Calor extremo aumenta risco para trabalhadores no mundo, alerta OIT
Por: Fred Santana
16 de outubro de 2025
MANAUS (AM) – O aumento das temperaturas globais coloca em risco a saúde de 70% da força de trabalho mundial, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). No Brasil, trabalhadores expostos ao calor extremo enfrentam sérios problemas de saúde, principalmente aqueles em ocupações informais.
O aquecimento global tem gerado impactos significativos na saúde dos trabalhadores em diversas partes do mundo. De acordo com a OIT, mais de 2,4 bilhões de trabalhadores, representando cerca de 70% da força de trabalho global, estão expostos ao calor excessivo em algum momento de suas atividades profissionais. Essa exposição resulta em milhões de lesões anuais, incluindo exaustão pelo calor, cãibras térmicas, doenças cardiovasculares, lesões renais e até mortes relacionadas ao calor extremo.
No Brasil, a situação é igualmente preocupante. Profissionais como ambulantes, agricultores, carteiros, coletores de lixo, pintores e trabalhadores da construção civil enfrentam diariamente altas temperaturas e condições climáticas extremas. A exposição contínua ao calor sem proteção adequada pode levar a sérios problemas de saúde, incluindo doenças respiratórias, cardiovasculares, renais e comprometimento da saúde mental.
A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) destaca a urgência de ações para mitigar os efeitos das mudanças climáticas na saúde dos trabalhadores. “O racismo ambiental é outro tópico que precisa de atenção”, alerta Brenda Costa, médica de família e comunidade e diretora de comunicação da SBMFC.
“Ele se manifesta de forma evidente nos trabalhadores mais expostos a calor extremo, que em sua maioria são homens e mulheres negras e tem um impacto econômico ainda maior nesta população que compõem a maior parte de sua renda em trabalhos informais e precarizados”, afirma Brenda.
Além do risco de estresse térmico, pela alta exposição solar, os trabalhadores estão sujeitos a exaustão pelo calor, cãibras térmicas, brotoeja, doenças cardiovasculares, lesão renal aguda, doença renal crônica, lesões físicas, entre outros. Também ocorre aumento no número de doenças transmitidas por vetores, como dengue, zika, chikungunya, malária e febre amarela, já que a incidência dessas doenças se eleva com o aumento das temperaturas.
A adoção de vestimenta apropriada e uso de produtos como repelente e filtro solar não são suficientes para reduzir os danos. A oferta, por parte das empresas, de ventilação adequada, estabelecimento de pausas regulares, treinamentos e disponibilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e equipamentos de segurança pode amenizar os riscos. A implementação de políticas públicas de proteção aos trabalhadores, com foco nas mudanças climáticas e preservação do planeta, é outra demanda urgente.
“Precisamos nos conscientizar sobre a necessidade de preservação do planeta em todas as esferas ou vamos sofrer ainda mais. A redução de emissão de gases na atmosfera, assim como a preservação dos lagos, rios e oceanos, são fundamentais para a nossa sobrevivência da atual e futuras gerações”, reforça Brenda Costa.
Segundo a SBMFC, esse é um papel da sociedade como um todo, incluindo as empresas, mesmo aquelas que não têm equipes atuando externamente. Algumas medidas simples já contribuem para a redução do impacto, como adoção de práticas sustentáveis, redução do uso de papel ou plástico, programas de reciclagem ou parcerias com organizações que reciclam, além de outros projetos sustentáveis.