Candidato a vereador bolsonarista diz que armar a ‘Guarda’ é essencial para o combate ao crime

Cabo Coutinho expõe seus projetos para a saúde, educação e, em especial, para a segurança pública (Imagem: Luiz Henrique)

Luís Henrique Oliveira – Da Revista Cenarium

MANAUS – Desde as eleições passadas, quando o presidente Jair Bolsonaro venceu o pleito de 2018 como principal aposta da direita, as candidaturas militares têm surfado na onda do capitão Bolsonaro e aproveitado para mostrar que são capazes de comandar uma sociedade democrática.

Em Manaus, por exemplo, só este ano o Tribunal Regional Eleitoral (TRE/AM) registrou recorde de militares disputando as eleições. Em relação à eleição passada, o número de candidaturas de servidores das Polícias Civil, Militar, das Forças Armadas, além de militares reformados cresceu 51%. Em 2016, foram 47 no total contra 71 este ano. E uma dessas apostas ao cargo de vereador na capital amazonense, é o Republicano Cabo Coutinho.

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Com carreira na Polícia Militar, o candidato concedeu entrevista, exclusiva, à REVISTA CENARIUM na última quinta-feira, 15, e falou sobre propostas de governo, erros e acertos do presidente – que segundo ele é o maior exemplo de “cidadão de bem” – e falou também na importância de armar a Guarda Municipal para combater o crime organizado na capital além de criar um estatuto para estes servidores.

Confira entrevista na íntegra:

Revista Cenarium – Você já teve algum envolvimento com política?

Cabo Coutinho – Não tenho histórico político. Nunca fui político. Nunca participei de campanha de ninguém. É um cenário completamente novo para mim. Mas tenho um trabalho social bastante grande há alguns anos, principalmente na Zona Leste de Manaus, e isso me serviu como motivação para encarar esse novo “COMBATE” e assim poder ajudar um número maior de pessoas. Nossas redes sociais tomaram uma boa abrangência, comecei a ser assediado por alguns partidos. Parei para analisar o cenário por completo e pensei que posso fazer algo melhor por essas pessoas mais carentes. Foi uma decisão muito difícil, pois, hoje tenho estabilidade e uma carreira. Estou abrindo mão desta estabilidade para ingressar na carreira política.

Cabo Coutinho em carreata na zona Leste de Manaus (Imagem: Divulgação)

Revista Cenarium – O senhor acredita que está surfando na onda bolsonarista?

Cabo Coutinho – Não tive a intenção de pegar onda no efeito Bolsonaro. Minha intenção, realmente, foi aumentar o alcança da minha ajuda. O que eu percebo é que a população de bem começou a se sentir mais livre, confiante e segura com os militares.

Revista Cenarium – Isso foi positivo?

Cabo Coutinho – Sim. Esse efeito foi positivo para área de segurança em geral. O que eu vejo é que muitos policiais custeiam o próprio equipamento para trabalhar, então, é um cara acostumado a trabalhar. Por isso acredito. Já faz parte do regime do militar.

Revista Cenarium – Qual a sua principal bandeira de luta?

Cabo Coutinho – Quero contribuir com a minha cidade. Contribuir trazendo algo melhor do que eu já fiz nas ações sociais. Porque existem diversos problemas que não tenho como intervir. Na segurança pública: Grande parte da periferia não tem mobilidade para as viaturas entrarem, são vielas, escadões ou ruas sem asfalto. Muitas vezes não tem energia, água, esgoto, saneamento básico e acesso a saúde pública. Como policial eu tive oportunidade de conhecer esse cenário, que por vezes é imperceptível. Eu venho de uma família muito carente. Sou filho de agricultores. Eu vivi uma realidade muito difícil. Meu pai ia para a roça e enquanto ele chegava, trazia fartura, mas quando ele demorava, a gente passava dificuldades e até fome.

Revista Cenarium – Diante da complexidade de problemas, em sua opinião, qual o setor mais crítico da capital amazonense?

Cabo Coutinho – Hoje, um dos principais problemas de Manaus é a Segurança Pública, juntamente com o descaso social. Temos uma Guarda Municipal subutilizada. Temos em Manaus, aproximadamente, 2,2 milhões moradores e a legislação fala que a partir de 500 mil a Guarda Municipal possa ter o porte de arma. Mas para isso, é preciso uma lei municipal que regule o uso do armamento, pois, apesar da Constituição prever, é necessária uma lei regulamentando o uso. Nossa Guarda Municipal não existe. Não tem um estatuto próprio. O que acontece: hoje eu sou Guarda Municipal e tenho meu supervisor. Ele me promove, mas se eu não o agradar, posso ter meu cargo reduzido. Isso é um atraso. Isso acontece porque não existe um estatuto próprio com plano de carreira.

Candidato republicano recebe apoio durante a caminhada (Imagem: Divulgação)

Revista Cenarium – E o que precisa ser feito?

