Bombardeio de Israel ao Irã mata comandantes militares e cientistas
Por: Cenarium*
13 de junho de 2025
SÃO PAULO – Israel bombardeou o Irã nesta quinta-feira, 12, depois que negociações nucleares entre Teerã e os Estados Unidos de Donald Trump estagnaram. Tel Aviv atacou a infraestrutura nuclear do país persa e mirou seus altos comandantes militares —a televisão estatal iraniana informou que o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o general Mohammad Bagheri, morreu no ataque israelense. A emissora confirmou a morte do chefe da Guarda Revolucionária Islâmica, Hossein Salami. Israel afirmou que um outro general da cúpula foi morto, sem especificar, e Teerã não confirmou.
Israel já havia dito que não permitiria que o país persa, seu inimigo histórico, adquirisse uma bomba atômica, algo que o regime iraniano parece próximo de ser capaz de fazer. De acordo com os militares israelenses, dezenas de alvos foram atacados no Irã, e a operação poderia durar muito tempo.
A mídia iraniana relatou que pelo menos seis importantes cientistas nucleares foram mortos: Abdolhamid Minouchehr, Ahmadreza Zolfaghari, Amirhossein Feqhi, Motalleblizadeh, Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoun Abbasi.

Explosões foram ouvidas em Teerã na noite de quinta, madrugada de sexta, 13, no Oriente Médio, de acordo com a agência de notícias estatal iraniana Nour. A televisão estatal do país disse que as defesas aéreas do Irã estavam em alerta máximo, e que áreas residenciais foram atingidas.
Incêndios foram relatados na capital, e uma autoridade iraniana disse que o bairro de Shahrak Shahid Mahalati, onde vivem altos comandantes militares, foi atacado —três prédios residenciais teriam sido destruídos na região. Mais tarde, a mídia do país disse que crianças estavam entre os mortos.
Um dos alvos foi a instalação nuclear de Natanz, um dos centros mais importantes de enriquecimento de urânio do país. Ainda não se sabe quanto dano foi causado ao local —relatos apontam que a centrífuga de urânio da instalação fica a mais de 40 metros debaixo da terra para protegê-la de ataque aéreo. Um porta-voz do Exército iraniano disse que Israel “pagará um preço caro” pelo ataque.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse que a primeira onda de ataques aéreos contra o Irã foi realizada “com sucesso“.
“Realizamos um ataque inicial com sucesso e, com a ajuda de Deus, conseguiremos muito mais“, afirmou, em uma declaração por vídeo. “Golpeamos o alto comando, golpeamos cientistas de alto nível que impulsionam o desenvolvimento de bombas atômicas, golpeamos instalações nucleares“.
“Este é um momento decisivo na história de Israel“, disse, mais cedo, o primeiro-ministro. “Momentos atrás, lançamos a operação ‘Leão em Ascensão’, que tem o objetivo de combater a ameaça iraniana à sobrevivência de Israel. Nossos pilotos estão atacando uma série de alvos, e essa ação vai durar por quantos dias for necessário“, afirmou o premiê, que convocou milhares de reservistas.
“Essa operação vai prejudicar a infraestrutura nuclear do Irã e suas capacidades militares“, continuou Netanyahu. “Atacamos o coração do programa de enriquecimento de urânio [de Teerã]“, afirmou, acrescentando que a ofensiva também teve como alvo cientistas que trabalham no programa nuclear do país persa. “Nossa luta não é contra o povo iraniano, e sim contra a ditadura do Irã.“
As Forças Armadas de Israel disseram ainda que o Irã possui material físsil em quantidade suficiente para produzir 15 bombas atômicas “em questão de dias”.
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamanei, prometeu vingança e afirmou que Israel “prepara um destino amargo” para si. Já Ali Shamkhani, um de seus conselheiros mais próximos, foi atingido e está em estrado grave, de acordo com a imprensa do país.
Minutos após o início dos ataques, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que as forças americanas não participaram da ofensiva. Ao mesmo tempo, em tom de ameaça ao regime iraniano, disse que a prioridade do país é proteger os “interesses e pessoal” de Washington na região.
“Esta noite, Israel tomou medidas unilaterais contra o Irã. Não estamos envolvidos em ataques contra o Irã e nossa principal prioridade é proteger as forças americanas na região“, escreveu ele em comunicado. “Deixem-me ser claro: o Irã não deve atacar interesses ou pessoal americano.”
De acordo com a imprensa americana, os Estados Unidos já haviam dito a Israel que não participariam diretamente de um ataque contra o programa nuclear do Irã. Mesmo assim, Israel aposta na proteção de Washington quando houver retaliação da república islâmica, e Trump convocou uma reunião de emergência de seu gabinete para acompanhar os desdobramentos da ação.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores do Irã afirmou que “as ações agressivas do regime sionista [Israel] contra o Irã não podem ter sido realizadas sem a coordenação e autorização dos EUA“. “Consequentemente, o governo dos EUA, como principal apoiador deste regime, também será responsável pelos efeitos e consequências perigosas da aventura do regime sionista.“
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, declarou emergência nacional em todo o território do Estado judeu, dizendo que ataques com mísseis e drones vindos do Irã “são esperados“. Durante a emergência, escolas, universidades e a maior parte dos escritórios ficam fechados, enquanto reuniões públicas são proibidas. O espaço aéreo de Israel também foi fechado.
Autoridades de Israel disseram à emissora Canal 13 que as forças do país estão se preparando para “dias de batalha” contra o Irã. Nesta sexta, o Exército israelense afirmou que o Irã lançou quase 100 drones contra seu território e que está tentando interceptá-los.
“O Irã lançou aproximadamente 100 (drones) contra o território israelense, que tentamos interceptar“, disse o porta-voz militar Effie Defrin a jornalistas. Ele acrescentou que Israel mobilizou 200 aviões de combate para bombardear quase 100 alvos em seus ataques contra o Irã.
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