‘Caminho árduo’, diz liderança de Roraima sobre participação indígena na COP30


Por: Lucas Thiago

13 de agosto de 2025
‘Caminho árduo’, diz liderança de Roraima sobre participação indígena na COP30
A liderança indígena Sineia do Vale (Foto: Pepyaká Krikati/Coiab)

MANAUS (AM) – A liderança indígena e copresidente do Fórum Internacional de Povos Indígenas sobre Mudanças do Clima, Sineia do Vale, chamou, nesta terça-feira, 12, durante a abertura do ciclo COParente, no Lago Caracaranã, na Terra Indígena Raposa do Sol, em Roraima, de “caminho árduo” as trilhas percorridas pelas lideranças indígenas para ocupação de grandes espaços, assim como a participação de indígenas em edições anteriores da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima 2025 (COP30).

“É um caminho árduo traçado pelas nossas lideranças, que já participaram anteriormente da COP e lutaram para que esses espaços fossem ocupados por nós indígenas, e a gente chega à COP 0 no Brasil, que vai reunir o maior número de povos indígenas, um marco histórico. Nesses espaços, nós levamos as experiências que temos enquanto povos indígenas, garantindo o direito de fala e de decisão”, destacou Sineia.

O COParente é um evento de preparação para a COP30, que será realizada no mês de novembro, em Belém do Pará. A etapa serve para escutar e construir estratégias coletivas para garantir participação qualificada, autônoma e representativa dos povos indígenas.

O evento realizado pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), segue até esta quarta-feira, 13, com lideranças tradicionais e convidados, debatendo sobre os espaços da COP30, e as contribuições que vão compor uma agenda climática indígena para ser apresentada na conferência da ONU.

Abertura do COParente (Reprodução/Ascom CIR)

A ministra do Povos Indígenas, Sonia Guajajara, participou da abertura do evento, informando a denúncia do Conselho Indígena de Roraima (CIR), anfitrião do evento, sobre o avanço do garimpo ilegal na Terra Indígena Raposa Serra, com estruturas criminosas se expandindo na região com uso de maquinário pesado, financiamento de empresários e até aliciamento de jovens indígenas.

“Viemos ao território acompanhar uma série de ações para promover o bem viver dos povos que vivem na TI. Atuação firme contra o garimpo ilegal, que já foi reduzido em 98%, com a presença permanente do Estado. A Raposa Serra do Sol é, sim, um ponto de atenção. Temos acompanhado as denúncias feitas pelo Conselho Indígena de Roraima, e também por meio de monitoramento de inteligência. Já houve operações pontuais para retirar invasores e evitar o aumento da atividade ilegal”, disse a ministra.

Sonia Guajajara e Joenia Wapichana na COParente (Reprodução/Ascom CIR)

A ministra citou a operação história de 103 quilos de ouro apreendidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Boa Vista. “Estamos trabalhando no serviço de inteligência para identificar para onde esse ouro está indo e quem está comprando. Sem comprador, o garimpo perde força”, completou.

A presidente da Funai, Joenia Wapichana, também participou do COParente. Na abertura do evento, a gestora afirmou, que durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) não participava ativamente da agenda política indígena.

“Nós estamos fazendo história. A Funai, no governo passado, era proibida a participar dos movimentos dos Povos Indígenas. Hoje a Funai fica ao lado dos povos indígenas. Eu acredito que esse é o momento de Roraima estar contribuindo com a discussão que vai afetar a todos, que é as mudanças climáticas”, finalizou a presidente.

Leia também: Indígenas ocupam sede da Dsei em Roraima e cobram nomeação de coordenador

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