Candidatos em Belém usam nomes diferentes na urna eletrônica


21 de agosto de 2024
Candidatos em Belém usam nomes diferentes na urna eletrônica
Fotos de dois candidatos em urna eletrônica (Composição: Paulo Dutra/CENARIUM)
Fabyo Cruz – Da Cenarium

BELÉM (PA) – As eleições municipais de 2024 em Belém prometem uma campanha inusitada. Em meio a um cenário político acirrado, os candidatos têm buscado formas criativas de se destacar na corrida eleitoral. Uma das estratégias que tem chamado a atenção é o uso de nomes e apelidos registrados no site DivulgaCand, uma plataforma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que reúne dados de candidaturas de todo o Brasil.

Candidatos como “Fofão Batera”, “Gão das Marcantes” e “Didi dos Cachorros” são alguns dos exemplos que têm dominado as discussões políticas nas ruas e nas redes sociais. Esses apelidos não são apenas uma forma de se diferenciar na urna eletrônica, mas também representam a tentativa de criar uma conexão mais direta e pessoal com o eleitorado.

Especialistas ouvidos pela CENARIUM apontam que essa tática visa capturar a atenção dos eleitores, especialmente em um cenário onde a maioria da população está desacreditada com os políticos tradicionais. O professor de Ciências Sociais, João Noronha, falou sobre o papel que o nome de urna desempenha em uma corrida eleitoral.

“O nome desempenha esse papel de igual forma, ao escolher botar signos linguísticos como doutor, professor e delegado, também se quer passar uma imagem para as pessoas, onde além de transmitir seriedade, conversa especialmente com uma classe. Faz parte do jogo”, comentou Noronha.

A estratégia também levanta debates sobre a superficialidade das campanhas eleitorais. Alguns críticos, como Noronha, argumentam que os nomes curiosos podem distrair os eleitores dos reais projetos e propostas dos candidatos. Para ele, enquanto uns transmitem seriedade para atingir um determinado público.

“O que acontece com os políticos que optam por fazer piadinhas com seu nome vai de contra com os políticos que botam profissões. Enquanto um transmite seriedade para atingir um determinado público, outro busca chamar atenção do eleitorado desacreditado na política, que se sente desinteressado, alienado, ou que se sente traído pelos políticos, então não só pode levar cidadão a ignorar a falta de projetos apresentados, como esse é justamente o objetivo do político”, frisou o especialista.

Veja 10 nomes inusitados de candidatos a vereador em Belém:
  • Adriano do Uber
  • Bebê do Tenoné
  • Ben Johnson do Boxe
  • Bolotinha
  • Comendador Mito
  • Didi dos Cachorros
  • Diogo do Charque
  • Fofão Batera
  • Gão das Marcantes
  • Gera Sorriso O Urubu do Povo
O que diz a legislação

Nas eleições, é comum que candidatos escolham nomes de urna criativos para atrair a atenção dos eleitores. Porém, surge a dúvida: quais são os limites legais para o uso de nomes considerados estranhos ou inusitados?

O professor Rodolfo Marques, doutor em Ciência Política, explica que a legislação brasileira não impõe restrições severas sobre nomes engraçados ou inusitados, mas se concentra em proibir palavrões, ofensas ou termos que possam ser considerados desrespeitosos. “A legislação trata mais das questões de palavrões, de ofensas ou algo nesse sentido, mas ela não tem grandes restrições a nomes engraçados ou inusitados. Não há grandes questões em relação a isso”, explica o professor.

Marques também destaca que há um cuidado especial quando se trata de homônimos, principalmente se esses nomes puderem ser confundidos com personalidades famosas ou outros políticos. “A legislação eleitoral fica de olho quando há homônimos de outras pessoas famosas ou de outros políticos”, afirma.

Nesses casos, o Ministério Público Eleitoral (MPE) pode ser acionado, encaminhando a questão para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou para os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), que avaliam cada caso individualmente.

Além disso, o professor menciona que a legislação age quando o nome escolhido faz referência a instituições, o que é monitorado pelas autoridades eleitorais. Mesmo assim, a maioria dos nomes inusitados é permitida, como exemplifica Marques: “Eu me lembro de um candidato em Belém chamado Uga Uga, alusivo a um personagem de novela. Esse tipo de nome não encontra grandes restrições na legislação”, concluiu.

Leia mais: Em Belém, 575 candidatos a vereador concorrem nas eleições municipais
Editado por Jadson Lima

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