Cálculo eleitoral: Moro silencia sobre Kataguiri e Bolsonaro segue campanha antecipada

Sergio Moro e Jair Bolsonaro (Reprodução/Internet)

Sem defesa

A antecipação da campanha eleitoral gera ruídos erráticos, mas também produz “silêncios” que dizem muito. Pré-candidato do Podemos, o ex-juiz Sérgio Moro não se pronunciou sobre o endosso do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) – aliado próximo e responsável por suas redes sociais, às declarações do youtuber Monark sobre o partido nazista. O máximo que fez foi soltar uma nota “genérica” de que seria contra o nazismo. A dúvida que fica é: Moro agiu de forma omissa por cálculo eleitoral, para não perder apoiadores como Kataguiri no MBL, simpatizantes ao nazismo? Não se sabe.

Saída pela direita

O fato é que, nos corredores do Podemos, por não ter se mostrado viável até aqui, Moro enfrenta dentro do partido alas que pregam o desembarque de sua campanha. O Podemos tenta encontrar uma “saída pela direita”, empurrando o ex-juiz para o União Brasil, onde Moro também não é unanimidade. Seus 7% das intenções de votos, na pesquisa Genial/Quaest, suscita dúvidas no partido sobre um investimento de R$100 milhões – custo estimado de uma campanha presidencial, num candidato até agora pouco competitivo.

Milícias e fake news

Já o presidente Jair Bolsonaro (PL), pelo mesmo cálculo eleitoral, segue a todo vapor com suas milícias digitais espalhando fake news e discursos de ódio. Mas já existem reações. Relatório da Polícia Federal enviado ao STF faz referência “gabinete do ódio”, assessores que usam a estrutura do Palácio do Planalto para disseminar ataques contra adversários e desinformação em massa nas redes sociais. O relatório é parcial, mas capaz de avolumar as provas já existentes de campanha antecipada e uso eleitoreiro da máquina pública.

PUBLICIDADE

Uso da máquina

De outro lado, a Justiça Federal, em Brasília, acatou um pedido do Ministério Público Federal (MPF) para proibir que o governo federal use os perfis oficiais para promoção pessoal de autoridades e agentes públicos. Proposta em março do ano passado, a ação teve como base inúmeras publicações em contas oficiais do governo em redes sociais. Com base nos conteúdos analisados, a juíza federal Kátia Ferreira veda à Secretaria de Comunicação fazer divulgação “personalista” de Bolsonaro e autoridades nas contas oficiais.

Facebook omisso

O volume de ruído que o bolsonarismo injeta nas redes de desinformação sobre o processo eleitoral foi captado graças a um estudo da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas. Dados de novembro de 2020 a janeiro de 2022 detectaram impressionantes 394.370 postagens no Facebook sobre “fraudes eleitorais” não comprovadas. Os conteúdos teriam gerado mais de 111 milhões de interações — entre curtidas, comentários ou compartilhamentos por dia. No Estados Unidos, o Facebook rotula este tipo de conteúdo como “ilegítimo” e proíbe a compra de anúncios com esse teor. Mas no Brasil…

PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.