Bolsonaro prioriza hidrelétricas enquanto povos tradicionais apontam soluções sustentáveis na COP26

Mesmo classificadas como "energia limpa", as hidrelétricas na Amazônia podem causar uma emissão significativa de dióxido de carbono e de metano (Reprodução/RBA)
Com informações da assessoria

Na semana em que o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Paulo Cesar Domingues, anunciou que o governo brasileiro está estudando formas de destravar a construção de hidrelétricas com reservatórios, e que vai priorizar a construção da usina de São Luiz do Tapajós, no Pará, indígenas e quilombolas brasileiras irão mostrar ao mundo, durante a COP26, os impactos socioambientais negativos desse tipo de empreendimento e apresentar alternativas para a geração de energia limpa e sustentável na Amazônia que já estão sendo praticadas pelas comunidades tradicionais.

A hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, que teve a licença ambiental negada pelo Ibama em 2016 por conta dos impactos socioambientais ao território Munduruku, deverá inundar um território maior do que a cidade de Salvador e provocar desequilíbrio ambiental na região. O projeto do governo federal, de construir cinco hidrelétricas na bacia do Tapajós, irá afetar mais de 120 comunidades indígenas.

As lideranças indígenas e quilombolas brasileiras participarão de dois eventos sobre o tema na COP26, que acontece em Glasgow, na Escócia, ambos no dia 4 de novembro e com transmissão ao vivo pelas redes sociais.

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(Reprodução/Internet)

Além de Juma Xipaia, liderança indígena do povo Xipaia, que foi a primeira mulher a se tornar cacica no Médio Xingu, região de Belo Monte, liderando a aldeia Kaarimã, no Pará, e de Alessandra Korap, liderança das mulheres guerreiras Munduruku do Médio Tapajós, participarão dos eventos a liderança indígena Sineia do Vale, do povo Wapichana, de Roraima, a coordenadora executiva na CONAQ e liderança do Quilombo Mesquita, de Goiás, Sandra Braga, e Ati Villafaña Izquierdo, liderança da comunidade indígena Arhuaca, no norte da Colômbia.

Ricardo Baitelo, coordenador de projetos do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA) também estará presente, apresentando alternativas sustentáveis para a matriz energética brasileira.

O painel “Hidrelétricas: a solução energética condenada pela crise climática?”, acontece a partir de 11h30 (8h30 de Brasília), no espaço Brazil Hub, e poderá ser acompanhado remotamente por este link.

(Reprodução/Internet)

Entre os temas abordados pelos participantes estão os impactos desses grandes empreendimentos sobre os modos de vida das populações indígenas, quilombolas e ribeirinhas e alternativas para a geração de energia limpa e sustentável na Amazônia. A moderação será de Marcelo Salazar (Saúde em Harmonia).

Já o painel “Povos indígenas da Amazônia e mudanças climáticas: novas soluções energéticas dos territórios indígenas” será realizado na Tower Base North (na área verde) a partir das 16h (13h de Brasília) e poderá ser acompanhado pelo link. A moderação será de David Knecht (Fastenopfer).

A proposta é mostrar que, mesmo classificadas como “energia limpa”, as usinas hidrelétricas na Amazônia podem causar uma emissão significativa de dióxido de carbono e de metano, além de promoverem a violação de direitos dos povos originários e impactos profundos na biodiversidade. Soluções em energia limpa, inovadora e sustentável encontradas nas comunidades tradicionais também serão apresentadas pelas lideranças.

O painel “Hidrelétricas: a solução energética condenada pela crise climática?” é realizado com o apoio de Uma Gota no Oceano, Apib, Coiab, Movimento Xingu Vivo Para Sempre, CONAQ, IEMA, Saúde em Harmonia, RCA e Opan. Enquanto o painel “Povos indígenas da Amazônia e mudanças climáticas: novas soluções energéticas dos territórios indígenas” é uma realização de Uma Gota no Oceano, Apib, Coiab, Movimento Xingu Vivo Para Sempre, CIR, RCA, Opan, Asociación Ambiente y Sociedad de Colombia, Fundação Ford, Rainforest Fundation of Norway (RFN), Fastenopfer e Open Society Foundation.

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