Brasil defende US$ 1,3 trilhão anuais para enfrentamento da crise climática
Por: Ana Pastana e Fred Santana*
15 de novembro de 2025
MANAUS (AM) – Para financiar medidas de adaptação climática e transição energética que consigam limitar o aquecimento global à 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, meta definida durante o Acordo de Paris, em 2015, é necessário implementar uma renda anual de 1,3 trilhão de dólares até 2035. Este é um dos desafios da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada este mês, em Belém (PA).
Para a preservação das florestas, a principal proposta que o Brasil levará à Conferência é o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), que pretende criar um novo modelo de financiamento para remunerar os países que mantêm suas florestas tropicais preservadas.
O objetivo do fundo é captar recursos de países e da iniciativa privada, pagando juros baixos, para depois usar o diferencial desses rendimentos para remunerar as nações que mantêm florestas em pé. A meta inicial é levantar cerca de 25 bilhões de dólares junto a governos, com potencial para ultrapassar os 100 bilhões de dólares com a entrada do setor privado.

Metas ambiciosas
Outra meta do País é reduzir as emissões líquidas de gases-estufa no território de 59% a 67% até 2035, em comparação aos níveis de 2005 — o que equivale a alcançar entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente. Essa meta foi apresentada na COP29, realizada em Baku, no Azerbaijão, no ano passado, por meio das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).
O Brasil é altamente vulnerável aos impactos climáticos. O avanço de áreas desertificadas, a expansão de zonas semiáridas e as fortes oscilações entre períodos de chuva em excesso e de estiagem já são realidade. Um dos ganhos do País, contudo, está na expansão de biocombustíveis, inicialmente ligada à segurança energética e que hoje se conecta também à agenda climática.
O que diz a presidência da COP30
O secretário-executivo da ONU para Mudanças Climáticas, Simon Stiell, afirmou neste sábado, 15, durante o terceiro Diálogo Ministerial de Alto Nível sobre Financiamento Climático da COP30, que os países desenvolvidos precisam garantir financiamento mais previsível, acessível e robusto para permitir que nações vulneráveis executem seus planos climáticos. O encontro ocorreu por volta das 10h30, em Belém.
Stiell destacou que o financiamento climático é hoje o elemento que sustenta a capacidade dos países de transformar compromissos em ações concretas. “O financiamento climático é a força vital da ação climática. É isso que transforma planos em progresso e ambição em realidade”, afirmou aos ministros presentes.

Ele reforçou que o diálogo não é uma formalidade, mas um espaço para reconstruir confiança, especialmente entre países em desenvolvimento que ainda enfrentam dificuldade de acesso a recursos.
A confiança, segundo ele, continua sendo um fator decisivo para que compromissos assumidos sejam implementados no ritmo necessário.
“Sem isso, a implementação fica mais lenta, a ambição diminui e o progresso para todos se torna muito, muito mais difícil”, disse. Stiell reconheceu avanços desde o Acordo de Paris, como o aumento de fluxos públicos e privados e novas parcerias, mas reiterou que o volume de financiamento ainda está “muito aquém” do requerido.
Stiell afirmou compreender as limitações orçamentárias enfrentadas globalmente, mas insistiu que investir em clima é uma decisão racional, não filantrópica. “O financiamento climático não é caridade – é economia inteligente”, declarou. Ao pedir objetividade na próxima fase do trabalho relativo ao Artigo 9.5 do Acordo de Paris, ele destacou a importância de resultados tangíveis. “Peço que tornem os resultados o mais claros e acionáveis possível – para que ofereçam uma visão real do futuro aos países em desenvolvimento”, afirmou.
