Bolsonaro, Valdemar, Cid e padre; veja quem são os indiciados pela PF
Por: Bianca Diniz e Ana Pastana
21 de novembro de 2024
Da esquerda para a direita: Mauro Cid, José Eduardo, Jair Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto (Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)
MANAUS (AM) – A Polícia Federal (PF) concluiu nesta quinta-feira, 21, o inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado após a vitória nas urnas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. De acordo com a PF, foram indiciados o ex-presidente da república Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Com mais de 800 páginas, o relatório final das investigações foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta quinta-feira, e será encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que deve decidir se vai denunciar ou não os indiciados.
De acordo com o relatório da PF, Bolsonaro tinha conhecimento do plano para assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), além do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do STF Alexandre de Moraes;
Ex-presidente Jair Bolsonaro (Divulgação)
Ailton Gonçalves Moraes Barros
Ex-major do Exército e advogado, o militar foi candidato a deputado estadual pelo PL-RJ em 2022, autodenominando-se “01 de Jair Messias Bolsonaro”. Em maio de 2023, ele foi preso pela PF por suspeita de envolvimento em fraudes nos certificados de vacinação contra a Covid-19, que teriam beneficiado Bolsonaro e a família;
Ailton Gonçalves Moraes Barros (Reprodução)
Valdemar Costa Neto
Presidente do Partido Liberal (PL), partido de Bolsonaro, e figura influente na política brasileira;
O Presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto (Reprodução)
Alexandre Castilho Bitencourt da Silva
Coronel do Exército, identificado pela PF como um dos autores de uma carta que pressionava por um golpe de Estado após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022;
Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, Coronel do Exército (Reprodução)
Amauri Feres Saad
Segundo a CPI dos Atos Golpistas, o professor de direito administrativo e constitucional Amauri Feres Saad teria dado assessoria jurídica a Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, na elaboração de uma minuta que previa a ruptura democrática no Brasil;
O professor de direito administrativo e constitucional Amauri Feres Saad (Reprodução)
Walter Souza Braga Netto
General de Exército da reserva, exerceu os cargos de ministro-chefe da Casa Civil e ministro da Defesa no governo Bolsonaro. Foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022. De acordo com a PF, a casa dele foi usada para realização de reuniões com teor golpista;
O General de Exército da reserva, Walter Souza Braga Netto (Reprodução)
Mauro Cesar Barbosa Cid
Conhecido como “Coronel Cid”, o militar foi ajudante de ordens de Bolsonaro e também está envolvido em esquema de falsificação de documentos e outras atividades ilícitas. Ele assinou acordo de colaboração premiada após o avanço das investigações;
O Coronel Mauro Cid (Reprodução)
Anderson Lima de Moura
Coronel da ativa do Exército, a PF identificou o militar como um dos autores da carta que pressionava por um golpe de Estado em 2022;
O Coronel da ativa do Exército, Anderson Lima de Moura (Reprodução)
Militar Angelo Martins Denicoli
Ex-diretor de monitoramento e avaliação do SUS (Sistema Único de Saúde);
O Militar Angelo Martins Denicol (Reprodução)
Augusto Heleno Ribeiro Pereira
General de Exército da reserva, foi ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo Bolsonaro. O militar, de acordo com as investigações, também teve participação em encontros para discutir formas de Bolsonaro se manter no poder após a derrota nas urnas;
O General da reserva Augusto Heleno Ribeiro Pereira (Reprodução)
Coronel do Exército Bernardo Romão Corrêa Netto
Coronel do Exército é apontado como um dos participantes em reuniões golpistas visando impedir a posse de Lula. Preso ao retornar de missão nos EUA, o militar é considerado aliado de Mauro Cid e integra o grupo dos “Kids Pretos” no Exército.
O Coronel do Exército Bernardo Romão Corrêa Netto (Reprodução)
Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
General de Exército, foi comandante do Exército Brasileiro e ministro da Defesa durante o governo Bolsonaro;
O General de Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira (Reprodução)
Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
Engenheiro que reivindicou, sem sucesso, a patente da urna eletrônica no Brasil em 1996. Em 2022, fundou o Instituto Voto Legal e foi contratado pelo PL para questionar a lisura das eleições;
O engenheiro Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (Reprodução)
Carlos Giovani Delevati Pasini
Coronel da reserva, doutor em Educação e ex-professor do Colégio Militar de Belém. Foi indiciado em 2024 por elaborar uma carta pressionando a cúpula militar a apoiar um golpe após a eleição de Lula;
O coronel da reserva, Carlos Giovani Delevati Pasini (Reprodução)
Hélio Ferreira Lima
Integrante do grupo dos “Kids Pretos”, o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima comandou 3ª Companhia de Forças Especiais do Comando Militar da Amazônia (CMA). Ele foi preso preventivamente nessa terça-feira, 19, por suposto envolvimento no plano golpista;
O Hélio Ferreira Lima (Reprodução)
Cleverson Ney Magalhães
Coronel do Exército Brasileiro e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres. Em fevereiro de 2024, ele foi alvo da Operação Tempus Veritatis, conduzida pela PF;
O coronel do Exército Brasileiro Cleverson Ney Magalhães (Reprodução)
lexandre Rodrigues Ramagem
Ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e aliado de Bolsonaro. Atualmente ele ocupa o cargo de deputado federal.
O Ex-diretor-geral da Abin, Alexandre Rodrigues Ramagem (Reprodução)
Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
General de quatro estrelas do Exército e ex-comandante do Comando de Operações Terrestres (COTER). O militar participou de reuniões com Bolsonaro e liderou articulações para ações clandestinas e antidemocráticas com o grupo “Kids Pretos”, segundo apontou a PF;
O general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira (Reprodução)
Fabrício Moreira de Bastos;
O militar é bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras, é coronel e foi adido do Exército em Tel Aviv, capital de Israel.