Cabo Coutinho – É preciso regulamentar e capacitar o profissional. O policial civil ou militar não ingressa com conhecimento operacional na função, ele o adquire através de treinamento especifico ministrado pela própria instituição. E na Guarda Municipal não será diferente.

Revista Cenarium – Quem é o cidadão de bem na sua visão?

Cabo Coutinho – O cidadão de bem, para mim, é aquele que usufrui dos seus direitos e deveres e que traça um caminho voltado para justiça, princípios morais e cristãos. A presença da figura da família e a igreja é, extremamente importante para a construção de um cidadão de bem.

Revista Cenarium – Você quer conquistar votos de que eleitorado e o que mais lhe assombra na campanha?

Cabo Coutinho – São as pessoas conscientes. Eu não tenho um público específico. Não vou trabalhar só para o público da Polícia Militar, nem somente para os moradores da Zona Leste. Vou trabalhar para as pessoas conscientes, que querem renovação, que querem mudanças. Isso aí, encontramos em todos os locais da cidade. Onde eu ando, em Manaus, sou bem recebido. Só quero voto consciente. Algumas pessoas nos procuram pedindo ajuda. Eu não tenho dinheiro. Já recebi proposta de compra de voto, mas eu não compactuo com isso. Infelizmente isso ainda existe. Chega a ser vergonhoso isso. Já perguntaram quanto eu estava oferecendo para adesivar o carro. Essas pessoas pensas assim, por conta de uma herança cultura, mas elas também querem mudança. Procuro conversar, argumentar e trazê-la para o lado do bem. Quando eu vejo que a pessoa tem dificuldade de entender e acha que o voto tem um valor fixo, me distancio. Não quero esse tipo de voto. Prefiro abrir mão. A partir do momento que o voto é comprado, acabou o compromisso, o cidadão não poderá cobrar nada, já que foi pago o valor solicitado. Portanto, não quero esse voto.

Revista Cenarium – O senhor acredita que algum vereador da Câmara de Manaus tenha ingressado com esse tipo de voto?

Cabo Coutinho – Com certeza. Acredito que sim. Tenho entrado em algumas partes de Manaus, de difícil acesso e ouvimos relatos de moradores falando que candidatos já passaram por lá oferecendo dinheiro e vantagens às pessoas. Hoje em dia acredito que a grande maioria das pessoas carentes até pegam esse dinheiro, mas na hora de votar, não votam no candidato porque ele perde toda a credibilidade no momento em que oferece.

Revista Cenarium – O senhor acredita que como novo na política pode ser alvo de ataques ou vítima de certos preconceitos? Para o senhor, a ideia do novo ainda está em alta?

Cabo Coutinho – A mudança é constante. Não tem como saber se uma pessoa é adequada sem que ela seja testada. Você muda, não deu certo, muda de novo. O que não pode é continuar no erro. Estou me propondo a trabalhar pela nossa sociedade, mas se eu não fizer, daqui quatro anos estarei fora do cenário político e sem a carreira policial. Não adianta entrar, usufruir de todos os benefícios e só aparecer na comunidade na época de eleição. A população está saturada com isso. Quero montar bases para atender bairros com maiores necessidades. Com isso, lutaremos pela comunidade de uma forma onde a comunicação vai ser mais proveitosa.

Revista Cenarium – Quais suas principais propostas?

Cabo Coutinho – Na Segurança Pública, sou a favor do armamento global para todo e qualquer cidadão de bem que passe por treinamentos. Nós temos o projeto para reestruturar Guarda Municipal. Com a própria Guarda, vamos combater drogas nas escolas. O professor, muitas vezes, se sente intimidado e isso é um absurdo. Vamos criar o Instituto Municipal para Mulheres Vítimas de Violência. A mulher sofre a violência, não procura a polícia, ou quando procura, ele vai preso e a mulher não quer que ele seja preso porque está com três filhos pequenos, desempregada e sem ter o que comer. Isso tudo pesa e nessas situações entra o Instituto. Mesmo você tendo uma secretaria de assistência social, essa secretaria não tem um profissional ligado com as delegacias. O Instituto seria para isso. Iríamos usar profissionais em universidades de vários cursos, para prestarem serviços, em troca de horas complementares. Seriam psicólogos, terapeutas, diversos profissionais.

Cabo Coutinho durante a conversa com eleitores (Imagem: Divulgação)

Revista Cenarium – Estamos diante de uma pandemia, o que trouxe alerta e nos fez abrir os olhos para o descaso que há com a saúde no país. O que o senhor tem de proposta para a área em Manaus?

