Cacique Raoni tem alta suspensa de hospital no Mato Grosso após novas complicações de saúde
23 de julho de 2020
Na quarta-feira, 22, o líder indígena recebeu a visita do secretário da Casa Civil do Mato Grosso, Mauro Carvalho. (Christiano Antonucci)
Luciana Bezerra – Revista Cenarium
MANAUS – O cacique Raoni Metuktire, de 89 anos, teve a alta adiada após equipe médica encontrar novas úlceras na região intestinal do cacique, conforme informações do boletim médico, divulgado pela equipe do Hospital Dois Pinheiros, nesta quinta-feira, 23, à REVISTA CENARIUM. O líder indígena está internado na unidade hospitalar de Sinop, no Mato Grosso, desde o dia 18 de julho, com o quadro de infecção intestinal.
De acordo com o boletim médico, a previsão de alta de Raoni estava marcada para esta sexta-feira, 24. No entanto, os médicos decidiram realizar novos exames nesta quarta-feira, 22, que indicaram colite (inflamação do cólon) e úlceras intestinais. A equipe médica coletou também amostras para biópsia e aguardam o resultado da análise, assim como, novos exames laboratoriais diários.
O boletim foi assinado pelos médicos Douglas Yanai e Fernanda Quintelato.
“O resultado da biópsia vai nos ajudar a descobrir a causa dessas alterações intestinais que estão ocorrendo com o Raoni para podermos continuar com o melhor tratamento”, explica Yanai.
Raoni passou a se alimentar mal após a morte da mulher dele, Bekwyjkà Metuktire, ocorrida em junho passado (Christiano Antonucci/ Revista Cenarium)
Conforme divulgado no boletim anterior, na terça-feira, 21, os médicos precisaram trocar a medicação do cacique para o tratamento da infecção intestinal. Exames cardiológicos e pneumológicos de rotina detectaram fibrilação atrial crônica e enfisema de longa data, mas sem relação com as infecções e as úlceras que estão sendo tratadas. A equipe médica iniciou medicação para diminuir o risco de trombose que pode acontecer por causa da fibrilação atrial.
Raoni mantém ainda o uso de protetor gástrico e antibióticos para tratamento das úlceras gástricas.
Um novo boletim médico deve ser divulgado nesta sexta-feira, 24, às 11h, horário de Mato Grosso. No momento não há previsão de alta.
O líder do povo Kayapó, Raoni Metuktire, está internado desde sábado, 18, no Hospital Dois Pinheiros, na cidade de Sinop, região Centro-Oeste do país, Norte de Mato Grosso e localizada a 200 km do Parque Indígena do Xingu, onde reside o cacique.
Trajetória de Raoni
Ao longo de sua trajetória, o cacique Raoni é liderança de importante atuação na luta pela preservação da Amazônia e dos povos indígenas, passando a ser reconhecido, internacionalmente, como liderança legítima e porta-voz da preservação do Meio Ambiente. Em 1978, foi tema de um documentário indicado ao Oscar e em 1987, após seu encontro com Sting, alcançou notoriedade internacional.
Nascido em 1931 em uma antiga aldeia Mebêngôkre (Kayapó) denominada Kraimopry-yaka, no nordeste do Estado de Mato Grosso. Seu verdadeiro nome é Ropni (“onça”), e ele pertence aos Mebêngôkre do grupo Metyktire.
“Caiapós” foi a designação pejorativa — significa semelhante a macaco — dada por outros povos. Nas décadas de 1970 e 1980 circulava também o termo “txucarramães”, guerreiros temidos por sua disposição para a luta.
Detalhes etnolinguísticos à parte, foi como Raoni Metuktire, o chefe caiapó, que sua fama correu o mundo. Fama inseparável da imagem com o cocar amarelo e o botoque do tamanho de um CD no lábio inferior.
Desde a ascensão de Jair Bolsonaro (sem partido) à Presidência da República, Raoni tem alertado a população mundial para os graves riscos aos quais a Amazônia está suscetível. Em janeiro deste ano, Raoni e representantes de 45 povos indígenas lançaram uma carta denunciando Governo Federal. No documento, o projeto político de Bolsonaro foi definido genocida, etnocida e ecocida.
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