Bolsonaro no céu de brigadeiro

Bolsonaro navega em céu de brigadeiro. Pesquisas indicam que a maioria do povo brasileiro não acha que ele tem culpa pela quantidade de mortes causadas pela Covid-19. Se a eleição presidencial fosse hoje, ele venceria todos os seus adversários. Além disso, os seus candidatos que disputam as presidências do Senado e da Câmara Federal são favoritos. E mais: emplacou no Supremo Tribunal Federal – STF um ministro que já votou a favor do desmonte das ações judiciais de combate à corrupção, e favorável aos amigos do presidente. Pois bem, quando é para fazer a velha política, a política tradicional, Bolsonaro se mostra bem mais capaz que os outros, o que vem lhe rendendo apoio popular.

A Covid-19 já matou mais de 180 mil pessoas no Brasil. Num clima de muito medo, pouca ação conjunta dos governos, muito conflito político entre os governantes, frases e atitudes dantescas do presidente, além de corrupções e o caos no sistema de saúde pública, no último domingo (13), o Instituto Datafolha publicou uma pesquisa em que 52% dos entrevistados isentam Bolsonaro de culpa por mortes na pandemia, 38% acham que ele é um dos culpados, somente 8% consideram como principal culpado. A pesquisa aponta, também, que 37% aprova o governo, um índice que se mantem estável nos últimos quatro meses.

Pesquisas eleitorais para presidência da República dão vantagens a Jair Bolsonaro. A do Instituto Paraná, do dia 04 de dezembro, apresentava três cenários prováveis para as eleições de 2022. O presidente venceria em todos os cenários com percentual positivo de escolha, já no primeiro turno, varia de 31% a 35%, praticamente o dobro dos demais postulantes. No caso de manutenção da inelegibilidade do ex-presidente Lula, Bolsonaro teria o triplo de intenções de votos sobre os demais concorrentes, como Sérgio Moro, Ciro Gomes, Fernando Haddad, Luciano Huck, Guilherme Boulos, João Dória e João Amoêdo. Na pesquisa da revista Exame de dezembro (04), embora com índice de 28%, na corrida presidencial, ele segue liderando em todas as regiões do País.

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Para as eleições das presidências das Casas Legislativas do Congresso Nacional, Jair Bolsonaro trabalha com dois nomes favoritos. Deputado Arthur Lira (PP) e o senador Rogério Pacheco (DEM). Ambos compõem um grande arco de aliança com partidos, deputados e senadores de ideologias e de posições políticas diversas. Ademais, a gestão Rodrigo Maia (DEM) chega ao fim e deixa engavetados dezenas de pedidos de Impeachment.

O ministro Kassio Nunes do Supremo Tribunal Federal (STF), indicado por Bolsonaro, e, recentemente empossado, já se uniu ao ministro Gilmar Mendes nos julgamentos de ações de combate à corrupção, causando derrotas à Lava Jato. No julgamento que proibiu a reeleição de Rodrigo Maia e de Davi Alcolumbre, o ministro Kassio votou contra a reeleição de Maia e a favor do atual presidente do Senado, posição defendida por Bolsonaro. Ele Pediu vistas e adiou votação de processo que acusa um deputado federal amazonense de “rachadinhas”, em caso similar ao do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente.

O Brasil não vai bem. Crises econômicas e sociais. Milhares de pessoas mortas pela Covid-19, a classe política desacreditada, as instituições públicas sem credibilidade, o País reduziu relações comerciais e diplomáticas, fauna e flora queimam, mas o presidente vai bem, continua com apoio popular.

Enquanto o presidente tem céu de brigadeiro, as oposições não conseguem sequer manter diálogos. Sem programa e estratégia política e de comunicação, além da falta de uma leitura real dos sentimentos e necessidades dos brasileiros, as oposições caminham hoje para uma nova derrota.

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