‘Black Friday de comida’: supermercados antecipam promoção na Amazônia

Shopping sector in a supermarket in Manaus. (Photo: Ricardo Oliveira/Cenarium)

Victória Sales – Da Revista Cenarium

MANAUS – Antes ignorados na famosa data de vendas com descontos “irresistíveis”, os alimentos assumiram agora um lugar de destaque no ranking dos preferidos da Black Friday. A alta no preço dos alimentos, durante o governo Bolsonaro, chamou a atenção dos comerciantes que resolveram ganhar mais clientes fazendo campanhas na Black Friday de 2021. Em Manaus, algumas redes varejistas confirmaram as promoções para esta sexta-feira, 26, entre elas o Carrefour.

O diretor de marketing da rede de supermercados, Daniel Milagres, confirmou a redução nos preços durante o período da Black Friday. “Nesse momento em que as famílias estão sendo afetadas pela queda do rendimento e alta do custo de vida, temos ofertas em alimentos e não alimentos. É um momento em que o bolso do cliente está apertado”, relatou a um portal local.

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Desconfiança e pouca empolgação

As promoções da data, que segue a lógica simples do aumento das vendas por intermédio da concessão de descontos em um único dia, não atingiram a empolgação dos anos anteriores. O trabalhador vai usar a data como complemento do que perdeu e não na compra de itens extras, na mesa ou debaixo da árvore de Natal. A empregada doméstica Maria Silva*, que sobrevive com o salário ganho no único trabalho, relatou, em tom de tristeza, que precisa escolher, quando chega o fim do mês, se come ou se paga o aluguel da casa, onde mora com os filhos e o marido. “Com essas promoções eu vou conseguir, pelo menos, comprar mais coisas para a minha casa, para que no Natal eu tenha algo para alimentar os meus filhos de forma mais digna”, contou.

Setor de compras em supermercado de Manaus. (Foto: Ricardo Oliveira/Cenarium)

Cesta básica na Amazônia Legal

A equipe de reportagem da CENARIUM fez um levantamento, em julho deste ano, sobre o preço cesta básica entre os Estados que fazem parte da Amazônia Legal, divulgados por departamentos estaduais e de pesquisa. O estudo foi baseado em valores de cinco de nove Estados dessa região, sendo Mato Grosso com a maior unidade de custa para alimentação básica, custando R$ 611,30.

O custo mais barato foi encontrado no Amapá, com R$ 281,68, o qual seria possível alimentar quase 6 famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica e insegurança alimentar, com gasto de mais de R$ 1 milhão das ‘motociatas’ do presidente da República, Jair Bolsonaro, por exemplo.

EstadoPreço da cesta básica
Mato GrossoR$ 611,30
ParáR$ 515,77
Rondônia R$ 456,77
Amazonas R$ 305,42
AmapáR$ 281,68

Um levantamento feito pela equipe de reportagem da CENARIUM, com base em dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontou que, com o valor de R$ 400 disponibilizado pelo programa Auxílio Brasil, oferecido pelo governo federal, é possível comprar apenas 67% de uma cesta básica no Brasil.

A recente pesquisa foi feita em 17 capitais do País. De acordo com o custo médio da cesta básica, 16 cidades registraram aumento e somente Recife teve uma diminuição, de -0,85%. E as cidades de Vitória, com 6%, Florianópolis, com 5,71%, Rio de Janeiro, com 4,79%, Curitiba, com 4,75%, e Brasília, com 4,28%, registraram as maiores elevações.

Segundo levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o ritmo da inflação tem sido um obstáculo à alta no volume de vendas, mesmo quando se trata do contexto da pandemia da Covid-19. No início do período pandêmico, o e-commerce brasileiro cresceu em uma taxa anual de 14,1%. Já de acordo com o levantamento baseado nas emissões de notas fiscais eletrônicas, esse ritmo saltou para 46,2%. 

Black Friday

Conhecida como “sexta-feira negra”, a Black Friday inaugura a temporada de compras natalícias com diversas promoções nas lojas. A festividade começou nos Estados Unidos e foi adotada, posteriormente, por diversos países. A data, em 2021, é uma das mais importantes para o setor varejista, com oportunidades para quem pretende economizar e para os comerciantes que pretendem recuperar o lucro que perderam durante a pandemia da Covid-19.

(*) Maria Silva – a entrevistada preferiu não se identificar.

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