Bolsonaro escala crise com Judiciário e põe cabos eleitorais para agredir adversários nas ruas

Os cabos eleitorais do presidente passaram a orquestrar ações truculentas, nas ruas, contra críticos do seu governo, a fim de forçar a narrativa de que seus adversários são hostilizados (Thiago Alencar/CENARIUM)

Ações orquestradas

Apesar da melhora do seu desempenho nas pesquisas de intenção de votos, o presidente Jair Bolsonaro segue em seu projeto de golpear a democracia colocando em xeque o sistema eleitoral, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo Tribunal Federal (STF). A elevação da temperatura da crise suscita o sentimento que, internamente, Bolsonaro e seus apoiadores ainda alimentam, o grande temor de perder nas urnas. Mais recentemente, seus cabos eleitorais passaram a orquestrar ações truculentas, nas ruas, contra críticos do seu governo, a fim de forçar a narrativa de que seus adversários são hostilizados.

Covardia e agressões

Depois do ex-presidente Lula e do pré-candidato Ciro Gomes, as mais recentes agressões dos amigos do presidente tiveram como alvo a ex-senadora pelo Amazonas, Vanessa Grazziotin, o vice-presidente da Câmara, deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM) e o senador Omar Aziz (PSD-AM). Contra Grazziotin, foi um ato que esbanjou covardia, talvez pelo fato de se tratar de uma mulher. Um pequeno grupo de cabos eleitorais, chamados por telefone pelo “organizador da ação”, atacou a ex-senadora, que visitava o bairro Compensa. Um deles chegou a abaixar as calças e mostrar as nádegas quando ela passava. Baixaria perde.

“Parça do compadre”

Em Tefé, três cabos eleitorais do bolsonarismo foram expulsos de uma padaria, após ataques a Ramos e a Aziz. Um dos agressores, identificado como “Paulo Igson Bolsonaro”, em cuja foto dos perfis, nas redes, aparece ao lado do pré-candidato ao Senado do PL, Alfredo Menezes, “parça e compadre de Bolsonaro”. Numa ação claramente orquestrada, Igson chega com uma jaqueta preta fechada, nos 40 graus de calor de Tefé, revela a camisa com a imagem de Bolsonaro e inicia as agressões verbais, já com um dos comparsas com celular pronto para gravar. Entre os xingamentos, reforços a fake news sobre o Fundão, aprovado e sancionado pelo Governo Bolsonaro.

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Bolsonaristas expulsos

Como a “manifestação fabricada” não encontrou eco, os cabos eleitorais não conseguiram mais do que perturbar as pessoas que tomavam seu café da manhã, daí a atitude do proprietário do estabelecimento de expulsar os três bolsonaristas. Segundo Marcelo Ramos, os ataques violentos tendem a escalar com a proximidade das eleições. “Essa gente não conseguirá me intimidar nem calar as críticas que faço aos decretos do presidente que ameaçam os empregos da Zona Franca de Manaus e a economia do Amazonas, bem como sua leniência com os crimes contra a floresta, os povos da Amazônia e o povo brasileiro”.

Pelo direito de ir às ruas

Com o agravamento da polarização política, a Polícia Federal anunciou reforço no esquema de segurança a candidatos para garantir que todos possam ter o direito de levar suas mensagens às ruas sem serem agredidos. Ponto de atrito entre o Bolsonaro e o STF, o inquérito das fake news está perto de chegar aos financiadores da produção e dos disparos em massa de notícias falsas, que devem ser os mesmos que pagam por ações virulentas nas ruas. Para o relator, ministro Alexandre de Moraes, “Liberdade de expressão não é liberdade de agressão”. O mesmo vale para o direito de se manifestar nas ruas, que não pode ser o direito de agredir ou intimidar.

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