Com informações do O Globo
SÃO PAULO — De olho no eleitorado conservador de São Paulo e nas dificuldades enfrentadas pelo PSDB no Estado, aliados têm travado nos bastidores um duelo pelo posto de candidato do presidente Jair Bolsonaro a governador em 2022. O empresário Paulo Skaf (MDB), o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL) e o ex-ministro Abraham Weintraub (sem partido) tentam se cacifar. Os ministros Tarcísio Freitas e Ricardo Salles também são citados.
Para os bolsonaristas, a eleição paulista tem um sabor especial por causa da rivalidade com o governador João Doria (PSDB). Os tucanos enfrentam uma divisão em São Paulo. O candidato preferido de Doria é o vice-governador, Rodrigo Garcia (DEM), que pode até mudar de partido, mas ainda não aparece bem colocado nas pesquisas. Aliados do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) têm incentivado sua candidatura. O PSDB venceu todas as eleições no estado desde 1994.
Com a sua situação partidária indefinida, Bolsonaro ainda não manifestou preferência por nenhum dos postulantes do seu campo e tem sugerido o nome do ministro da Infraestrutura, que não possui nenhum vínculo com São Paulo — Tarcísio nasceu e estudou no Rio e se radicou em Brasília.
Discussões sobre quem será o candidato bolsonarista foram travadas em almoço de Bolsonaro com mulheres empresárias. Tarcísio foi perguntado se tinha interesse em concorrer e negou. O Ministério da Infraestrutura informou que ele “não é filiado a nenhum partido e não se apresenta como candidato a qualquer cargo eletivo”.
A avaliação no núcleo bolsonarista, porém, é de que o ministro pode entrar na disputa se receber uma ordem expressa do presidente.
“Por mais que o Tarcísio diga que não tem interesse, ele é um soldado. É um cumpridor de missão do presidente”, diz o deputado estadual Gil Diniz (sem partido).
No mesmo almoço, quem também chamou a atenção foi o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. Um dos poucos homens sem cargo no governo a estar presente, ele se sentou à mesma mesa que o presidente.
Interlocutores dizem que Skaf ainda avalia o cenário para decidir se encara a quarta disputa pelo governo de São Paulo. O empresário deixará o comando da Fiesp no segundo semestre e aguarda o desenrolar da CPI da Covid para saber o grau de desgaste do governo.
Salles no páreo
Caso decida concorrer, Skaf terá que encontrar um novo partido, já que o MDB descarta se vincular a Bolsonaro. O presidente da Fiesp ainda tem uma relação desgastada com a cúpula da legenda. Procurado, Skaf disse que só falaria sobre política após o fim da pandemia do novo coronavírus.
Os aliados do presidente entendem que Skaf, por ter sido no passado aliado dos petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, teria dificuldade de aglutinar o eleitorado conservador. Weintraub e Luiz Philippe são vistos com mais adesão entre a militância de direita. Outro nome corre por fora: o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que ganhou prestígio entre os bolsonaristas por sua atuação na pasta.
A busca de um partido é um problema que atinge todos os políticos que pleiteiam o posto de candidato bolsonarista em São Paulo. Como o presidente ainda não decidiu por qual legenda concorrerá à reeleição, os aliados paulistas do presidente têm negociado diretamente com as siglas. Um dos caminhos considerados mais viáveis é o PTB, de Roberto Jefferson.
Quando questionado, Weintraub, que vive atualmente nos Estados Unidos, não confirma, mas também não descarta a candidatura. Salles não respondeu ao contato do GLOBO. O deputado Luiz Philippe fala abertamente sobre o seu interesse de entrar na disputa:
“Estou à disposição. A ideia é apresentar uma pauta liberal na economia, conservadora nos costumes e com ênfase na segurança”.