Candidaturas de sargentos e coronéis para Câmara Municipal de Manaus crescem 65%

Em Manaus, serão 48 postulantes que intitulam diferentes patentes como soldados, cabos, coronéis, sargentos, majores e até mesmo subtenentes e tenentes (Reprodução/ Internet)

Carolina Givoni – Da Revista Cenarium

MANAUS  – A participação de candidatos militares na eleição municipal deste ano, em Manaus, já representa um aumento de 65% em relação ao pleito de 2016. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), serão 48 postulantes que intitulam diferentes patentes como soldados, cabos, coronéis, sargentos, majores e até mesmo subtenentes e tenentes. No último pleito, a classe era representada por 29 membros.

A capital amazonense acompanha uma tendência nacional que, de acordo com o levantamento do Portal G1, o número de candidatos policiais e militares cresceram nos últimos 16 anos. A publicação indica que são 6,7 mil postulantes aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador em todo País, superior ao total registrado em 2012.

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Em comparação às eleições de 2016, o aumento chega a 12,5%. Esses números, no entanto, podem ser ainda maiores, segundo especialistas, porque há casos de policiais ou militares que se autodeclaram apenas servidores públicos.

Autoridade

Para o cientista político Carlos Santiago, assim como os profissionais da saúde são referências nos locais de trabalho que atuam, os policiais e militares seguem essa tendência. “Quando você tem uma péssima Segurança Pública, você dá mais credibilidade política e social a esses profissionais. E quanto mais se agravam esses problemas, mais força eles têm”, explica.

Santiago compara a situação dos candidatos de Segurança Pública com os de saúde, para reforçar que a proximidade com a população os torna populares. “Em momento de insegurança como em 2018, diversos policiais e delegados foram eleitos por trazerem a bandeira de propostas de segurança. Dessa forma, eles representaram ‘heróis’ para sociedade, não só pela qualidade do trabalho e disposição de atendimento, mas pela atenção que dão para a população”, finaliza.

Bolsonaro

Para o G1, o professor de ciência política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Adriano Codato, também avaliou que o crescimento de candidaturas de militares costuma estar associada a crises na área da segurança, quando o tema ganha muita visibilidade e acaba estimulando a participação de agentes da segurança nas eleições. O aumento neste ano, no entanto, pode estar associado à eleição de Bolsonaro.

“A presença de forças repressivas do Estado nas campanhas eleitorais em geral traz mais radicalização para o discurso político, mas também, em termos gerais, é uma pregação aos radicais já convertidos ao radicalismo. O que um estudo recente aqui da UFPR mostra é que a atuação parlamentar dos policiais militares nas Assembleias Legislativas mostra baixa iniciativa e baixa capacidade de aprovação de temas ligados à segurança”, observa Codato.

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