Cabo Coutinho – Na área da saúde, é necessário mais postos de saúde em todas as zonas de Manaus, pois todos pagam impostos, mas claro, nas áreas mais carentes da cidade, precisamos de uma atenção específica e diferenciada. Temos hoje um projeto que era muito bom, mas está abandonado, que é o Médico da Família. Mas o médico não se deslocaria, ele ficaria no consultório. As equipes em campo visitariam as pessoas e se comunicariam diretamente com o médico por meio de um aplicativo. Isso otimizariam recursos e tempo. Um enfermeiro verificaria tudo e, em uma videoconferência, o paciente falaria com o médico. Se é de atender 20 pessoas em um dia, vai atender 100.

Revista Cenarium – Também há projetos para a educação?

Cabo Coutinho – Claro, na educação, precisamos tratar disso de forma diferenciada. O nosso futuro depende disso. Um cidadão bem preparado e educado, vai dar menos despesas ao Estado no futuro. Precisamos de mais creches, escolas, para as mães, os pais, deixarem seus filhos e poderem trabalhar. Os vereadores precisam obrigar o Executivo a criar uma quantidade de creche maior. Não temos escolas municipais suficientes. Nosso majoritário tem um projeto para que todas as escolas municipais sejam militares, para ensinar a ter hierarquia e disciplina. De manhã teriam aulas, a tarde reforço escolar e atividades físicas. O caminho é tirar crianças das ruas. A questão da interação da população com esses temas está muito carente. Outra situação é em relação aos moradores em situação de rua. 99,99% são usuários de drogas. Na madrugada, Manaus parece uma outra cidade. Áreas do Centro, da Zona Leste, Zona Norte se destacam e a Prefeitura poderia resguardar essas pessoas a partir de convênios com diversas instituições. Hoje, não há espaço para comportar essas pessoas. E é preciso acompanhar essas pessoas durante o tratamento e depois, levando em aula, no trabalho. É preciso restaurar essas famílias.

Revista Cenarium – Toda essa hierarquia e disciplina das escolas militares têm efeito 100% positivo?

Cabo Coutinho – Cada um tem suas convicções. A questão da hierarquia e disciplina ela não deve ser utilizada para mudanças de convicções, mas sim, por questões de respeito. Não vou mudar quem você é, mas você tem que me respeitar como diretor de escola, como professor.

Revista Cenarium – Caso um aluno do sexo masculino, assumidamente LGBT, performar feminilidade, sele será punido por conta dessa “disciplina”?

Cabo Coutinho – Não deve haver nenhuma mudança na tratativa com esse aluno. A convicção de cada um deve ser respeitada. A questão de modelar essa criança, educacional e de estrutura familiar cabe aos pais. À escola, cabe a estrutura pedagógica. Dentro do período na escola tem que haver respeito, ordem e disciplina, pois isso vai te tornar uma pessoa melhor em todos os âmbitos. Cada pessoa tem sua ‘opção sexual’, você só tem que se adequar aos moldes da escola que ter disciplina é para todos, assim como convicção partidária ou de religião. Cada um tem sua crença e tem que ser respeitado…

Revista Cenarium – Desculpa te interromper, mas que moldes seriam esses?

Cabo Coutinho – Que nem em um Distrito Industrial. Você chega para trabalhar e veste sua farda. Você está entrando no molde. Na escola será assim.

Candidato vai as comunidades para propor soluções que visam a qualidade de vida

Revista Cenarium – Se você fosse listar um político que não mereceria ser reeleito, quem seria? Pode citar qualquer pessoa até de décadas passadas.

Cabo Coutinho – Na verdade, eu não tenho um nome que possa citar assim, de repente, e apontar. Acredito que todos que entraram na política, de alguma forma, têm ou tiveram seus pontos positivos e negativos.

Revista Cenarium – Que político o senhor considera exemplar? Quem tem aquela linha de pensamento que se iguala à sua?

Cabo Coutinho – Ah, sem dúvida, Bolsonaro. Vou me espelhar em parte no Bolsonaro que tem pensamentos importantes sobre a questão da segurança das pessoas de bem.

Revista Cenarium – E que pensamentos você não concorda com ele?

Cabo Coutinho – Qualquer governante de uma nação tem de ter uma assessoria muito boa para coordenar aquilo que ele fala. Por isso, às vezes, o Bolsonaro não consegue se expressar e falar de uma forma que consiga agradar grande parte das pessoas. Essa questão da assessoria, nem sempre é culpa do assessor, então, acho que Bolsonaro é um pouco explosivo a certos pensamentos.

Revista Cenarium – Para finalizar, as dificuldades impostas a sua vida lhe fizeram refletir sobre a sua candidatura?

Cabo Coutinho – Sim, por conta dessas dificuldades consigo enxergar essa diferença e por isso, você não pode ter certas diferenças. Me sinto preparado. Tenho pós-graduação em Segurança Pública. Tenho medalhas na Polícia Militar do Amazonas, várias medalhas, então, me sinto pronto para desempenhar a função de vereador. Continuar lutando pelo que eu já luto, mas, agora, na Câmara Municipal de Manaus.

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