Bolsonaro chama Moraes para ser vice em 2026: ‘Declino’, diz ministro
Por: Jadson Lima*
10 de junho de 2025
MANAUS (AM) – Sentado no banco dos réus e inelegível até 2030, o ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022) convidou, nesta terça-feira, 10, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para ser o seu candidato a vice-presidente da República nas eleições previstas para ocorrer em outubro de 2026. Após a brincadeira, registrada durante o depoimento dele na ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado no Brasil, Moraes declinou do convite.

O depoimento de Bolsonaro começou às 14h33 e levou cerca de duas horas. Ele levou um exemplar da Constituição para a mesa de depoimento e o levantou enquanto discursava sobre não ter atentado contra a democracia.
O ex-presidente disse ainda que não era o único a criticar as urnas eletrônicas. Ele disse que usava a retórica contra o sistema eletrônico de votação desde 2012.
Na Presidência, Bolsonaro acumulou uma série de declarações golpistas, provocou crises entre os Poderes, colocou em xeque a realização das eleições de 2022, ameaçou não cumprir decisões do STF e estimulou com mentiras e ilações uma campanha para desacreditar o sistema eleitoral do país.
Jair Bolsonaro é ouvido na Primeira Turma da corte enquanto os seus principais aliados, denunciados como integrantes do “núcleo 1” de uma organização criminosa que discutiu formas de reverter o resultado da eleição presidencial, assiste ao depoimento em cadeiras posicionadas atrás do réu. “Posso fazer uma brincadeira? Eu gostaria de convidá-lo para ser vice em 26”, disse Bolsonaro. Moraes respondeu: “Eu declino novamente”.
Após a derrota para Lula, incentivou a criação e a manutenção dos acampamentos golpistas que se alastraram pelo país e deram origem aos ataques do 8 de Janeiro.
Nesse mesmo período, adotou conduta que contribuiu para manter seus apoiadores esperançosos de que permaneceria no poder e, como ele mesmo admitiu, reuniu-se com militares e assessores próximos para discutir formas de intervir no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e anular as eleições.
A defesa de Bolsonaro nega a participação do ex-presidente em crimes e argumenta, entre críticas à denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), que não há provas de ligação entre a suposta conspiração iniciada no Palácio do Planalto, em junho de 2021, e os atos de vandalismo de 8 de janeiro de 2023.
A PGR o acusa de ser o líder da organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado após a eleição de Lula (PT) à Presidência da República.