Black Friday 2025 acende alerta para explosão de fraudes e golpes com IA


Por: Fred Santana

26 de novembro de 2025
Black Friday 2025 acende alerta para explosão de fraudes e golpes com IA
Aumento do tráfego on-line e do volume de transações cria um ambiente propício para criminosos explorarem vulnerabilidades com métodos cada vez mais sofisticados (Reprodução/Freepik)

MANAUS (AM) – A Black Friday de 2025, prevista para bater recorde de R$ 13 bilhões em vendas, também deverá registrar uma onda inédita de ataques digitais contra consumidores e empresas no Brasil. O aumento do tráfego on-line e do volume de transações cria um ambiente propício para criminosos explorarem vulnerabilidades com métodos cada vez mais sofisticados, impulsionados pelo uso de Inteligência Artificial (IA).

“Hoje, vemos diferentes tipos de fraudes. A mais recente usa Inteligência Artificial para reproduzir de forma extremamente realista a imagem e a voz de executivos em vídeos falsos – o que chamamos de deepfake – com o objetivo de dar credibilidade para anúncios e sites fraudulentos, direcionando consumidores para páginas que aplicam golpes”, afirma Camilla Jimene, especialista em segurança jurídica on-line e sócia do Opice Blum Advogados.

Uma pesquisa nacional da Grant Thornton e da Opice Blum Advogados sobre ataques cibernéticos aponta que 79% das empresas se consideram mais expostas a invasões e fraudes do que em anos anteriores, enquanto 66,5% já incluem a cibersegurança entre seus principais riscos corporativos.

Especialistas apontam para risco de golpes durante a Blaick Friday no Brasil (Reprodução/Agência Brasil)
Golpes mais sofisticados crescem com uso de IA

Durante o mês promocional, golpes como phishing (roubo de dados por mensagens ou sites falsos) e ransomware (ataques que bloqueiam sistemas e exigem resgate) tendem a se multiplicar. Além deles, são comuns clonagem de cartões, boletos falsos e uso indevido de dados pessoais.

Segundo Danielle Serafino, que atua com monitoramento e prevenção jurídica de riscos digitais, padrões de ataque se repetem ano após ano durante a Black Friday devido ao alto volume de buscas e transações. “Com base no monitoramento web recorrente que fazemos para empresas de diversos setores, observamos padrões que se repetem durante as campanhas de Black Friday”, explica.

A advogada Danielle Serafino, especializada em Direito Tributário de novas tecnologias (Reprodução/Redes Sociais)

Esses padrões incluem sites que simulam grandes varejistas, perfis que imitam marcas em redes sociais e anúncios pagos que direcionam vítimas para páginas clonadas, muitas vezes com pagamento exclusivo via Pix, método que dificulta a recuperação dos valores.

“Esses sinais permitem que equipes preventivas atuem de forma rápida, com medidas como remoção de anúncios, bloqueio de domínios e ações imediatas contra fraudes”, detalha Danielle.

Picos de ataques em datas promocionais

Em 2025, pesquisadores publicaram na plataforma científica arXiv o estudo Exploratory Analysis of Cyberattack Patterns on E-Commerce Platforms Using Statistical Methods (Análise exploratória de padrões de ataques cibernéticos em plataformas de comércio eletrônico utilizando métodos estatísticos em tradução livre), que analisou dados públicos de violações e ataques a plataformas digitais. A pesquisa mostra que datas promocionais, como a Black Friday, apresentam picos estatisticamente significativos de ciberataques, incluindo tentativas de invasão e acessos não autorizados a dados pessoais.

Brasileiros devem impulsionar comércio entre novembro e dezembro deste ano (Reprodução/Agência Brasil)

O estudo utiliza métodos estatísticos e modelos de previsão (como Auto ARIMA e algoritmos de machine learning) para identificar e antecipar padrões de ciberataques. Os autores concluem que períodos sazonais de alta demanda exigem atenção reforçada tanto de empresas quanto de consumidores.

Padrões dos golpes

Segundo as especialistas, a prática de monitoramento web em tempo real – que envolve varredura em redes sociais, marketplaces, domínios e canais públicos de mensagens – tornou-se essencial para prevenir ataques. Essa tecnologia combina brand detection, análise de anúncios e cruzamento de chaves Pix associadas a fraudes.

Camilla Jimene afirma que, antes mesmo do pico da Black Friday de 2025, já havia sinais claros de estruturas criminosas ativas. “Identificamos inúmeros sites falsos ativos, perfis fraudulentos e anúncios patrocinados que direcionam vítimas a páginas clonadas”, diz.

Danielle Serafino destaca padrões específicos, recorrentes em campanhas promocionais de grande porte. “Observamos o uso de variações do nome da marca, termos como ‘Black Friday’ ou ‘Pink Friday’ e pagamento exclusivo por Pix, o que dificulta a recuperação dos valores por se tratar de transferência instantânea”, conclui.

Leia mais: Cartilha do TJAM orienta consumidores a evitar golpes na Black Friday
Editado por Jadson Lima

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