Brasil tem uma das maiores desigualdades educacionais entre alunos, aponta OCDE

Escola particular em Campinas, São Paulo (Leandro Ferreira/Fotoarena/Agência O Globo)
Com informações do Infoglobo

RIO — O Brasil é um dos países com maior lacuna de desempenho educacional entre alunos com diferentes situações socioeconômicas, aponta relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado nesta quinta-feira, 16.

De acordo com o documento, entre os estudantes de 15 anos com baixo índice econômico, social e cultural, a proporção dos que atingiram ao menos o nível dois em leitura no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), considerado básico, foi 55% menor do que entre aqueles com alto índice — enquanto na média dos países analisados, a proporção foi 29% menor para esses alunos em comparação aos com índices socioeconômicos elevados.

As informações são apresentadas no relatório Education at a Glance 2021, que inclui dados educacionais de países membros e parceiros da organização.

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O documento aponta, ainda, a desigualdade de gênero: embora as mulheres tenham mais probabilidade de ter concluído o ensino superior do que os homens no país, elas têm menos chances de estar empregadas. No Brasil, 77% das mulheres entre 25 e 34 anos com ensino superior estavam empregadas em 2018, em comparação com 85% dos homens.

A diferença também foi observada na média dos países da OCDE: as taxas de emprego são de 80% para as mulheres jovens com ensino superior e 87% para os homens.

Entre as pessoas com níveis mais baixos de escolaridade, no entanto, a disparidade de gênero no emprego é maior. Apenas 35% das mulheres de 25 a 34 anos com escolaridade abaixo do ensino médio estavam empregadas em 2018 no Brasil, em comparação com 69% dos homens.

Essa diferença é mais alta do que a média nos países analisados, na qual 43% das mulheres e 69% dos homens comescolaridade abaixo do ensino médio estão empregados.

Impactos da pandemia

Em 30 dos países pesquisados, incluindo o Brasil, foram tomadas medidas adicionais para apoiar a educação de crianças que podem enfrentar barreiras adicionais à aprendizagem durante a pandemia. Iniciativas para incentivar os alunos em situação de vulnerabilidade a voltar à escola após o fechamento também foram implementadas no País e em outros 28.

Um exemplo citado no relatório é um programa de distribuição de refeições, implementado no Estado de Goiás, para mitigar o abandono escolar, oferecendo entrega de alimentos condicionada à frequência às aulas e ao cumprimento das tarefas.

A organização também destaca que a pandemia levantou preocupações sobre as perspectivas de emprego de jovens adultos, especialmente em níveis mais baixos de educação. No Brasil, a taxa de desemprego entre os jovens de 25 a 34 anos com escolaridade abaixo do ensino médio foi de 17,8% em 2020, 3 pontos percentuais maior que no ano anterior.

O aumento foi maior do que na média da OCDE, na qual a taxa de desemprego juvenil era de 15,1% em 2020, um aumento de 2 pontos percentuais em relação a 2019.

Investimentos em educação

Embora o Brasil invista uma parcela relativamente alta de seu produto interno bruto em educação, os gastos por aluno permanecem abaixo da média, aponta o relatório. Em 2018, os gastos públicos no país em instituições de ensino fundamental ao superior atingiram 5% do PIB, 0,9 pontos percentuais acima da média da OCDE.

No mesmo ano, o Brasil investiu US$ 3.256 por estudante de tempo integral em instituições de ensino de nível primário ao superior, em comparação com US$ 10.000, em média, nos países da organização. No entanto, o nível de gastos no Brasil é semelhante aos observados em outros países da América Latina, como Argentina, Chile, Colômbia e México.

De acordo com o estudo, cerca de dois terços dos países membros e parceiros da OCDE relataram aumentos no financiamento alocado para escolas para ajudá-las a lidar com a crise em 2020. No entanto, em comparação com o ano anterior, o Brasil não relatou nenhuma mudança no orçamento de educação para o ensino fundamental em 2020 e 2021.

O relatório aponta, ainda, que o tamanho das turmas diminuiu nos últimos anos no Brasil, mas os salários dos professores continuam abaixo da média.

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