Com informações da Revista Fórum
RIO GRANDE DO SUL – Um jovem de 17 anos, morador da cidade de Lindolfo Collor, no Rio Grande do Sul, é o principal suspeito de ter enviado um vídeo em que mata um cachorro enforcado para ameaçar servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que aprovaram o uso de vacinas contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos.
Segundo informações da Polícia Civil, divulgadas pelo jornal Zero Hora, o rapaz faz parte de um grupo nazista que prega ideias da extrema-direita em aplicativos de jogos online. Os jovens teriam ecoado a revolta de Jair Bolsonaro (PL), que se irritou com a liberação da vacina da Pfizer para uso em crianças, incitando apoiadores contra os técnicos da Anvisa.
Filho de um pedreiro, o jovem que matou o cão foi internado num centro de atendimento socioeducativo da Fundação de Assistência Social e Comunitária (Fase), no Vale dos Sinos. Outros 30 participantes da live em que o rapaz mata o cachorro estão sendo identificados e investigados.
Ameaças à delegada e plano de “metralhar uma escola”
Durante a investigação, a delegada Raquel Peixoto encontrou mensagens com ameaças a ela e a filha. Ela ainda encontrou planos do grupo para atacar uma escola.
“Atenção, eu e o Doom iremos dar um role e metralhar uma escola… Estou indo para Campo Bom encontrar com o nosso famoso Doom”, diz a mensagem, que foi rastreada pela polícia.
As investigações apontam, como possíveis alvos dos extremistas, creches e escolas de Campo Bom, Ivoti, Lindolfo Collor e Novo Hamburgo.
Em vídeos encontrados pela polícia, membros do grupo se declaram nazistas, fazem saudações e usam capacetes usados durante a ditadura de Adolph Hitler, na Alemanha.
A delegada ainda investiga possível ligação do grupo com o rapaz que cometeu um atentado a uma creche, na cidade de Saudades, em Santa Catarina, no mês de maio. Na ocasião, três crianças, uma professora e uma funcionária foram assassinadas a golpes de faca e machado.
“Purificar a terra onde a Anvisa está instalada”
Segundo reportagem do jornal O Globo, no e-mail enviado a servidores da Anvisa, os jovens falam em “purificar a terra onde a Anvisa está instalada usando combustível abençoado”.
O rapaz, o mesmo que matou o cão, ainda teria deixado os dados pessoais e escrito que não temia os agentes da Polícia Federal.
“Estarei muito longe quando o ministro Xandão (Alexandre de Moraes) mandar os vagabundos parasitas da PF (Polícia Federal) aqui para casa”, diz o rapaz, com o mesmo termo usado por Roberto Jefferson para se referir ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), antes de se despedir com saudação nazista.