Bolsonaro e aliados são alvo de operação da Polícia Federal
08 de fevereiro de 2024
Da esquerda para direita: general Augusto Heleno, Anderson Torres, general Braga Netoe o ex-comandante do Exército Paulo Sérgio Nogueira (Composição: Weslley Santos/Rede Cenarium)
Da Revista Cenarium*
SÃO PAULO (SP) – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) deflagrada nesta quinta, 8, que investiga uma tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no poder.
A PF foi à casa dele, em Angra dos Reis, e apreendeu o celular de um de seus assessores, Tercio Arnaud Thomaz, que estava na residência.
Determinou também que Bolsonaro entregasse o passaporte. Como o documento não estava em Angra, os policiais deram 24 horas para que ele seja entregue.
“Saí do governo há mais de um ano e sigo sofrendo uma perseguição implacável”, disse Bolsonaro numa ligação de WhatsApp por vídeo à coluna.
Além de determinar a entrega do passaporte, a PF informou ao ex-presidente que ele está proibido de se comunicar com os outros alvos da operação.
“Me esqueçam, já tem outro governando o país”, seguiu o presidente.
Ele afirmou à coluna que está ainda se inteirando das buscas e apreensões e das prisões e que não poderia dar mais declarações. “Estou tentando entender, parece que é um novo inquérito”, disse.
A PF deflagrou nesta quinta a Operação Tempus Veritatis para apurar organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder.
Os policiais cumprem 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva em 10 estados e no Distrito Federal (DF).
Dois ex-assessores de Bolsonaro _o coronel Marcelo Câmara e Felipe Martins _foram presos.
Há ainda medidas cautelares, como proibição de contatos entre os investigados, retenção de passaportes e destituição de cargos públicos.
Entre os alvos da operação estão os ex-ministros de Bolsonaro general Augusto Heleno (GSI), general Braga Netto (Casa Civil e Defesa), Anderson Torres (Justiça) e o ex-comandante do Exército Paulo Sérgio Nogueira, como mostrou a reportagem.
Nogueira é acusado de ter comandado a investida do Exército contra as urnas eletrônicas.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também é alvo de busca e apreensão.
Na lista estão ainda o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, e o general Estevam Theophilo Gaspar. Ligado a Paulo Nogueira, ele foi o chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército no governo Bolsonaro.
Além dos mandados de prisão preventiva contra Felipe Martins e Marcelo Câmara, um outro assessor, Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército, deve ser detido e está sendo procurado.
Falas contrárias à democracia não foram raras no discurso de Bolsonaro como presidente. Em fevereiro de 2021, durante uma formatura de cadet Gabriela Biló/Folhapress
As medidas foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das milícias digitais.
Segundo a PF, as investigações apontam que o grupo investigado se “dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.”
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