Brasil não assina carta da OEA condenando invasão russa à Ucrânia

Prédio parcialmente destruído em Kiev, capital da Ucrânia (Gleb Garanich / Reuters)

Com informações do Infoglobo

BRASÍLIA — No mesmo dia em que votou pela condenação da Rússia no Conselho de Segurança da ONU, o Brasil não apoiou, na última sexta-feira, 25, uma declaração da Organização dos Estados Americanos (OEA) criticando os ataques russos à Ucrânia. Também não assinaram o documento Argentina, Bolívia e Nicarágua.

Segundo um interlocutor envolvido com o assunto, há pelo menos duas razões para essa atitude da delegação brasileira na OEA: a Ucrânia fica no continente europeu, e não nas Américas; e a posição do Brasil foi expressa no Conselho de Segurança. 

PUBLICIDADE

Em seu discurso, o embaixador do Brasil junto à Organização, Otávio Brandelli, reiterou a preocupação do Brasil com as operações militares russas na Ucrânia, defendeu a retomada do diálogo e disse que o Conselho de Segurança das Nações Unidas tem legitimidade para debater e apresentar alternativas. Já a OEA, esclareceu, é um organismo regional. 

“Devemos ter presente que alguns dos propósitos essenciais da nossa organização são precisamente garantir a paz e a segurança continentais, prevenir possíveis causas de dificuldades e assegurar solução pacífica de controvérsias entre seus membros”, afirmou. 

Brandelli afirmou, ainda, que o Brasil, na condição de membro não permanente do Conselho de Segurança, participa ativamente das discussões sobre a Ucrânia. Ele enfatizou: “nossos esforços também estão concentrados para evitar uma catástrofe humanitária”.  

Na noite de sexta-feira, o Brasil apoiou uma resolução que critica a “agressão russa” contra a Ucrânia, em reunião no Conselho de Segurança da ONU. Mas como a Rússia, como membro permanente do órgão, tem poder de veto — e o usou — o ato não teve validade.

A mudança de posição do governo brasileiro se deveu ao agravamento da escalada militar naquele país e à forte pressão de parte da comunidade internacional. Estiveram à frente dessa operação para convencer o Itamaraty atores como Estados Unidos, Alemanha, França e Japão.

O presidente Jair Bolsonaro, após ter provocado protestos e críticas ao ter afirmado ser solidário à Rússia, durante uma reunião com o presidente russo Vladimir Putin, há cerca de uma semana, em Moscou, tem evitado falar diretamente sobre a crise na região. Bolsonaro se manifestou, há dois dias, a respeito do esforço da embaixada do Brasil para retirar brasileiros que querem deixar a Ucrânia.

Neste sábado, 26, em uma rede social, Bolsonaro escreveu que a posição do Brasil em defesa da soberania, da autodeterminação e da integridade territorial dos Estados “sempre foi clara” e está sendo comunicada através dos canais adequados para isso, como o Conselho de Segurança da ONU, e por meio de pronunciamentos oficiais.

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.