Caged de janeiro de 2022 mostra queda na economia e mercado de trabalho perde fôlego, aponta economista

Contratação formal tem saldo positivo segundo dados do Novo CAGED.(Reprodução)

Malu Dacio – Da Revista Cenarium

MANAUS – Um dos maiores parâmetros da conjuntura econômica do Brasil, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontou que o emprego celetista no Brasil – ou seja, quem possui vínculo empregatício na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – apresentou crescimento em janeiro de 2022.

Mas os dados mostram que o mercado de trabalho perde fôlego e responde à performance da economia negativamente, indicando que em 2022 a economia não vai conseguir gerar postos de trabalho o suficiente.

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O balanço registrou saldo de 155.178 mil postos de trabalho. Esse resultado decorreu de 1.777.646 milhão de admissões e de 1.622.468 milhão de desligamentos.

O Caged é o relatório mensal que informa sobre a contratação e demissão de funcionários no mês. O documento contém as informações dos funcionários. Essas informações são as contratuais, como a carga horária, cargo e salário.

À REVISTA CENARIUM Inaldo Seixas, coordenador da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (Abed-AM) e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon), explica que esse resultado de janeiro indica que a economia está indo a um desaquecimento.

“Porque você pode ver que o saldo é menor do que o fechado em dezembro. Eu creio que ele cai para 1,2 milhão, o saldo em janeiro do acumulado dos 12 meses. Então, ele já vem assim, um esfriamento do mercado de trabalho, nas contratações”, disse.

E, no caso do Amazonas, é para o especialista, muito pequeno. “A criação de emprego nos doze últimos meses é um saldo de 35 mil trabalhadores. O Caged está mostrando uma performance muito pequena. Se você ver, só em janeiro há uma situação, praticamente, de estabilidade de admissões e admissões quase iguais”, afirma.

Economista diz que dados do Caged podem indicar má economia em 2022 (Reprodução)

Ele explica que os números indicam que em 2022 pode acontecer pouco crescimento ou até a possibilidade de entrar em recessão, com inflação elevada, o que seria estar na situação de estagflação.

Para o economista, se comparado ao mês de dezembro, em janeiro há um saldo positivo, mas não compensou se comparado à eficiência de empregos formais.

“Ora, fazendo análise disso, dentro da perspectiva da economia, ela cresceu bastante, mas não conseguiu gerar empregos formais o suficiente. Talvez a economia tenha crescido bastante, mas à custa de contar muito com trabalhadores informais, trabalhadores não formalizados, trabalhadores com trabalho precário e trabalhadores que tiveram que ir trabalhar por conta própria”, explica.

Divulgado pelo Ministério do Trabalho, os dados registraram saldo positivo, no nível de emprego, em 4 dos 5 Grandes Grupamentos de Atividades Econômicas. São eles: Serviços com +102.026 postos, distribuído, principalmente, nas atividades de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (+58.773 postos); Indústria geral com +51.419 postos, concentrado na Indústria de Transformação (+48.802 postos), Construção (+36.809 postos), Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (+25.014 postos); e Comércio (-60.088 postos).

Nas regiões

O número vem após o saldo negativo, em dezembro de 2021, quando atingiu -281.792. A Região Norte teve 80.217 admissões, 77.782 desligamentos e 2.435 novos empregos; 19 das 27 UF’s registraram saldo positivo. Da Região Norte, apenas o Pará teve saldo negativo de -796 com -0,10% de variação relativa.

No Amazonas, 17.858 admissões, 17.233 desligamentos com saldo de 625. O balanço aponta que Sudeste e Sul tiveram mais empregos quando o Nordeste sofreu com o desemprego. Entre os Estados que mais geraram vagas, o destaque é para São Paulo, com 48.355 novos postos. Santa Catarina, com 23.358 e Paraná, com 18.351.

Os Estados que apresentaram maior saldo negativo de vagas foram: Sergipe com -1.253 postos; Ceará com -1.508 postos e Rio Grande do Norte com -2.430 postos.

Para o conjunto do território nacional, o salário médio de admissão, em janeiro de 2022, foi de R$ 1.920,59. Comparado ao mês anterior, houve aumento real de R$ 115,24 no salário médio de admissão, uma variação em torno de 6,38%.

Sobre

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foi criado pela Lei nº 4.923, de 23 de dezembro de 1965, como instrumento de acompanhamento e de fiscalização do processo de admissão e de dispensa de trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Seu objetivo inicial era assistir os trabalhadores desempregados e apoiar medidas contra o desemprego.

Veja relatório:

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