera. A sua soltura vai ser muito antes do prazo primeiramente pré-estabelecida. Você vai para a vida livre, você é um cara da selva”, diz o biólogo em um dos vídeos registrados para monitoramento da evolução do animal silvestre.

Segundo Nonato, ainda não é possível afirmar uma data específica para a reintrodução da onça-pintada à floresta. Nesta semana, uma reunião de definição deve acontecer entre o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Laboratório de Interações Fauna e Floresta (Laiff), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), e a Secretaria de Estado de Proteção Animal (Sepec).

A onça-pintada, assim que reintroduzida à natureza, deve ser monitorada por meio de um colar eletrônico, doado pelo Instituto Onça-Pintada (IOP). “Ela [a onça-pintada] vai ser monitorada. Vamos tentar, claro, que é grande o gargalo de monitorar bicho na Amazônia por conta da densidade da floresta. Mas, vamos fazer tudo o que tiver ao nosso alcance para obter esses dados científicos e, de repente, colaborar pouco mais para a preservação da espécie“, explicou Nonato.

O animal é o primeiro da espécie a ser resgatado, passando por procedimento cirúrgico, reabilitado para retorno à natureza e que será monitorado em vida livre. A iniciativa é histórica para a pesquisa e conservação da fauna silvestre no Amazonas.

Relembre o caso

A onça-pintada foi resgatada na tarde do dia 1º deste mês, após ser vista nadando há horas no Rio Negro, próximo ao bairro Ponta Negra, Zona Oeste de Manaus. Com um ferimento atrás da orelha, o animal parecia desnorteado e sem forças.

Ao ser resgatada, foi constatado que a onça-pintada havia sido atingida por disparo de arma de fogo, o que resultou em dezenas de fragmentos de chumbinho espalhados pelo corpo do felino. Encaminhado a um hospital veterinário particular, localizado na Zona Centro-Sul da capital amazonense, o animal foi submetido a exames e procedimento cirúrgico.

Em seguida, a onça-pintada, do sexo masculino, entre 4 a 5 anos de idade, pesando 54 quilos, foi transferida para um zoológico particular, na Zona Oeste da cidade, onde está até a data de hoje, sendo monitorada e acompanhada por uma equipe especializada.

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Inicialmente, o prazo dado pelos especialistas responsáveis pelo monitoramento do animal seria de 30 a 40 dias até a reintrodução da onça-pintada à natural. Mas, segundo Nonato, a volta do felino ao habitat natural deve acontecer antes do tempo.

Veja imagens da evolução do animal: