Cantora Anitta se reúne com indígenas em cerimônia tradicional do Kuarup, no Xingu
Por: Mari Furtado
17 de agosto de 2025
MANAUS (AM) – A cantora Anitta esteve, na manhã desse sábado, 16, no Território Indígena do Xingu, na comunidade indígena Ipatse, no Mato Grosso, onde participou do ritual do Kuarup, cerimônia fúnebre realizada para celebrar a memória dos mortos. Ela foi acompanhada pelo apresentador Luciano Huck, que grava um especial para televisão, e ambos foram recebidos pelo povo Kuikuro.
Além da passagem pelo Xingu, os artistas devem visitar a Terra Indígena Capoto-Jarina, também em Mato Grosso, nesse domingo, 17. No local, está previsto um encontro com o cacique Raoni, liderança reconhecida nacional e internacionalmente pela defesa da Amazônia.

Essa não é a primeira vez que a cantora demonstra interesse pelas pautas indígenas. Em abril deste ano, Anitta integrou a campanha “Brasil Indígena, Terra Demarcada”, organizada pelo coletivo Mídia Indígena, para ampliar a visibilidade das lutas indígenas em nível nacional. A iniciativa reuniu diferentes apoiadores e buscou chamar atenção para a demarcação de terras e direitos das comunidades originárias.
O ritual Kuarup
De acordo com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o Kuarup ocorre sempre um ano após a morte dos parentes indígenas, com troncos de madeira representando cada homenageado. Eles são colocados no centro do pátio da aldeia, ornamentados, como ponto principal de todo o ritual. Em torno deles, a família faz uma homenagem aos mortos, passando a noite toda acordados, chorando e rezando pelos seus familiares que se foram.
O rito de passagem das meninas que iniciam a vida adulta também faz parte do ritual. Antes do Kuarup, elas ficam reclusas em casa por um ano, período de reflexão que encerra a puberdade.
No segundo dia, começa a luta chamada Huka Huka. Os guerreiros, anfitriões do ritual, junto com os convidados, passam a noite anterior em claro, se preparando, se arranhando com dente de um peixe da espécie “cachorro”, passando ervas em toda pele, e pintando seus corpos e cabelo com jenipapo e urucum. Tudo isso com um objetivo: enfrentar seus adversários e, assim, ganhar a luta.
Durante o Huka Huka, os guerreiros jovens se enfrentam. O objetivo é tocar a coxa do adversário ou derrubá-lo segurando a sua perna. Quem conseguir isso primeiro ganha. Ao final da luta, os ornamentos colocados nos troncos são retirados e entregues às famílias dos mortos homenageados. Em seguida, os troncos são atirados na Lagoa Ipavu, para que a alma deles seja liberta.