Almir Garnier Santos
Almirante de Esquadra, foi comandante da Marinha do Brasil durante o governo Bolsonaro. O militar é apontado como o único dos três chefes das Forças Armadas que colocou tropas à disposição das ações para ruptura democrática no final de 2022;
O Almirante de Esquadra, Almir Garnier Santos (Reprodução)
Fernando Cerimedo
Empresário e marqueteiro argentino;
O empresário Fernando Cerimedo (Reprodução)
Giancarlo Gomes Rodrigues
Subtenente do Exército e um dos responsáveis pelo monitoramento clandestino de opositores políticos;
O Tenente Coronel PM Giancarlo (Reprodução)
Guilherme Marques de Almeida
Tenente-coronel e ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia;
O Coronel do Exército, Guilherme Almeida (Reprodução)
Anderson Gustavo Torres
Ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, investigado pela atuação dele durante os eventos de 8 de janeiro de 2023. Torres guardava uma minuta de decreto que previa ações ilegais para mudar o resultado da eleição de 2022. O documento foi encontrado na casa do ex-ministro no âmbito de uma operação de busca e apreensão;
O ex-ministro da Justiça, Anderson Torres (Reprodução)
José Eduardo de Oliveira e Silva
Padre católico da Diocese de Osasco e doutor em Teologia Moral. Indiciado pela PF, ele era um dos investigados por suposta participação em reuniões golpistas. É ativo nas redes sociais, defende pautas conservadoras e critica a ideologia de gênero e o aborto;
O padre católico José Eduardo de Oliveira e Silva (Reprodução)
Marcelo Bormevet
Policial federal, a investigação da PF apontou que ele deu ordens a um subordinado, Giancarlo Gomes Rodrigues, para mandar “bala” e “sentar o pau” [sic]” em um assessor do presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso;
O policial federal Marcelo Bormevet (Reprodução)
Mario Fernandes
General da reserva, apontado como um dos líderes de grupos golpistas;
Mario Fernandes, General da reserva (Reprodução)
Tércio Arnaud Tomaz
Ex-assessor especial de Bolsonaro, integrante do chamado “gabinete do ódio”. Ele era responsável por estratégias digitais;
Tércio Arnaud Tomaz, Ex-assessor especial de Bolsonaro (Reprodução)
Filipe Garcia Martins
Ex-assessor especial para assuntos internacionais de Bolsonaro;
O ex-assessor Filipe Garcia Martins (Reprodução)
Marcelo Costa Câmara
Coronel do Exército, foi ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Câmara foi alvo da Operação Tempus Veritatis;
O Coronel do Exército Marcelo Costa Câmara (Reprodução)
Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
Neto do ex-presidente do regime militar João Figueiredo, investigado por suposto envolvimento em atos antidemocráticos;
Paulo Renato Filho (Reprodução)
Nilton Diniz Rodrigues
General de Brigada do Exército, comandando a 2ª Brigada de Infantaria de Selva no Amazonas desde 2023. Foi convocado em 2024 para depoimento sobre a possível participação no 8 de janeiro de 2023. O nome dele surgiu nas investigações após análise de dados;
General de brigada do Exército, Nilton Diniz Rodrigues (Reprodução)
Laercio Vergilio
Nome associado a manifestações e políticas ultraconservadoras;
Laercio Vergilio (Reprodução)
Ronald Ferreira de Araújo Júnior
Tenente-coronel do Exército, especialista em Comunicações e investigado no inquérito da PF que foi concluído nesta quinta-feira;
Ronald Ferreira de Araújo Júnior (Reprodução)
Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros
O tenente-coronel Cavaliere foi alvo da Operação Tempus Veritas que apura a organização criminosa responsável por atuar em tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, depois das eleições de 2022;
Wladimir Matos Soares
Policial federal preso preventivamente nessa terça-feira, 19, no âmbito da Operação Contragolpe, Wladimir é apontado como participante do esquema após a análise de materiais apreendidos com outros investigados;
Policial Federal Wladimir Matos (Reprodução)
Relatório final
A PF concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro sabia do plano de assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. Conversas interceptadas entre os militares durante os meses de novembro e dezembro de 2023 mostram que o ex-presidente estava a par do planejamento em curso para matar as autoridades.
A trama para executar Lula, Alckmin e Moraes veio à tona após a “Operação Contragolpe”, na terça-feira, 19, com a prisão do general Mário Fernandes, três ‘kids pretos’ e um policial federal.
Leia na íntegra a nota da PF:
A Polícia Federal encerrou nesta quinta-feira (21/11) investigação que apurou a existência de uma organização criminosa que atuou de forma coordenada, em 2022, na tentativa de manutenção do então presidente da República no poder.
O relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal com o indiciamento de 37 pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. As provas foram obtidas por meio de diversas diligências policiais realizadas ao longo de quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo poder Judiciário.
As investigações apontaram que os investigados se estruturaram por meio de divisão de tarefas, o que permitiu a individualização das condutas e a constatação da existência dos seguintes grupos:
a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral; b) Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado; c) Núcleo Jurídico; d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas; e) Núcleo de Inteligência Paralela; f) Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas
Com a entrega do relatório, a Polícia Federal encerra as investigações referentes às tentativas de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Penas previstas
Golpe de Estado: 4 a 12 anos de prisão; Abolição violenta do Estado Democrático de Direito: 4 a 8 anos de prisão; Integrar organização criminosa: 3 a 8 anos de prisão.
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