Boa Vista é 3ª capital que mais perdeu vegetação urbana em duas décadas
Por: Ian Vitor Freitas
22 de novembro de 2024
Árvore cortada e os limites do território de Boa Vista, capital de Roraima (Composição de Weslley Santos/CENARIUM)
BOA VISTA (RR) – Um levantamento realizado pelo MapBiomas mostrou que Boa Vista (RR) é a terceira capital do País que mais reduziu áreas de vegetação urbana nas últimas duas décadas. Entre os anos de 2003 e 2023, os índices diminuíram de 21% para 13,9% da vegetação urbana. Os dados foram divulgados este mês.
No mesmo período, o Rio Branco liderou o ranking das capitais que mais perderam vegetação urbana. A cobertura vegetal na zona urbana da cidade caiu de 43,3% para 32,8%; seguida por São Luís, que teve queda de 30,8% para 23%. A coleta das informações contou com o apoio de técnicos do MapBiomas, que trabalham com os temas chamados de transversais, apresentando definições, conceitos e revisão dos códigos da pesquisa.
De acordo com o coordenador da equipe urbana do MapBiomas, Julio Pedrassoli, o País sofre as consequências de “grandes mudanças ambientais” e os impactos são sentidos em cidades que “não são os causadores dessas mudanças”. Para ele, também há problemas habitação e de infraestrutura ainda não solucionados.
“Brasil vem sofrendo grandes mudanças ambientais, as cidades fazem parte desse processo, não são os maiores causadores das mudanças ambientais, mas elas são, sem dúvida, que vão receber diretamente o maior impacto. Especialmente porque mais de 85% da população brasileira vivem nas cidades e, além disso, a distribuição dessa população em termos de infraestrutura urbana é muito desigual, como as grandes proporções de favelas”, disse.
O coordenador da equipe urbana do MapBiomas, Julio Pedrassoli (Reprodução/Arquivo pessoal)
Boa Vista, de acordo com a pesquisa, está dentro do grupo de vegetação intraurbana, que inclui parques, praças e áreas mais arborizadas. Em 2003, a área cobertura por esse tipo de vegetação na cidade tinha 2.503 hectares. Vinte anos depois, a capital registra cerca 1.652 hectares de área de vegetação urbana. A perda no período foi de 851 hectares.
Para o ambientalista Silvio Teixeira, a redução da vegetação urbana na cidade causa preocupação para os especialistas nas áreas. Ele destacou que as consequências dessas mudanças já são perceptíveis em Boa Vista, com a ausência de pássaros e o aumento da temperatura na região.
“Já é possível perceber na cidade, que até mesmo no amanhecer ou no entardecer, que não vê mais aquele bando de aves voando, procurando as árvores onde estão com frutos, estão floridas, para que eles possam se alimentar e se abrigar. A gente já percebe um clima bem mais forte do que antes, muito mais quente por conta da retirada das árvores”, afirmou.
Outro causador da redução de vegetação em Boa Vista é a grande quantidade de loteamentos na região, no qual as empresas utilizam máquinas para instalação de esgoto, água, energia e pavimentação. Em meio a esse processo, realizam a raspagem ou limpeza do terreno. Para Silvio, uma das alternativas é apresentar projetos com um sistema de vegetação.
“Já deveria ter no projeto apresentado a prefeitura e ao Estado uma orientação para as pessoas que vão comprar o lote, de construir suas residências com árvores, para que eles possam futuramente melhorar até mesmo a climatização do ambiente”, ressaltou.
Vegetação interurbana
A vegetação interurbana desempenha uma série de papéis importantes, como a qualidade do ar na cidade por meio do processo de fotossíntese. O procedimento absorve carbono e libera oxigênio. Especialistas do MapBiomas alertam que implementação de mais áreas verdes é a melhor tecnologia que existe atualmente para adaptar nas cidades.
O mapeamento ainda constatou que as áreas de vegetação urbana têm aumentado em média 4,8% ao ano entre 1985 e 2023, ritmo maior que os 2,1% ao ano da expansão das áreas não vegetadas nesse período.
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