OCDE e soberania na Amazônia: temas foram usados pelo Brasil para condenar ataques russos

Queimadas na Floresta Amazônica (Edilson Dantas / Agência O Globo)
Com informações do Infoglobo

BRASÍLIA — As discussões dentro do governo sobre que tom deveria ser usado pelo Brasil ante a invasão da Ucrânia pela Rússia levaram em conta não apenas a pressão internacional e o aumento da escalada dos ataques aos ucranianos. Segundo fontes próximas ao presidente Jair Bolsonaro, o surgimento de dificuldades adicionais para a candidatura brasileira à OCDE, o risco de novas barreiras ao comércio e até novos questionamentos envolvendo a soberania na Amazônia pesaram nos debates internos. 

Os países que mais pressionaram o Brasil a endurecer o discurso com os russos fazem parte da OCDE: Estados Unidos, França, Alemanha, Japão, Canadá, entre outros. Além disso, uma fonte lembrou que, em ano de eleição, o francês Emmanuel Macron “poderá dizer que defendemos nossa soberania na Amazônia, mas ignoramos a soberania como princípio internacional”, em uma referência à Ucrânia.

As queimadas e a devastação da Floresta Amazônica têm sido um dos pontos mais criticados pela comunidade internacional, principalmente os países da União Europeia. Um dos grandes desafios do governo brasileiro é o fim do desmatamento ilegal até 2028.

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Por outro lado, há quem aponte, no governo, o risco de piorar o desabastecimento de fertilizantes, com a condenação dos ataques russos. Na viagem que fez a Moscou, na semana passada, Bolsonaro acertou com o presidente Vladimir Putin que o país manteria as exportações desses produtos para o Brasil, considerados vitais para o agronegócio brasileiro.

Para um outro interlocutor da área econômica, no entanto, os preços dos fertilizantes continuam subindo no mundo inteiro. Esse cenário, por si só, já compromete as promessas feitas pelos russos de manter o fluxo para o Brasil. O que mais preocupa são eventuais prejuízos no setor energético, sobretudo no que diz respeito aos preços dos combustíveis e, com isso, o aumento da inflação.

Essas fontes relataram ao GLOBO que o ministro da Defesa, Braga Netto, e o assessor internacional da Presidência, Filipe Martins, defendiam que o Brasil apoiasse os EUA e votasse a favor de uma resolução condenando a Rússia desde o início.  Martins chegou a ser voto vencido dias antes da ida de Bolsonaro à Rússia, quando sugeriu que o presidente passasse pela Ucrânia, para que a viagem ficasse mais equilibrada.

Também havia pessoas inclinadas a apoiar os EUA no Itamaraty. Mas um novo posicionamento só foi conhecido na noite de sexta-feira, em reunião dos países que integram o Conselho de Segurança da ONU. Até então, prevalecia a defesa de uma solução diplomática negociada com base nos princípios estabelecidos pelas Nações Unidas.

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